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Canta teu canto, sempre!
Canta!
Não mais que uma nota,
Cante de chapéu ou pires no chão
E depois conta,
algum real, dólar, cruzeiro ou barão.
Canta!
Não mais que uma vida,
Cante repente, cordel ou alguma canção
E depois conta,
a tua cruz nas linhas de tua mão
Canta
Não mais que uma nota,
Canta não tarda, palavra que não cala, razão
E depois conta,
a todos, tua história, na fração
Canta, cantador!
É abrir-se ao outro, ao coração transbordar
É sorrir, chorar, fertilizar o sertão
E depois lançar,
as sementes e colher a emoção.
Canta
Não mais que uma esperança, desejar
Canta pra alegrar, ninar
E depois acordar aquela criança
E clamar a todo mundo, paz e perseverança
Canta
Não mais que uma dança, festejar
Canta pra ver, ouvir, sentir e buscar mudança
E depois lançar
As bases de uma nova aliança
Canta,
Não mais que uma palavra,
Canta de lábios abertos, de corpo e alma,
E depois do pranto,
Vem a bonança e a calma.
Canta, cantador!
Não mais que um sentimento,
Canta de mente aberta, e eterniza o momento
E depois do canto,
Vem a chama e o fermento...
AjAraújo, o poeta exorta a gente a sorrir, a cantar, espantar os males, suportar as dores, enxugar o pranto e a viver o canto pleno da existência. Poema escrito em 1980.
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