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Imparável movimento dos cegos
Cegos…
A tilintar…passo em pressa de zunido breve no orvalho que calça as pedras da avenida.
De fuças no sempre em frente, sem reparo e atenção aos passos que trespassam os espaços ao redor no pavimento evasivo…
De correr…falo de correr, de não morrer, não estancar e trasladar o nunca mais, para a hora assim ultima que inventa a expressão eterna.
Por isso corro de fuças, no sempre em frente, na pressa dos vagares que me incerta a rota do fim…sempre em frente...
Vou…
Os pássaros a esvoaçar, os carros em assopro, o Outono sangra arvores e caduca folhas secas nas mortas brisas estivais…
De correr, a correr, a urbe entardecia em pesadas seis e meia, com pressas de parar, pressas de chegar ao grémio dos teus braços, dos braços de todas as mulheres, de todos os homens, do afago dos cães em saudades domicilias, dos vapores refogados no andar sétimo esquerdo com duas assoalhadas.
Paro…estanco cardíaco e só porque desapareceu o mundo.
Rasgo o peito enraivecido com o tempo sempre em pressa na calçada dos meus passos.
Oculto em mim, autocarros, comboios, cacilheiros, táxis, multidões citadinas de gajas na menopausa com sacos de papel, oito ou mais horas depois de diárias laborais…
Simples…vejo em mim a gente simples, de jornal no sovaco, cansaço ao tiracolo no filtro abatido dum cigarro monopolizado no cêntimo que se esfola a queimar horas vendidas.
A tilintar…nos bolsos imprecisos de ter, trocos e umas chaves, isqueiros e caramelos, maços amarfanhados, pedras de haxixe, dedos com frieiras, módulos de autocarro, bilhetes de identidade, passes sociais, a fotografia dos putos, o telefone das putas… um pente caralho… um canivete, um pobre dentro bolso, a merda do mundo na paragem do eléctrico, na escada do metropolitano, no raio que os parta a todos com folhas a cair no Outono das nossas vidas…
Assim indiferentes e alheios, á porta do desemprego, na fila dos deserdados, no pavimento dos mendigos, na sopa dos pobres, na vergonha do não ter…continuamos!!!
A tilintar…passo em pressa de zunido breve no orvalho que calça as pedras da avenida.
De fuças no sempre em frente, sem reparo e atenção aos passos que trespassam os espaços ao redor no pavimento evasivo…
De correr…falo de correr, de não morrer, não estancar e trasladar o nunca mais, para a hora assim ultima que inventa a expressão eterna.
Cegos...na pressa ficámos cegos...sem vagar para parar, com pressa de não morrer!
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Comentários
Re: Imparável movimento dos cegos
Parabéns pelo belo poema.
Um abraço,
Roberto