CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
O Bispo Negro - Capítulo VI
Dous dias depois o legado do papa chegava a Coimbra: mas o bom do cardeal tremia em cima da sua nedia mula, como se maleitas o houveram tomado. As palavras do infante tinham sido ouvidas por muitos, e alguem as havia repetido ao legado.
Todavia, apenas passou a porta da cidade, revestindo-se de animo, encaminhou-se direito ao alcacer real.
O principe saíu a recebe-lo acompanhado de senhores e cavalleiros. Com modos cortezes guiou-o á sala de seu conselho, e ahi se passou o que ora ouvireis contar.
O infante estava assentado em uma cadeira de espaldas: diante delle o legado em um assento raso, posto em cima de um estrado mais elevado: os senhores e cavalleiros cercavam o filho do conde Henrique.
"Dom cardeal, — começou o principe — que viestes vós fazer a minha terra? Posto que de Roma só mal me tenha vindo, creio me trazeis agora algum ouro, que de seus grandes haveres me manda o senhor papa para estas hostes que faço, e com que guerreio noite e dia os infiéis da frontaria. Se isto trazeis, acceitar-vo-lo-hei: depois, desembaraçadamente podeis seguir vossa viagem."
No animo do legado a colera sobrepujou o temor, quando ouviu as palavras do principe, que eram de amargo escarneo.
"Não a trazer-vos riquezas, — atalhou elle — mas a ensinar-vos a fé vim eu; que della parece vos esquecestes, tractando violentamente o bispo D. Bernardo, e pondo em seu logar um bispo sagrado com vossas manoplas, victoriado só por vós com palavras blasphemas e maldictas..."
"Calae-vos, dom cardeal, — gritou Affonso Henriques — que mentís pela gorja! Ensinar-me a fé?! Tão bem em Portugal como em Roma sabemos que Christo nasceu da Virgem; tão certo como vós outros romãos cremos na sancta Trindade. Se a outra cousa vindes, ámanhan vos ouvirei: hoje podeis-vos ir."
E ergueu-se: os olhos chammejavam-lhe de furor. Toda a ousadia do legado desappareceu como fumo, e, sem atinar com resposta, saíu do alcacer.
*Conto Popular Português de Autor Desconhecido, compilado por Alexandre Herculano
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 715 leituras
other contents of AlexandreHerculano
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Conto | A Abóbada - Capítulo IV: Um Rei Cavalleiro | 0 | 557 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | A Abóbada - Capítulo V: O Voto Fatal | 0 | 2.850 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Bobo - Capítulo I: Introdução | 0 | 419 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Alcaide de Santarém - Capítulo I | 0 | 422 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Alcaide de Santarém - Capítulo II | 0 | 317 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Alcaide de Santarém - Capítulo III | 0 | 351 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Alcaide de Santarém - Capítulo IV | 0 | 299 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | Arras por Foro de Espanha - Capítulo I: A arraia-miúda | 0 | 713 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | Arras por Foro de Espanha - Capítulo II: O beguino | 0 | 330 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | Arras por Foro de Espanha - Capítulo III: Um bulhão e uma agulha de alfaiate | 0 | 419 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | Arras por Foro de Espanha - Capítulo IV: Mil dobras pé-terra e trezentas barbudas | 0 | 348 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | Arras por Foro de Espanha - Capítulo V: Mestre bartolomeu chambão | 0 | 346 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | Arras por Foro de Espanha - Capítulo VI: Uma barregã rainha | 0 | 382 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Parocho da Aldeia - Capítulo III: Uma Escorregadela | 0 | 549 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Parocho da Aldeia - Capítulo IV: Alhos e Bugalhos | 0 | 610 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Parocho da Aldeia - Capítulo V: Excurso Patriotico | 0 | 618 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Parocho da Aldeia - Capítulo VI: Bartholomeu da Ventosa | 0 | 473 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Parocho da Aldeia - Capítulo VII: Tantaene Animis? | 0 | 558 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | O Parocho da Aldeia - Capítulo VIII: Gloria ao Padre Prior | 0 | 433 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | De Jersey a Granville | 0 | 395 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | A Morte do Lidador - Capítulo I | 0 | 561 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | A Morte do Lidador - Capítulo II | 0 | 703 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | A Morte do Lidador - Capítulo III | 0 | 602 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | A Morte do Lidador - Capítulo IV | 0 | 686 | 11/19/2010 - 15:52 | Português | |
Poesia Consagrada/Conto | A Morte do Lidador - Capítulo V | 0 | 602 | 11/19/2010 - 15:52 | Português |
Add comment