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In Depedência
Passeavas-me
com uma trela estranguladora
envenenando-me
cada vez que tentava ir mais longe
que o limite que a trela me concedia.
Eu julgava-me livre nesse passeio
onde a tua a presença era constante.
Nunca conseguia me afastar de ti
pouco mais que um metro e meio.
Sufocava na implacável
rotina que me impunhas.
Não fazia nada sem ti.
Nem nada arriscava ser.
Foste o meu vicio criado em cativeiro.
Perdi a noção do tempo.
Hoje só me recordo da tua incubação.
Chegaste como chegas a todos.
De sorriso na cara e em bicos de pé.
Não me prometeste nada,
deste-me logo o que tinhas a dar,
o enlatado prazer evasivo.
A solúvel ausência de tudo
em que os meus dias naquela altura
tanto precisavam de se dissolver.
Já há muito que tinha arrotado
o que o universo me podia oferecer.
Faltavas tu.
E eu abri os braços para te receber.
Entreguei-te o ouro que nunca tive.
Por isso roubaste-me somente os dias. Dois anos de dias.
E eu roubei-te o que podia roubar...
.... A doce indiferença intravenosa para com o tudo e todos.
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