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ADAGAS, FANTASMAS E SILÊNCIO
De face agredida
pelas preferências que não quis escolher,
inocento-me do juízo engrossado de poder ser-me maciço.
Alheio a mas e ses, parto-me
para chegar inteiro a parte incerta, desconhecido.
Conhecido por mim em ruptura comigo, destemido.
O ele da minha segunda cara,
atrapalha-se ver-se em mim ao espelho
que me devolve em bofetada a insónia da aurora.
Em hora de reflexo quebrado,
escondido num mapa de debates mudos.
Mudados para onde vou embora
das suas maquilhagens em brado.
Das mensagens
andadas à roda na tômbola do passado,
o tempo bate o pé ao queixo do rio alucinado na alma.
Trajectória que me alaga
de luares sem remos para remar
por entre a gula dos ramos das árvores
que murmuram o Outono nos meus olhos.
Adaga ensanguentada de nada.
Promessa prometida à pressa
que em mim nada em socorro.
Não sou normal, anseio
os enganos onde me trago inquieto,
breu que trago sem sede obsoleta na consciência.
Estrago o tarde
demorado num lugar acreditado,
desmoronado na rede do erro que me pesca.
Não sou simples,
resigno-me pedra desgovernada
monte abaixo pelas várzeas da vida.
Rebolar utópico,
triângulo em desespero,
sozinho sem tempero, sem mesa posta.
Assim
como os ventos se desentendem
nas esquinas crespas do mar, em aresta
me faço zunzum insatisfeito, de lua doída ao peito.
De sonho desfeito,
forasteiro do meu estado nos pilares do pensar.
Na palavra,
terão sepultura os fantasmas
que o esqueleto do meu silêncio não veste.
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