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D´APRÉS MIRÓ
Há uma dança de roda
Com as estrelas ao vento
O coração fica dentro
Do sol que agora é lua
Uma mulher quase nua
Em cima daquele monte e
Um passarito encoberto
Um bocado descontente
Por a mãe ter abalado.
Há ainda um boi cansado
Mas um pouco colorido
Pelo amarelo vivo
Do sol e do encarnado
Ali pertinho da água
Ou do sangue derramado
Uma bonequinha dança
Ao som duma concertina
Pode ser uma menina
Engalanada de branco
A quem deram um desejo
A querer chegar aquilo
Que pode ser eu não digo
Mas há ali entretanto
O que pode ser um perigo
Duas cobrinhas paradas
A espreitar num postigo
Enquanto o pássaro zangado
Por não poder ver a lua
Só pensa na mulher nua
Sempre muito envergonhado.
antonio tropa
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