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A VIRTUDE LAUREADA - VII

DRAMA PARA MUSICA, EM UM SÓ ACTO

CENA ULTIMA

Os ditos e a Policia, que, ouvindo as ultimas palavras,
sáe de repente

POLICIA

Foi sempre este logar franco á virtude,
Entrae. 1

HOSPITALIDADE

Longe de vós um vão receio.

POLICIA

Cumprí vosso dever, tecei contentes
De Luceno o louvor. Materia summa
1 Entram as duas.
As virtudes vos dão, que resplandecem
Em brilhantes estatuas magestosas
N'este brilhante, magestoso alcaçar.
Aquella, que risonha os olhos firma,
Como que rosto supplice attentando,
E' a Benevolencia, e diz no afago,
Que alguns, havendo a honra em mais que os lucros,
Ante duro ministro enfrêam preces,
E só do compassivo, e só do affavel
A presença demandam, que os conforte,
Que ao rogo n'um sorriso o effeito augure,
E não de altiva injuria avilte o rogo.
Esta é o Exemplo, est'outra é a Inteireza;
Alli Fidelidade o jaspe anima;
Desinteresse além reluz, e avulta;
Mais perto voluntaria Obediencia
Curva o docil joelho: eis as Virtudes,
Que formam, bom Luceno, o teu caracter,
Todas egregias, necessarias todas.

SCIENCIA

Verdade, e Gratidão nos labios nossos,
Approvam quanto sôa em honra d'elle.

INDIGENCIA

Oh reinante feliz com taes vassallos !

POLICIA

Folga, Sciencia, e tu, Penuria, folga,
Dado me é recrear-vos, ser-vos guia
Ao Principe immortal, de quem reflectem
Raios de luz para o ministro excelso,
Que o seu mór premio tem na régia gloria.
Curvae-vos, e admirae o heróe sublime,
Que Lysia adora, e que adorára o mundo,
Se o mundo todo merecesse olhal-o. 1
1 Abre-se o fundo do theatro, apparece o retrato do Principe
Regente com o Magistrado a seus pés, offereeendo-lhe os
votos mais puros da nação.
Vêde a seus pés o magistrado insigne,
Que n'elle se revê, que a bem da patria
A grandeza real submisso implora !

HOSPITALIDADE

Quanto a Virtude altêa a dignidade !

SCIENCIA

Oh jubilo ! Oh ventura !

INDIGENCIA

Eu pasmo, eu trenao !

GENIO

Heróe, sacro aos mortaes, acceito aos numes,
Olympico fulgor compõe teus dias ;
Os céos na minha voz mil dons te abonam,
Com meus olhos teu povo os céos vigiam ;
O commercio por ti de fé se nutre;
As artes, a virtude, as leis triumpham;
No solio, no poder tens base eterna:
Tua alma sobresáe aos teus destinos;
E de teu puro arbitrio esse orgão puro,
E' digna escolha tua, aos astros vôa
No rasto de ouro, com que o pólo esmaltas.
Subditos de João, rendei mil cultos
Ao gran regente, ao inclyto caracter,
Que n'elle divinisa a especie humana:
A voz da gratidão se alongue em viras,
E cordeal ternura os labios honre.

CÔRO

Oh luso heróe ! Baixaste
Da estancia divinal !
Tu és um deus visivel,
Oh Principe immortal !

1 Dirigiudo-se para o retrato do Principe Regente.

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domingo, outubro 25, 2009 - 16:58

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Bocage

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