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A Enfermeira

A ENFERMEIRA
Jorge Linhaça

Seu moço, nem gosto di alembrá,
passei por um apuro danado,
fui pará no hospital, internado,
por causa de um mosquito safado
qui apareceu lá no meu quintá.

Disseram que era a tal de dengue,
ara! Eu nunca que fui dengoso..
Sô peão de garrá em boi raivoso,
de amontá em cavalo sestroso,
de nunca fugir de perrengue.

Mas era uma tal febre sem trégua,
o corpo tava todo dolorido,
meu banheiro já tava entupido,
e eu pra lá de desfalecido,
Com as perna bamba...arre égua!

Mas o pior num foi nada disso:
Era pior a cura qui a doença,
uma enfermeira bem das sebenta,
que nem reza e nem água benta,
veio me atendê...que castigo.

Acho que ela era vampira,
tanto sangue que que ela mi tirô,
i eu gritava : SOCORRO dotô,
Valha-me Cristo Nosso Sinhô!
Mas ninguém ali me acudia..

Eu já drumia sobressaltado,
quando algum passo eu escuitava,
meus pelo logo se arrepiava,
u coração quase que parava,
suava iguár a um condenado.

Mas a infeliz só dava risada,
era sádica, a tal enfermeira,
só faltava uma tornera
pra tirá o sangue das minha veia,
i eu já branco qual alma penada.

Uma noite, eu não aguentei mais,
juntei minhas traiá bem quietinho,
saí pelo corredor de fininho,
me mandei para o meu ranchinho
fugindo daquela fia du satanáis.

Ocê inté pode achá engraçado,
mais queria ver ocê nu meu lugá,
aposto que ia fazê iguár.
Si é prá ficá naquele hospitá
mió ser, pelo mosquito picado.

05/04/2008
 

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domingo, maio 15, 2011 - 20:14

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Jorge Linhaca

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