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ABAIXO DE ZERO

Alguns graus abaixo de zero
Sou um esquimó sem iglu
Eu saio, mas não porque quero
Com roupa eu me sinto nu
Vesti tudo que tem de pano
Mesmo assim ando com frio
Pois onde sopra o minuano
Até pedra sente arrepio

Para o banho é uma tristeza
Aquecer a água eu espero
Dizem que a vida é uma beleza
Morrer de frio também não quero
A orientação é desligar
Poupar água hoje carece
Mas se fizer vou congelar
A água quente é que me aquece

É o pobre carregando a cruz
Peso no ombro e muita dor
Para poder pagar a luz
Não ligo o aquecedor
Vai bem longe essa novela
Hora de enfrentar o relento
Uns dizem que a vida é bela
Eu digo que é sofrimento

Por fim termina o expediente
Sala fria como sepulcro
Ao menos não estou doente
Atualmente esse é o meu lucro
Aguardo o ônibus na esquina
Mas o azar sabe quem sou
Passa em minha frente e buzina
-O coletivo já passou

Pés e mãos são pedras de gelo
O resto do corpo também
Pelo calor faço um apelo
Mas ele não ouve ninguém
Faz frio demais por esses pagos
Tem cobra até criando pêlo
Descobri que tem dois diabos
Um do fogo, outro do gelo

A nenhum dos dois eu odeio
No inverno com fogo me aqueço
Prefiro o caminho do meio
No verão o gelo apeteço
Hora de voltar para casa
Não é mansão nem é favela
Fazer a lenha virar brasa
-Não é pra mim que a vida é bela.

Sérgio da Silva Teixeira
BAGÉ/RS/BRASIL.

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quinta-feira, julho 29, 2021 - 20:24

Poesia :

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Sérgio Teixeira

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