admirai!

Admirai a vida,
ó margarida,
estática, deslumbrante,
adormecida,
e ainda que te plante,
e ainda que te arranque,
tua majestade não perderia,
nem tristeza haveria.
Admirai o orvalho,
que toca o solo,
que a pétala molha,
e acolhe no colo,
prostrada de joelhos,
admirai a vida,
ao derredor do jardim,
olhai a terra remexida,
Lá esta! Que belo jasmim!

Lá estão também as Rosas,
o Crisântemo emudecido,
ah, quão maravilhosa
a fragrância do lírio!
Com sua pétalas sedosas,
admirai o Sol,
ó Margarida,
que cobre tudo como um lençol,
admirai o vento,
que desfolha o girassol,
admirai todos os insetos,
a abelha, o besouro, o Caracol.

Admirai todo o tempo,
admirai a minhoca,
que aduba a terra,
sem nunca sair da toca.
admirai ó margarida,
admirai o jardim,
admirai a vida,
que é breve,
admirai tudo até o fim.