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“Venérea Lusitana”
Aos grandes e aos senhores conturbados
Que do País fizeram a lama
Quantos tempos foram sacrificados
Com ajuda de mão insana
Ajudaste-lhes vós, de umbigos emproados
Como traidores de bandeira ao buxo
Em lágrimas de gatunos e drogados
Para louvar a caravana do luxo
As saudades são do Homem
Que governou a Nação
De abonos que os pobres comem
Mas sem aumento do leite e do pão
Grande venera Lusitana
Onde o Homem expulsou a guerra
Muitos, morreram na cama
Mas nenhum, fome de terra
Muitos morreram cansados
Das injustiças tudo se esperava
Dos honestos e dos povos aldrabados
Só o suor, em sangue se transformava
Quem nos livra agora dos sacanas
Que sugam o sangue reformado
O aço jovem, com vozes humanas
Por esmolas de restos sobrados
O sangue do esforço derramado
Na procura de melhor condição
Por um gesto de voto melhorado
Cinto apertado até ao pulmão
O Zé dormiu e não acordou
O branco que abraçou tanta gente
Como orla, há Europa se abraçou
Viu-se o País derrepente
O Império não se desfez
Caminhou em vendaval
Pisou terra, chamou-se Português
Mas não cumpriu Portugal.
***
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