CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Esquema gráfico para não sobreviver à morte …

Esquema gráfico para não sobreviver à morte …

Por mim, e de minha parte, dispenso-me de comparecer perante a morte tão cedo e em tão solitário lugar de culto, de parecer bem no dia a dia, no concavo do espelho enquanto vivo e me vejo e do acontecer matemático, geriátrico-sistémico, cronológico-depurado complexo, pareço-me e comungo do comum entardecer dos Generais da Roma antiga, dos Reis do Egipto, mas sou apenas um comum acontecimento já acontecido, falo do que ocorreu anteriormente e se sobreviver incompleto e segmento, parcialmente, já não necessitarei de levitar e inventar o da voz demasiado grave, de voar levantado ou levantar a fala até mais não, até não poder mais, não precisarei de precisar mesmo, nem mais de mim, sorrio sorridente – sorrirei ao de leve, senhor do isolamento e da distância, da duração esclarecida do meu tempo presente, inebriar-me-ei de poesia, essa poesia inerente, pressentida, valente, densa e à flor da pele, que só dói se estivermos dentro dela e perto, bem perto e em pelo, o quanto baste para ser uno com a minha dolorosa e sentida forma de suicídio terrestre, tal a inverdade que me rege e pratico.
A tentadora validade gestacional do poeta, só é válida, só e apenas se constrói de uma vez em todas as possíveis e somente aos poucos e a poucos se congrega e se consagra, do desassossego na fala, a tantas outras razões nos cabelos no “pão-de-rala”, por tantas outras ocasiões razoáveis, quando nos mostramos nós mesmos falhos, folhas de lógica sem validade, fora de prazo em mil e um ou mais socalcos soalheiros e vitalícios, vinhateiros da ira em época de colheita, não depois, durante as chuvas e os aluviões, perante as secas, nem antes de reapresentar em lugar algum, cestos cientes, cheios de dúvidas, nessa altura sou eu mesmo e um mais, mágicos agnósticos e brilhantes como a geada, ideólogos da cevada, puro malte quanto a agua irradia de bom grado, o brilho de um regato cristalino, a montanha por descobrir, encoberta de um lado, assombrada por um negro lago, profundo, onde não medra nem fogo, nem um fungo nem pasto, nem uma perca do nilo, um rodovalho, um robalo. Por mim, sou o analgésico mirabolante, a miragem de qualquer substância a mais e de mim mesmo antropólogo crédito, amais valia não passa de algo análogo a isso, depois impregno-me de uma mistura mística e pessoal de ilusão estética-profana profunda, falsamente endémica e monogâmica. Pois sim, o destino não dura para sempre, a submissão ao tempo que sobra, é uma inglória lápide negra e não unicamente ou exclusivamente uma prisão sepultada, abducente da lama, da areia, na praia do desconhecimento descontente, gradual e gráfico. Por mim, sinto, que a diáspora do arredondamento dos sentidos, a metáfora do nascimento, foi produzida unicamente para mim, a pensar em mim próprio e feita do mesmo e grave tecido de que eu fui e sou composto, produzido num tear sem linha nem fio apropriado, porque eu nasci descalibrado, desarredondado, arremedando os outros e morri quando encetei, no momento imediato, fatídico, fálico na altura certa em que comecei a copiar-me, iniciei-a transcrição, a imitação gráfica de mim próprio, o liberto e a permissão são de minha única autoria, embora não sejam plenamente, e o conflito frásico, hemorrágico, a antropofagia fraseológica das minhas próprias partes moles, mais discretas e nobres, hemorroidas de escritor condenado por delito comum, à morte por sossego e por sufrágio universal dentro dele mesmo, o análogo, não dos outros como parceria ser normal e servir de exemplo para “o fora de mim” um diferente lugar do quiosque que ocupo dentro de mim próprio e presentemente, fora da atenção do corpo, mais perfeito e prodigo que o “eu” ao cubo, num emergente esmiúdo de mim. Por fim o romance, a novela intensa, essa não teria argumento, caroço ou enredo nem ação, passar-se-ia apenas na minha cabeça de maçã, na mente de broca, ou na de quem a escrevesse melhor que eu e a intriga seria entre o espírito e a consciência, a intuição consistente e o Arsénio, O “LUPIN”, o enigma que liga os personagens como figuras reais com o escritor fictício , o criador figurante, galã de conto de fadas, das fábulas, ele próprio um personagem secundário, operando débeis canelas, entranhas e cabelos disfarçado de outrem, intuitivo na tarefa de fazer cumprir escrupulosamente um guião e o maior sabedor do conteúdo geral e integral da peça e do meio metro de palco, o sábio do labirinto gráfico e ancestral e o que sonhou ou o que conhece a saída para o outro lado do cosmos, da Galáxia, do mundo cabal e global.
A primeira edição da minha vida será por fim escrita, descolorida e desenvolvida com a ideia de não ser entendida nem por um qualquer psicótico ser de vista turva, com a ilegibilidade rara do que me é mais caro, sem cura, remédio fracassado de óxido de mercúrio e reagente mais calado que o silêncio em minhas veias colados sob pele fina, mas de que vale uma biografia, uma vida sem historia de medo em que tudo pode ser dito e ser tido como superficial porque normal é humano, é o senso comum e não de mim só, o labirinto que me habita, sonho é geral e genérico como a febre do sol e o paracetamol ou o fim do ano em centos de diferentes cidades do mundo mas comum e expressivo para quase todos afinal. Por mim, e de minha parte, dispenso-me de parecer bem, carismático ou altruísta, mundano comigo ou com qualquer parte do meu corpo, incluindo as partes moles da barriga e nos gânglios infectos (…)

Joel Matos ( 18 Janeiro 2021)

http://joel-matos.blogspot.com
https://namastibet.wordpress.com

Submited by

segunda-feira, janeiro 25, 2021 - 20:17

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 2 semanas 3 dias
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Odairjsilva

Estupendo!

Meu amigo. Caramba, o que dizer diante de tão magistral pensamento? A morte, essa desconhecida, tão bem retratada aqui. O "analgésico mirabolante" me fez pensar coisas novas por aqui. Magistral o seu texto. Sou admirador de verdade! Forte abraço!

imagem de Joel

um abraço também, peço

um abraço também, peço desculpa mas no outro lado há demasiada "acidez" noa ar, azedume, para poder relacionar-me seja com quem for, a sério, que continuemos fazendo boa poesia e nos influenciado mutuamente pois que de feridas já temos demais e não paramos de nos infligirmos mais e mais, de dor, são escaras ... obrigado amigo

imagem de Joel

obrigado

obrigado

imagem de Ana Martins

Esquema gráfico para não sobreviver à morte …

Saio maravilhada com tão rico texto.
Muito obrigada pelo momento!

imagem de Joel

eu que agradeço

eu que agradeço

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Geral V de Vitória - Revolução - 537 4.375 04/03/2019 - 15:43 Português
Ministério da Poesia/Geral Minha alma é um lego 506 4.605 03/30/2019 - 16:19 Português
Ministério da Poesia/Geral Eu sou tudo aquilo por onde me perco… 420 4.233 03/30/2019 - 16:17 Português
Poesia/Geral (1820) 305 4.060 03/30/2019 - 16:14 Português
Ministério da Poesia/Geral "Je ne dis rien, tu m'écoutes" 468 4.149 03/30/2019 - 16:13 Português
Ministério da Poesia/Geral Cansei. 346 9.848 03/30/2019 - 16:11 Português
Ministério da Poesia/Geral Temo as sombras e o burburinho … 352 2.804 03/30/2019 - 16:08 Português
Ministério da Poesia/Geral Despido de tudo quanto sou... 241 3.734 03/30/2019 - 16:03 Português
Ministério da Poesia/Geral O mar que não tem a Lua ... 288 3.955 03/30/2019 - 16:03 Português
Poesia/Geral Ou eu me não chame de Antônio ... 543 2.489 03/30/2019 - 16:01 Português
Poesia/Geral Sobre conceitos 436 5.968 03/30/2019 - 15:59 Português
Ministério da Poesia/Geral Sem casas não haveriam ruas ... 343 5.726 03/30/2019 - 15:58 Português
Ministério da Poesia/Geral Que será da nossa viúva sombra, 368 3.946 03/30/2019 - 15:56 Português
Poesia/Geral Sonho d'Midas ... 351 3.962 03/30/2019 - 15:54 Português
Ministério da Poesia/Geral Gostaria de ter um Cadillac novo, 329 4.761 03/30/2019 - 15:52 Português
Poesia/Geral Cego debruçado em via-estreita 290 2.120 03/30/2019 - 12:27 Português
Ministério da Poesia/Geral Botto 261 4.522 03/30/2019 - 12:21 Português
Ministério da Poesia/Geral Difícil é sair de mim, eu mesmo... 557 2.938 03/30/2019 - 12:19 Português
Ministério da Poesia/Geral O poema d'hoje não é diferente ... 357 2.955 03/30/2019 - 12:17 Português
Ministério da Poesia/Geral Todos os nomes que te dou, são meus ... 284 3.634 03/30/2019 - 12:15 Português
Ministério da Poesia/Geral Pax pristina 176 4.098 03/30/2019 - 11:17 Português
Ministério da Poesia/Geral Caminho, por não ter fé ... 369 2.684 03/30/2019 - 11:16 Português
Ministério da Poesia/Geral O azedume no vinagre ou rumo a Centauro-A 209 3.057 03/30/2019 - 11:14 Português
Poesia/Geral o sabor da terra 296 2.444 03/30/2019 - 11:12 Português
Poesia/Geral Inté'que poema se chame de Eu ... 243 2.375 03/30/2019 - 11:11 Português