CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Ninguém me distingue de quem sou eu ...

Ninguém me distingue de quem sou
Eu, tão cheio de lunares cansaços, mortos
Mundos podem causar-me nos olhos cegueira,
Tanto como mudas causas, tal como pregões falsos,

Meus olhos tão normais quanto outros
Que dentro deles vêm, um universo único,
Igual aos demais que vemos na rua
E não reparamos, tão iguais somos

Todos, pousamos os olhos nos que vemos,
E não tememos, apaixono-me p’los que vejo,
Penso neles, pousos de veludo, mundos paralelos
Tão nítidos quanto dos olhos, as planícies,

Os canais em Marte daqui perto, em Saturno,
Não me contento com a visão de outros mundos,
Páginas em branco, memória não registada,
Nem nascida nem gerada, assim eu sou,

Como o Sol que não nasceu pra ser Lua,
Eu não nasci pra ser amado, sou o
Mistério, a singularidade nua e crua,
Aguardo plo armistício, armado

De unhas, “puas”, pedras e machados,
Sou a encarnação da sombra, presságio
De vidente, antes de ser gerado o tempo
Consagrado aos comuns sentidos dos

Outros, a terceira tarefa do Omnipotente
Foi a minha vontade prússica, semelhante
Ao Cianeto de ópio, sem fé no próximo,
Nem no próprio, anacoreta da desgraça

lactente. Eu não nasci, fui gerado a cru,
Ninguém me distingue, salvo outro invisual auditivo
Perante a sua figura em papel desdenho.
Eu desdenho-me, e estes dedos e estes ossos,

Obedientes ao esforço bruto,
Mais soberanos que eu próprio, o infame
De corpo mal tatuado, imundo,
Incapaz de sentir paz ou emoção,

E eu me desdenho ao ponto esquivar viver
E isso exprime o que sou, um ponto,
Uma ínfima fracção do todo, uma inflamação,
Um conto mudo, um desenho,

Uma forma de ornamento ao corpo,
Consubstanciado a branco e preto,
Vulgar em tudo até no fôlego,
O meu ultimo refúgio,

É viver na inveja de
Não ser eu, um indistinto outro,
Distinto de quem, suposto eu sou,
Severamente eu e só,

Ninguém me distingue de quem sou.

http://joel-matos.blogspot.com
Joel Matos (Março 2020)

Submited by

quarta-feira, abril 15, 2020 - 12:15

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 6 semanas 2 dias
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Joel

Eu não nasci, fui gerado a

Eu não nasci, fui gerado a cru,
Ninguém me distingue, salvo outro invisual auditivo
Perante a sua figura em papel desdenho.
Eu desdenho-me, e estes dedos e estes ossos,

Obedientes ao esforço bruto,

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Aforismo andorinhão 0 4.229 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo sentir mais 0 2.686 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo palabras 0 5.355 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo A matilha 0 4.611 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo ao fim e ao cabo 0 1.955 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo o bosque encoberto 0 3.170 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo nem teu rubor quero 0 3.610 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo em nome d'Ele 0 4.488 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Troia 0 5.108 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo desabafo 0 3.829 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Inquilino 0 3.499 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Pietra 0 4.449 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo não cesso 0 3.935 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Dedicado professas 0 3.450 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo amor sen'destino 0 3.851 11/19/2010 - 19:13 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Balada para um turco 0 3.123 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Francisca 0 4.372 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Aforismo tudo e nada 0 3.518 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Priscilla 0 3.083 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Asa calada 0 5.001 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Aforismo flores d'cardeais 0 3.555 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Magdalena 0 4.333 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Aforismo peito Abeto 0 3.584 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Aforismo rapaz da tesoura 0 2.690 11/19/2010 - 19:16 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Koras 0 5.243 11/19/2010 - 19:16 Português