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Caminhar pela vida, correr do cigarro (Parte 2/4): Ensaio - O Tabaco e as Corridas

Tabaco e Corridas: Parte 2

Quando se caminha, em geral, a pessoa por mais dependente que seja do cigarro não costuma fumar, isto ajuda a pessoa a permanecer durante o tempo da caminhada ou da corrida, em abstinência.

E, isto é diferente de respirar aquela fumaça horrenda do cigarro com 4740 substâncias nocivas, ao respirar o ar puro, de forma ritmada, o indivíduo elimina mais rápido o monóxido de carbono, aumenta os níveis de oxigênio na circulação e acima de tudo, sorve o aroma da vida gentilmente disponibilizado pela natureza.

Se perguntarmos às pessoas que praticam exercícios o que de imediato sentem, a primeira coisa que irão nos dizer é que isto aumenta a qualidade de vida, faz com que se sintam melhor, mais dispostas para enfrentar o cotidiano e mais felizes.

É uma relação de causa e efeito que cria um moto contínuo, uma atração desejável. Quando você se exercita, libera endorfinas, e isso provoca um bem-estar semelhante ao da liberação de dopamina pelo nucleus accumbens, região localizada na área tegumentar ventral do cérebro.

A nicotina estimula tanto esta área que o indivíduo fumante vive em um estado constante de “embriaguez” por dopamina, quando os níveis da nicotina caem, este estímulo se reduz àquele nível, o que leva o indivíduo a sentir o “craving”, ou seja, uma fissura, um desejo quase incontrolável de fumar.

Então, o fumante vai acender um cigarro tornando-se escravo deste desejo para saciar o chamado por mais dopamina circulante e, assim sucessivamente, como um ritmo pendular, a cada 20-40 minutos quando cai o nível de nicotina, irá buscar um cigarro onde quer que ele esteja para aliviar a fissura.

É preciso esclarecer que o organismo de todas as pessoas, quer fumem ou não, já libera dopamina em doses adequadas (e não excessivas como no caso dos fumantes) às nossas necessidades, bem como libera as endorfinas que tanto desempenham um papel fundamental na sensação de alívio do estresse, da angústia, da tristeza quanto da euforia, alegria e felicidade.

Estas substâncias se relacionam assim com a sensação de prazer e bem estar.

Assim como o fumante traga um cigarro atrás do outro para aumentar os níveis destas substâncias, ele pode obter de uma forma progressiva – ressalve-se embora não de uma forma tão intensa e rápida quanto de uma tragada que leva a nicotina em apenas 9 segundos ao cérebro – através das caminhadas ou corridas regulares doses cada vez maiores das endorfinas e dopamina que irão restaurar o equilíbrio orgânico. Além diasso, dará força para enfrentar os sintomas da falta do cigarro, em especial nas primeiras duas semanas de abstinência.

O prazer proporcionado pelas caminhadas ou corridas é indescritível, basta ver as cenas dos nossos fundistas e maratonistas, a alegria contagiante, simplicidade e uma sensação de bem com a vida que estampam.

Claro, nem precisamos chegar a tal estágio de condicionamento olímpico, mas podemos tirar proveitosas lições das experiências de outras pessoas que largaram o cigarro e seguem literalmente correndo dele e abraçando a vida na longa estrada que tem pela frente.

Há casos de pessoas que consegue sublimar a dor ao correr, o nosso medalhista de ouro – Frank Caldeira nos últimos jogos pan-americanos para superar o seu oponente principal e, da fundista canadense que seguiu disputando a prova de corrida no pentatlo mesmo com a torção de tornozelo, são exemplos notáveis de como a prática de atividades esportivas, particularmente as corridas podem levar um indivíduo a superar dentre outros obstáculos tangíveis, a dor.

Nos casos acima relatados além do espírito de luta, a determinação e a persistência fizeram esses atletas excepcionais dar um exemplo de auto-superação.

E, decerto, muitas razões tinham para fazê-lo, todas movidas por uma grande auto-estima.

Mas e o organismo deles como reagiu a tamanha exigência? Simplesmente aumentou os níveis de endorfina para que eles pudessem, aliados ao supremo esforço físico que fizeram, alcançar o objetivo a que propuseram.

Retornando ao caso dos fumantes, um dos benefícios de caminhar ou correr de forma regular é o de superar os sintomas da síndrome de abstinência que ocorre de forma mais intensa nos primeiros dias em que a pessoa deixa de fumar e prossegue em geral durante 2-4 semanas, causada pela privação da nicotina no cérebro do indivíduo, que se acostumou a receber uma dieta regular desta substância psicoativa durante décadas de sua vida.

Os sintomas mais freqüentes da abstinência são irritabilidade, nervosismo, inquietação, alteração do sono, tanto insônia como sonolência, cefaléia, tonteira, dificuldade de concentração, sudorese fria.

A pessoa que tem a possibilidade apresentar esse quadro deve usar apoio medicamentoso durante um período estimado em três meses.

A dependência química produzida pelo cigarro tem três componentes básicos e indissociáveis, a saber:
• Físico: como ocorre com outras drogas, o organismo se acostuma a receber certa dose diária da substância psicoativa, no caso a nicotina, e quando a pessoa deixa de fumar, o corpo sente falta e precisa se adaptar a ausência dessa substância. Este período de adaptação é denominado Síndrome de Abstinência.

• Psicológico ou Emocional: O cigarro atua, muitas vezes, como uma muleta, como um amortecedor para emoções, sejam elas agradáveis ou não. Assim, o fumante usa o cigarro para lidar com estresse, angústia, tristeza, solidão, para relaxar e até mesmo para comemorar.

• Comportamental: todo fumante tem um ritual no uso de cigarros, associando o seu hábito de fumar com algumas atividades cotidianas; como fumar e tomar um cafezinho, fumar após as refeições, fumar antes de dormir, fumar e estudar etc.

A abordagem do tratamento do tabagismo visa enfocar esses três tipos de dependência:
- orientando o indivíduo a reformular suas crenças e mitos relacionados ao hábito;
- a que desenvolva estratégias e habilidades para lidar com seus sentimentos,
- promovendo mudanças no estilo de vida
- e medicando para evitar que sofra com os sintomas de abstinência, que mesmo sendo uma condição transitória, requer em muitos casos ajuda medicamentosa para tornar segura esta travessia para uma vida saudável.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito sobre a importância das corridas para apoiar os fumantes a deixarem o cigarro, em agosto de 2007.

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domingo, setembro 4, 2011 - 15:18
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