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Amanheceres
Estás ali...
A razão do momento etéreo são os vagos intervalos de vazios onde me esqueço das tuas formas.
Assim descanso!
Adormeço num choro abafado…Meus olhos jamais enxutos, teus olhos jamais enxutos são clepsidras paradas alheias ao tempo em que fomos felizes.
O quarto…claustro de sentir em silêncio as saudades dos teus modos gentis…
Porque não voltas esta madrugada para dançar a morte da noite…
Tudo cheira á tua partida, as roupas no chão e um armário cheio de mortos para estrear novas memórias de ti…
O vinil empenado roda uma doentia melopeia de cabaret, a realidade é subversiva…tanto que…
Entras…voamos de mãos dadas pelas ruínas de um sonho nuclear…
Há destroços do que fomos espalhados pelo chão…não me quero esquecer de ti…nunca!
Toco às campainhas de todos os prédios do mundo…hei-de encontrar-te, peito das noites do meu aconchego…mulher, amante, mãe…
Amanheceu…rebusco nos túmulos da memória teu corpo vivo.
Acordo e agora o nosso amor é melódico, os teus braços sobre mim…
A noite é uma mentira que nunca existiu, respiramos o Outono e agora o alinhamento mudou…
Cheira a café quente abres a janela e contemplamos o silêncio de um cigarro…
Encontro o mundo dentro do cesto da roupa suja.
O barulho voltou… a rua, os carros, as prostitutas a voltarem da noite, os putos a irem para escola, o pão fresco na padaria da esquina, a chuva e o homem das castanhas…
Está frio…parte do amor é sempre rotina!
Reinventamos todos os dias razões para ficar….
Sonhamos todas as noites com um terror que não queremos.
Acordamos todas as manhãs porque não queremos partir.
É desta forma que somos eternos…
É só…deixar respirar!
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Comentários
Re: Amanheceres
LINDO POEMA, GOSTEI MUITO!
Meus parabéns,
Marne
Re: Amanheceres
Beleza de poema.
Gostei.
Um abraço,
REF
Re: Amanheceres
Que texto lindo. Amei.