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Angústia

Nasci
num dia nebuloso e frio. De neve.
E, com o meu nascimento, todas as coisas más
nasceram.

Não culpo Deus nem ninguém.
Eu sou a própria causa do mal
e da totalidade das coisas más,
também!

Ninguém se aproxime de mim
que fica contaminado.
Na noite de inverno em que fui parido
porventura se fecharam as portas do Céu,
se o havia,
e abriu-se com estrondo e medo e raiva e dor
a residência do Diabo.

Nenhuma estrela permanecia no Céu
nesta noite negra, cerrada.
Assim hei-de morrer num dia sem Luz
suicidado pelo tédio
que me legou o Nada.

Perdoem-me
Se ao Mundo legarei apenas
dor e tédio.
Queimem-me, já sem préstimo, as ossadas.
Nem uma amostra de mim
exista depois da minha morte.
Tudo desapareça com as minhas cinzas
queimadas.

Nenhuma estrela permaneça no Céu
na noite em que eu morrer
também.
Nem a noite permaneça sequer.
Morra a soma de todo o Universo.
Deixe de nascer o filho que é gerado
no ventre da Mãe.


Reduza-se tudo a pó.
O presente. A história, o passado.
Não haja futuro também.
Morra tudo comigo. Apague-se tudo de vez
que para bem do Universo
só lego o Nada a ninguém.

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quinta-feira, março 24, 2011 - 11:19

Poesia :

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AlvaroGiesta

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Comentários

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Angústia

Um belo Poema, porém triste e egoístico, visto existir pessoas que gostam de viver,

acham a vida bela como eu, e que gostariam de ter de seus antecessores, comentários e

mensagens de amor e esperança!

Desculpe-me Poeta, mas eu gosto de viver, de poetar de ver o sol e as estrelas nascerem!

Momentos tristes existem, mas passam, como tudo na vida...

Um abraço,

MarneDulinski

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