CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

ÚLTIMO FÔLEGO DO INVERNO NA LAREIRA DA POESIA

A rua passa aos pés
de uma janela aberta às costas da quimera.

Leva o passeio como alforge desdito.
A boca parte como cântaro de silêncios.
Os olhos vão sem rito pelo ar cego das curvas das horas.

A lua em derrocada
sobre a sua própria barriga inchada de marés
que se alimentam de esquinas nas tetas das rochas.

Línguas como tochas jorram lume
numa caverna de insónias em desnorte.
A morte como noiva de um casulo de lágrimas. 

A alma alquebrada
por detrás de uma fria cortina.
Amotinada num remoinho de mãos
que esbofeteiam os lábios de um papel em branco.

Palavras como teia
tecida de ramos anedotizados,
Amputados por trovões de solidão
de uma árvore derrotada por uma pena sem tinta.

Gotas de amor aos pares separados
como morcegos que bailam descalços
nos candeeiros debruçados ao diz-que-diz-que.

A fricção do beijo como mortalha de atrito
que embrulha a saliva dos amantes ao som do Outono.

De voz vendada onde as folhas caem
sem nervo pelo amarelo findo do tempo,
vai o serão insosso como espantalho sem osso.
Empalhado de agulhas numa ceara de aparências.

O céu esconde as estrelas
como se fossem rugas na sua cara.
Desmembrada pela sementeira da tempestade.

A noite acena com nuvens ébrias de chuva.
O inverno entra em cena no parapeito do corpo.
Como último fôlego do Inverno na lareira da poesia.

 

 

Submited by

segunda-feira, outubro 24, 2011 - 23:52

Poesia :

Your rating: None (4 votes)

Henrique

imagem de Henrique
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 9 anos 5 semanas
Membro desde: 03/07/2008
Conteúdos:
Pontos: 34815

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Henrique

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Aforismo BEM VISTO 0 2.962 01/15/2015 - 14:36 Português
Poesia/Pensamentos DESTRUIÇÃO 0 657 01/13/2015 - 20:56 Português
Poesia/Pensamentos CALMA 0 1.721 01/13/2015 - 13:13 Português
Poesia/Pensamentos QUE VIDA ME MATA DE TANTO VIVER 0 891 01/12/2015 - 20:18 Português
Poesia/Aforismo SEM AUSÊNCIA 0 1.431 01/12/2015 - 17:03 Português
Poesia/Aforismo Pior do que morrer, é não ressuscitar... 0 2.451 01/11/2015 - 22:04 Português
Poesia/Pensamentos CHOCALHO DE SAUDADE 0 1.076 01/11/2015 - 16:30 Português
Poesia/Pensamentos GRITO QUE AS MÃOS ACENAM NO ADEUS 0 1.197 01/10/2015 - 23:07 Português
Poesia/Pensamentos SOVA DE ALGURES 0 1.043 01/10/2015 - 19:55 Português
Poesia/Pensamentos SORRATEIRAMENTE 0 1.409 01/09/2015 - 19:33 Português
Poesia/Pensamentos SILÊNCIO TOTAL 0 1.541 01/08/2015 - 20:00 Português
Prosas/Terror FUMAR É... 1 5.275 06/17/2014 - 03:23 Português
Poesia/Amor COMPLETAMENTE … 1 1.815 11/27/2013 - 22:44 Português
Videos/Música The Cars-Drive 1 1.838 11/25/2013 - 10:52 Português
Poesia/Paixão REVÉRBEROS SÓIS … 1 1.741 08/15/2013 - 15:23 Português
Poesia/Meditação AS ENTRANHAS DO SILÊNCIO … 0 1.334 07/15/2013 - 19:37 Português
Poesia/Meditação TIQUETAQUEAR … 0 1.931 07/04/2013 - 21:01 Português
Poesia/Tristeza AMOR CUJO CARVÃO SE INCENDEIA DE GELO … 0 1.704 07/02/2013 - 19:15 Português
Poesia/Tristeza ONDE A NOITE SEMEIA DESERTOS DE ESCURIDÃO … 0 1.476 06/28/2013 - 19:58 Português
Poesia/Meditação ESCOLHO VIVER … 1 2.040 06/26/2013 - 08:42 Português
Fotos/Artes Se podia ser mortal? 0 3.797 06/24/2013 - 20:15 Português
Fotos/Artes Um beijo com amor dado ... 0 2.320 06/24/2013 - 20:14 Português
Poesia/Meditação AZEDAS TETAS DA REALIDADE … 0 1.068 06/22/2013 - 19:36 Português
Poesia/Meditação FAÍSCAS NA ESCURIDÃO … 0 1.230 06/18/2013 - 21:52 Português
Poesia/Meditação QUANTO BASTE … 0 773 06/10/2013 - 20:23 Português