do que nunca te direi um simples poema

do que nunca te direi um simples poema.

que te posso eu dizer
que a cor do amor é um vermelho
avulso inseparavelmente avulso.
de imediato frio, a longo prazo
contorce os corpos e o tempo
sublime contraceptivo de
olhares reage sobre a sua disfunção
imprópria.
posso me sentar sobre a idiossincrasia
dos olhos e marinar brevemente
pela extracção do rouge belo
que te posso eu dizer, quando
a voz in-contextual surge
longe em forma de vocábulo em fim de
tarde e a intimidade foi um tempo verbal de ontem
quando a distancia se recusou a obedecer
a um espaço de tempo e infligiu
à sua conceptualidade velha, proximidade.
que te posso eu dizer acerca do encosto da luz
ser a sombra e de mil verdades não flutuarem mais
que um oceano.
e que sobre este vermelho converto palavras
e as mãos actuam na sua imparcialidade milimétrica
como uma noite. que te posso eu dizer,
que soe a eterno, que há imagens que são uma outra espécie de poema
e que a reprodução de poesia advém da absorção das cores
e a cura é certamente fechar os olhos e inalar silêncio?

L.B ( a uma amiga lii. f.)