Dançares-me dentro

Relampejando dentro a comparência,
Eis que se me vulnera dúbia ardência:
Tu na sombra da minha luz, mas fria
Aquela solidão por companhia.

Alvorecem telúricos sentidos
Na insónia duma ausência, são ardidos
Febris devaneios no âmago do abismo,
Na solar claridade, qual Thel*, cismo:

Quando nos redraremos de calabres,
E, na senda de Lázaro, sem óbice,
Flanando pele a pele, reacordados,

Consubstanciar-nos-emos rumo ao vórtice,
Mutualmente remidos, oblatados,
E dançares-me dentro e à superfície?

*BLAKE, William “The Book of Thel”, 1791