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ASAS

 

Asas


A chave do silêncio
encoberta
a alma posta
o sol nascente
na cabeça
as mãos abertas
livres
os pés soltos
sem chão
sem peso
o sangue correndo
por todo o corpo
turva a mente
a palavra fracionando
o silêncio
o mapa
a asa pronta
a ponta da língua
no ponto
a lua do outro
lado
a noite
morcegos e medos
vivência diária
dos olhos
o pouso do solo
a fertilização da fala
o homem dividido
Babel
o ser invisível
a poesia livre
presa num poema
num papel
a face
a mesma
sempre
olhos acessos
sem ver
à frente
a consciência
embriagada
pela forma
norma e norma
marcha soldado
cabeça de papel
se não marchar
direito
esquerda
volver
a criança
pronta
embalada
para viver
regras
dadas
mostram os dentes
fala lenta
de aprendizado
toda cultura é imposta
um homem
forjado
até os dentes
pente no cabelo
disfarces e disfarces
faces ocultas
cultos
curtos pensamentos
viver é alongar
a hora
da morte
certa
suiçamente
o riso
preso
não mostra
os dentes
sexo e sexo
fecundação do ego
o vôo permanece
pronto
potencialmente
inerte
impedimento dos pés
presos nos mapas
nas fronteiras
nos quartéis
o anjo não aparece
para quem não acredita
não
existe vida
além desta praia
sempre assim
para quem tem os pés
no chão:
o céu
apenas estar na cabeça
o céu está na cabeça
na cabeça o céu
é sempre estar
o céu aberto
a toda crença
o céu rompendo
limites
o inferno é o limite
do homem
os ossos
fincam a mente
no chão.

Liberdade
é uma desconstrução
 

Hideraldo Montenegro

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domingo, julho 10, 2011 - 15:41

Poesia :

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