Ele esperou...

Ele esperou…
Esperou dias eternos…
Esperou por entre nevoeiros cegos…
Esperou até a pele ficar em cacos

Rugas falíveis, como falhas onde rios poderiam passar
Marcas do tempo que esperou
Não vai embora, continua à espera
As chuvas desgastam o seu corpo, e por vezes tudo não chega

Ele pensou que bastava ser como toda a gente
Um ser mecanizado, de número na gola
Pertences a um Estado Único
Mas sentia a doença corroer a sua luz

A uniformidade dos números
As flores que têm a mesma fragrância
O amor é igual na conformidade de todos

O muro…
Maldito muro espelhado…

Ele esperou até o “Eu” desaparecer
O muro não caiu, e a escada que ele construiu não é alta o suficiente
Não conseguia ver além daquela camada despedaçada
Pequenos pedaços de medos humanos

A morte chegou
E os seus olhos nunca podiam ver além daquele muro
Nunca podiam ver o infinito
Nunca poderia ver o fim

Mas ele esperou…
Esperou até a luz parar de brilhar
Esperou até não o deixarem sonhar mais