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CRISE EXISTENCIAL DO PAI NATAL EM 2009...
Este ano, aquele Pai Natal famoso, por ser gordinho,
corado, bonacheirão e muito rechonchudinho,
entrou pela chaminé, num estado de fazer dó.
De barriguinha encolhida, não conseguiu descer só
e eu, que nem acredito em Pais Natal..., vi, então,
que se impunha ir ajudá-lo, senão caía no chão.
Trazia dentro do saco, promessas, muitas promessas.
Estava muito cabisbaixo. Sabia que nas cabeças
de meio mundo, a sofrer, por tanta leviandade
a que ele estava a assistir, na sua já longa idade,
havia gente que ainda esperava, apesar de tudo,
que ele trouxesse no seu saco, algum presente graúdo.
Perguntei-lhe. Porque sofres e estás tão magrito assim?
Respondeu-me: Porque tenho o meu reinado no fim.
Dantes, todos me esperavam o ano inteiro, pacientes,
agora, que eu já estou pobre e tenho poucos presentes,
ninguém quer saber de mim e já dizem que o Natal
não tem Pai, nem nunca teve. Estou lixadinho, estou mal!
Eu não tive alternativa. Puxei o peito p'ra fora,
dei-lhe o braço, ternamente, e fomos dali embora
conscientes, muito calmos, procurar um novo mundo,
sem esta vil confusão e mil defeitos de fundo,
onde a Paz seja perfeita e este doce Pai Natal
viva só para a criança, rara jóia mundial!
Maria Letra
Dezembro de 2009
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