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Capacho de Sua Senhoria

(Panteão)
Adula-me caro amigo, prostra-te
diante dos meus pés, contempla
a aura imaculada, sem mancha
do pecado original, bajula-me!

(Plebe)
Ó meu nobre senhor, ilustríssimo
gentio, do qual não sou, sequer
digno de engraxar as sapatas!

(Panteão)
És servo bom e fiel, merecedor
da minha estima, não és torpe
e infame, como a ingrata ralé!

(Plebe)
Jamais ousaria difamar, vossa
distinta realeza, sou humilde e
simples servo, mero obséquio,
da vontade de V. Excelência!

(Panteão)
Agora sim, és digno de ilustre
condição, serás o promovido
a súbdito oficial desta nação!

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quarta-feira, maio 20, 2009 - 22:30

Poesia :

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admin

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Comentários

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Re: Capacho de Sua Senhoria

Original!!!

:-)

imagem de jopeman

Re: Capacho de Sua Senhoria

Um acto muito bem elaborado
Servo da tua poesia :-)
Abraço

imagem de Anonymous

Re: Capacho de Sua Senhoria

"Seja verdadeiro consigo mesmo e não seja falso com os outros."
(Francis Bacon)

Este texto, não sei porquê, fez-me lembrar o Auto da barca do Inferno...senão vejamos: (ah! pois a partir de agora são coisas extraídas...é só para avisar...não vão pensar que eu estou a fazer plágio!)

Ora vamos lá:
Frade: Como todos os representantes do clero, focalizados por Gil Vicente, o Frade é alegre, cantante, bom dançarino e mau carácter. Acompanhado da sua amante, o Frade acredita que por ter rezado e estar ao serviço da fé, deveria ser perdoado ao fogo do Inferno. Gil Vicente crítica fortemente o clero, acreditando este ser incapaz de pregar as três coisas mais simples: a paz, a verdade e a fé.

Sapateiro: representante dos mestres de ofício, que chega à embarcação do Diabo carregando os seus instrumentos de trabalho: as formas e o avental. Engana na vida e procura enganar o Diabo, que espertamente não se deixa levar pelos seus artifícios.

· Enforcado: Chega ao batel acreditando ter o perdão garantido pois o seu julgamento terreno e posterior condenação à morte o teriam redimido dos seus pecados, mas é condenado também a ir para o Inferno.

.O parvo Joanne...representa a bondade e a simplicidade...

E claro não podia faltar :

.A alcoviteira...(Brízida Vaz):a fulana que tentou o anjo, o diabo (para se safar da barca)...e como razia final disse que até arranjou muitas “meninas” para elementos do clero.

. O Judeu...mal visto em todo lado...esse nem lugar na barca tem!

...e ficamos no fim pelo Corregedor...que segundo o Diabo...“Oh amador de perdiz”...

Terminando o enredo, que aqui se depara ( no auto é claro) vos digo a vós mui nobre homem que cenas destas se prolongam pelos tempos fora...já agora tenho a barca pronta...queres atravessar?

"As pessoas direitas são guiadas pela honestidade. A maldade dos falsos é a sua própria desgraça."
(Rei Salomão)
8-)

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