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Donde viemos, prá onde iremos
Há muito tempo, antes deste presente tempo
Vazio de cores, de luzes, de água ou cheiros
Do poeta que vos fala nada se registrara ainda
Penso! Desde que a existência ainda não o era
Um único som acaso seria ouvido, no vasto vácuo
Nem galáxia, ou planetas, nem terra, nem pessoas
Uma equação ainda incompleta, sem segundo termo
A balança pendia viciosamente pro lado da esquerda
Faltava uma solução prá tal desequilíbrio, o que urgia
Da cumplicidade voluptuosa de dois seres humanos
Uma fagulha espérmico-ovular se alojara na nave-mãe
Surgiram as cores e cheiros, ouvia-se a paz placental
E ainda lá fora, o silêncio de Itabira, minha terra natal
É que ali os sons chocam-se contra as ladeiras, profusas
Em seguida, já refletidos, logo anulam-se em confluencias
Mesmo os ventos se tornam prisioneiros nos vales afunilados
E do badalar dos sinos das igrejas traduz-se sublimes melodias
Bem, o tempo ainda assim navegava, seguia depressa, voando
Minutos passaram, dias, semanas e meses, nove longos meses
Percebera-me já em outro mundo, com um clima bem variável
Estranho mundo de homens e sangue, também de vozes e choro
Penderam-me de cabeça prá baixo, com palmadas na sola dos pés
Logo, coisas estranhas: perfumes, pomadas, óleos, pano prá tudo
Quem era aquela gente, de onde vieram eles, que língua falavam?
Minha imaginação já estava energizada desde ali, e até quando!
Prenúncio de minha primeira escola: aprender como se viver por ali
Como tudo na vida, vieram vários degraus, nada que fosse fácil
No princípio, surpresas às pencas, e talvez, saudades, de onde?
Na estrada do futuro, muito apego à terra, à família, aos objetivos
Parece-me, às vezes, que os minutos passam, talvez as horas não
Enfim, que morra a morte, e que viva a vida ... e seja prá sempre!
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