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Desistir
O poço secou,
O inverno se foi,
A água acabou
Maltrata aos bois,
A terra esquentou
E a paz que reinava ficou pra depois,
Comida está no fim,
O estoque está fraco,
Só tem um tantinho assim,
Restam poucos sacos,
De beiju e aipim
Tamos raspando o tacho.
As lágrímas que caem dos olhos
Quando morre um bicho meu
São negras que nem petróleo
Das poeiras que os olhos comeram,
Em pensamento a deus imploro
Tem pena desses filhos seus.
Cada dia que se encerra
Sem chover por aqui,
A gente se desespera
Pensa até em desistir,
Vontade de largar a terra
Querida donde nasci,
Jurema, talvez me vá.
E não volte mais por aqui,
Eu tenho que trabalhar
Preciso ganhar dim, dim.
Depois mando lhe buscar
Espero que ainda queira ir.
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Poesia :
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Comentários
Re: Desistir
gege!
Desistir
Lindo, gostei muito, mas a tristeza me invadiu quando cheguei nessa parte:
As lágrímas que caem dos olhos
Quando morre um bicho meu
São negras que nem petróleo
Das poeiras que os olhos comeram,
Em pensamento a deus imploro
Tem pena desses filhos seus.
Mas é uma triste verdade, com as sêcas nas zonas rurais!
MarneDulinski
Re: Desistir
Lindo o seu poema, que retrata a tristeza da seca. Escrevi um livro sobre este assunto, chama-se POEIRA E PAIXÃO, provavelmente estarei editando em breve. Seria maravilhoso que os governos pensassem como nos, poetas, que enxergamos com os olhos do coração. parabéns!
Re: Desistir
"As lágrímas que caem dos olhos
Quando morre um bicho meu
São negras que nem petróleo
Das poeiras que os olhos comeram,
Em pensamento a deus imploro
Tem pena desses filhos seus."
Lindos versos!