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Desacção
Na minha escrita encontro muitas vezes um homem, um sujeito impressionante de ideias concretas e acções vagas, pois bem, não o conheço, não sei quem ele é e não estou convencido de que esteja correcto, isto é, eu autor sou de ideias vagas e acções concretas, por isso é necessário discutir isto a fundo e perceber quem é ele e porque se interpõe entre mim e as palavras, actuando ao nível do processo de elaboração verbal do conceito, sim, porque creio que ele não consegue actuar no conceito tendo as ideias tão concretas, podemos então assumir que o conceito é o mesmo para nós os dois, mas ele deturpa-o à saída dos caracteres, ou então melhora-o porque eu nunca achei que tinha nada para dizer, às tantas é tudo ele, se calhar tem razão e devia-o era deixar sossegado, mas quero voltar às ideias e às acções, que são duas coisas tão diferentes, tão opostas, mas vulgarmente as pessoas tentam conjuga-las, associa-las, intercala-las, encadea-las, e acabam com uma ideia mal expressada ou uma acção inacabada, imperfeita, quase vil, pois eu sou completamente contra qualquer tipo de acção derivada de uma ideia de forma directa e gostava e perceber a opinião dessa criatura que vive nas palavras que debito quantas vezes sem ideia nenhuma, porque se a tivesse não debitava, não escrevia, ficava a ver as ideias na cama o dia todo, a noite toda a idealizar, e nunca as dizia a ninguém porque falar é uma acção tão defeituosa como outra qualquer, isto é, é impossível continuar.
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