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FILHOS DE NINGUÉM
Filhos de ninguém
Filhos de ninguém não nascem sozinhos,
E não são eles que escolhem os seus caminhos,
São lançados à rua sem conhecer o bem e o mal,
São crianças apenas concebidas por um acto sexual,
A fome é a sua companheira e a rua o seu destino,
E crescem sem saber o que é viver sendo menino.
Vivem com o seu instinto da vida sobrevivendo,
E a pouco na rua vão crescendo e aprendendo,
A viver sem mestre, sendo eles os seus próprios pais,
E vão comendo as migalhas do chão como os pardais,
Saltitando aqui e ali e são conhecidos como galdérios,
São gente como outra gente apelidados de impropérios.
São filhos nascidos do chão frio onde não há amor,
Filhos de ninguém que ninguém lhes dá valor,
Expurgados da sociedade com lágrimas cruéis,
São feridas expostas ao mundo, incuráveis,
Com alma dorida, olhos tristes vazios de ambição,
Vivendo traídos por uma vida de maldição.
Ai meninos, meninos que não sabem ser meninos,
Lançados ao mundo cruel muito pequeninos,
Resistem os mais fortes às agressões da vida,
E outros apenas vão vivendo de esperança perdida,
Sem medo do chão que pisam, pisados pela sorte,
E acabam vencidos com dentadas da própria morte.
Filhos de ninguém, sem amor, sem direito à educação,
Vivem comendo o nada nascidos da vida de traição,
Nas grandes urbes cheias de gente que não sabe olhar,
Os seus olhos tristes e com mãos que só sabem roubar,
Espalhando o medo da sua alma por toda a parte,
São os conhecimentos nascidos da sua própria arte.
Ai meninos, meninos destes cada vez há mais,
Nascidos da evolução de um mundo, são bocas demais,
Jogados à rua, por serem lixo de um mundo desumano,
Crescendo livremente como ratos em qualquer cano,
Sem conhecer o que é ter uma família e uma boa cama,
São apenas o produto de uma sociedade desumana.
Tavira, 4 de Junho de 2011-Estêvão
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Comentários
belo
muito bom
POEMA
Obrigado pelo seu comentário.
Um abraço,
Estêvão