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CHAMAMENTO
Chamamento
No outro dia chamaste-me avô,
Podes crer meu querido, o avô gostou,
Ser avô não é ser velho, é ser pai duas vezes,
Chama-me sempre avô as vezes que quiseres.
Quando precisas o avô está presente, gosta de ti,
Chama-me sempre que quiseres por mim,
A tua voz, o teu chamamento, é melodia,
Para os ouvidos do avô, é uma alegria.
O avô gosta de brincar contigo e ser criança,
Gosta de brincar contigo à cabra cega e conta,
Até vinte para te esconderes depressa,
E o avô de olhos fechados, tonto, tropeça.
Quando tu ris, o avô sabe logo onde estás,
Tenta encontrar-te, andando para a frente e para trás,
Encalhando aqui, ali, cai, anda num vai e vem
Tu começas a rir dos meus tropeções e eu também.
Um, dois três, macaquinho do chinês,
É outro jogo engraçado que fazemos com os pés,
Rimos os dois e o avô diz que fazes batota,
É uma brincadeira que me ensinaste, o avô gosta.
Nem calculas como é tão bom brincar contigo,
Às vezes canso-me, acompanhar-te não consigo,
Mas o avô vai brincar sempre enquanto puder,
Pois contigo tenho muitos jogos que aprender.
Depois, lutamos os dois e eu finjo que perdi a luta,
E tu ficas tão contente, de ganhares esta disputa,
E o avô sente-se bem por te ver contente,
Apesar de velho e tu ainda uma amostra de gente.
O avô inventa tantas histórias e tu gostas de as ouvir,
Ficas parado a escutar, tudo o que vem a seguir,
Olhando para mim, com muita atenção,
Fazes partes das histórias e ficas no meu coração.
Tavira, 9 de Abril de 2011-Estêvão
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