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Ana e a Bala Perdida

Perdida,
a bala te fez mãe desvairada
que uiva de dor
nas esquinas desse tempo
que não devia.
A preta mão pequena,
pouca é, para conter a vida que foge
enquanto fundamentalistas babam por vingança
e acadêmicos suspiram por compreensão.
O pouco vermelho sangue
já não pode suster teus sonhos inúteis
de que, depois, outro Rio haveria.
Caído, o corpo pobre
berra em silêncio
o fracasso que somos.
Os muros que erguemos
não protegeram
a menina que ousou existir.
Para ANA CLARA, cinco anos, vitima de "Bala Perdida" em Belfort Roxo, Baixada Fluminense.
Letré, l´art et la Culture, Rio de Janeiro, verão de 2015.
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