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Memorial da espera

Chegou a chuva com seus dedos de água
tamborilando a face dos cristais
e escreveu os teus signos nas janelas.
E veio um árduo frio pelas estradas
onde andam em geral os desamores,
meteu-se pelo viés dos meus umbrais
e me disse o teu nome por enigmas.

Eu me apressei em enfeitar a vida
com as coisas que luzem as esperas:
enchi vasos com versos e impudores
e no teto preguei clarões de lua.
Para que não te aflijas com meus lutos
guardei meus mortos em caladas lápides,
para que não te doam meus pesares
no jardim enterrei os infortúnios.
Para os teus lábios de promessa e beijo
minha boca sequiosa, envenenada,
engendrou na inquietude das demoras
um memorial de infernos e poemas.
 

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quinta-feira, maio 5, 2011 - 21:34

Ministério da Poesia :

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Tania Alegria

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