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QUADRAS I
1
« Deus de Amor (a Amor eu disse)
Sou feliz, venci meu fado,
Quebrei de antigas tristezas
O jugo a que estive atado;
«Achei piedade em Felisa,
Entre as mais bellas tão bella,
Que nem tua mãe possue
Olhos como os olhos d'ella.
«Aquelles astros benignos
Com que influes teu poder
Me deram cândidas mostras
De ternura, e de prazer.
«Tenro deus, (eu proseguia)
Tenro deus, sou venturoso...»
Eis me interrompe o menino
Em tom suave, e piedoso:
—« Meu fiel, submisso escravo,
Triste exemplo dos amantes,
Não folgues, não te hallucines,
E's infeliz como d'antes.
«Tenho em vão lidado, Elmano,
Por melhorar teu destino:
Um poder mais formidavel
Destróe meu poder divino.
«Irrevogavel sentença
E' a sentença do Fado:
Eu desejo-te ditoso,
Elle te quer desgraçado.
«Ah servo meu! Vê, repára
Se de ti doído estou:
Teu grilhão romper quizera
Com esta mão, que o forjou;
Mas, infeliz, eu não posso
Desatar teu coração:
O jus de remir amantes
E' do tempo e da razão.
«Sabe que vens illudido,
Felisa não te acarinha;
A compaixão, que notaste,
Não era d'ella, era minha.
«Eu, quando louco de amores
A seus pés foste gemer,
Jazia em seus lindos olhos
Sem a tyranna o saber.
«Commigo ali se abraçava
A afagadora esperança,
Mas no coração da ingrata
Velava a fera esquivança.
«Por mais que instantes de gosto,
Ou de descuido lhe espreito,
E' baldada a vigilancia,
Não posso invadir-lhe o peito.
«Se de novo contemplares
Seus olhos, que n'alma tens,
D'onde afagos mil brotáram
Verás brotar mil desdéns.
«Abate o vão pensamento
A tanta gloria exaltado,
E sejam teu desafôgo
Imprecações contra o Fado.»
Aqui soluço ancioso
A doce voz lhe enleou,
E as rosas das tenras faces
Miudo pranto aljofrou.
Eu desconsolado, eu mudo
Quanto d'antes ledo, ufano,
Offrendas, que a Amor levava,
Fui levar ao Desengano.
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