Como um pardalinho

Como um pardalinho que caiu do ninho.
Uma mãe que se foi demasiado cedo, sem ter tempo de ensinar o pardalinho a voar.
Um pardalinho que cresceu depressa demais. Depressa e só.
Um pardalinho a tentar voar com umas asinhas pequeninas...
Como um pardalinho tentei voar e caí.
Caí muitas vezes e voltei a tentar. Caí vezes sem conta.
E como um pardalinho aprendi. Depois de muitas quedas e de muitas lutas.
Sobrevivi. Ficaram as cicatrizes. As marcas dum crescimento forçado.
E a dor da ausência duma mãe. Uma dor que não passa.
Como um pardalinho que cai do ninho cresci. E contra as expetativas sobrevivi.
E sei que orgulho aquela que me carregou no ventre, onde quer que esteja.
Sei porque sinto. E sinto que continua a olhar por mim.
Porque continuo a ser um pardalinho ferido.
E quando dói demais e penso desistir...
Lembro-me sempre do pardalinho e da mãe que não teve tempo de o ensinar a voar...