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O Bispo Negro - Capítulo VII

O gallo tinha cantado tres vezes: pelo arrebol da manhan o cardeal partia aforradamente de Coimbra, cujos habitantes dormiam ainda repousadamente.

O principe foi um dos que despertaram mais tarde. Os sinos harmoniosos da sé costumavam acorda-lo tocando ás ave-marias: mas naquelle dia ficaram mudos; e quando elle se ergueu havia mais de uma hora que o sol subia para o alto dos ceus da banda do oriente.

"Misericordia! misericordia!" — gritavam devotamente homens e mulheres á porta do alcacer, com alarido infernal. O principe ouviu aquelle ruido.

"Que vozes são estas que soam?" — perguntou elle a um pagem.

O pagem respondeu-lhe chorando:

"Senhor, o cardeal excommungou esta noite a cidade, e partiu: as igrejas estão fechadas; os sinos já não ha quem os toque; os clerigos fecham-se em suas pousadas. A maldicção do sancto padre de Roma cahiu sobre nossas cabeças."

Outra vez soou á porta do alcacer: — Misericordia! Misericordia!"

"Que enfreiem e selem um cavallo de batalha. Pagem, que enfreiem e selem o meu melhor corredor!"

Isto dizia o principe, encaminhando-se para a sala d'armas. Ahi envergou á pressa um saio de malha, e pegou em um montante, que apenas dous portuguezes dos de hoje valeriam a alevantar do chão. O pagem tinha saído, e d'alli a pouco o melhor cavallo de batalha que havia em Coimbra tropeava e rinchava á porta do alcacer.

*Conto Popular Português de Autor Desconhecido, compilado por Alexandre Herculano

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sábado, abril 11, 2009 - 19:34

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AlexandreHerculano

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