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A Ferida lambida

Jacinto por sorte não havia levado com a bala, no peito,
Porém, estava muito ferido, quase sem forças, esvaindo-se em sangue, pálido,
Alguém tinha avisado a autoridade, com rapidez e preceito,
Ao longe, ouviam-se as sirenes da polícia, ambulância, tudo em alto grunhido.

A bala entrou no braço e saiu no lado oposto à entrada,
Por sorte, Mário, não tinha morto ninguém,
No entanto, e mesmo antes de saber isso, já se tinha posto a milhas daquela asneirada,
Só que Jacinto, mesmo não sabendo da não gravidade do ferimento, estava aquém.

Vera, sem saber o que fazer, pois sua identidade era falsa,
Amarrou um lenço ao seu braço e pegou nele insinuando que estava bêbado,
E foi rua abaixo, fingindo cambalear, parecendo dançarem, uma valsa,
Disfarçando o sucedido, daquela, de muitas noites de sábado.

Para o seu mísero quarto de pensão, não o podia levar,
Pois, nunca lá tinha entrado e não seria agora.
Para um hospital, nem pensar.
Não sabia o que fazer, nesta hora.

Jacinto pouco conseguia falar,
Caminhava, quase sem força, a se arrastar,
O peso do seu corpo era tão morto, que mal podia andar,
Por onde passavam, o sangue que dele jorrava, deixava a calçada marcar.

 

Foi quando Vera se lembrou de Américo, seu cunhado,
Que até há bem pouco tempo, andava de botequim em botequim,
Também ele sozinho, aos caídos, de lado para lado, embriagado.

Bastou ir a um lado ou outro conhecido,
Para encontrá-lo, nas mesas de uns meliantes,
Que à custa da sua embriaguez, lhe roubavam o dinheiro tão apetecido,
Para poderem também eles, alimentarem os seus próprios prazeres da vida viciantes.

Pediu a sua ajuda,
Embora meio ébrio, lá foi porta fora com ela, meio de lado,
Vera todo o caminho, fora calada e muda,
Por sua vez, ele só a olhava e pensava que sorte havia tido o seu cunhado.

Quando Américo viu Jacinto, uma recordação remota e tamanha,
Á sua mente veio…todo o álcool do seu organismo, secara,
Como se tivesse voltado, por instantes, por segundos, á montanha,
Naquele dia, que sua vida salvara.

Logo se abeirou dele, como se socorresse um irmão,
Calmamente, confirmou a gravidade da situação,
À sua companhia feminina,
Disse-lhe para onde e a quem ela o levaria.
Lá o tratariam de uma forma mais digna e fina,
Do que ela ou até mesmo ele, alguma vez o ajudaria.

Levariam os dois, em braços, até a esse sítio,
Mas com a condição, de Américo, nem sequer aparecer,
Pois já há muito que se perdera na bebida, no vício,
E não estava para sermão ouvir, vindo de quem vier.

 

 

 

 

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domingo, janeiro 8, 2012 - 15:45

Poesia :

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joanadarc

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