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Cantiga quase de roda (Thiago de Mello)

Na roda do mundo
lá vai o menino.
O mundo é tão grande
e os homens tão sós.

De pena, o menino
começa a cantar.
(Cantigas afastam
as coisas escuras.)

Mãos dadas aos homens,
lá vai o menino,
na roda da vida
rodando e cantando.

A seu lado, há muitos
que cantam também:
cantigas de escárnio
e de maldizer.

Mas como ele sabe
que os homens, embora
se façam de fortes,
se façam de grandes,

no fundo carecem
de aurora e de infância
— então ele canta
cantigas de roda

e às vezes inventa
algumas — mas sempre
de amor ou
de amigo.

Cantigas que tornem
a vida mais doce
e mais brando o peso
das sombras que o tempo
derrama, derrama
na fronte dos homens.

Na roda do mundo
lá vai o menino,
rodando e cantando
seu canto de infância.

Pois sabe que os homens
embora se façam
de graves, de fortes,
no fundo carecem
de claras cantigas
— senão ficam ocos,
senão endoidecem.

E então ele segue
cantando de bosques,
de rosas e de anjos,
de anéis e cirandas,
de nuvens e pássaros,
de sanchas senhoras
cobertas de prata,
de barcas celestes
caídas no mar.

Na roda do mundo,
mãos dadas aos homens,
lá vai o menino
rodando e cantando
cantigas que façam
o mundo mais manso,
cantigas que façam
a vida mais doce,
cantigas que façam
os homens mais crianças

Thiago de Mello, In: Faz escuro mas eu canto, Editora Bertrand Brasil

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segunda-feira, julho 11, 2011 - 00:17

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AjAraujo

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