INOCÊNCIA

INOCÊNCIA

Sorrio quando as crianças ficam inocentes,

E brincam entre si e estão contentes.

Quando abrem um livro e apontam o dedo,

E mostram nos seus olhos o seu medo.

Elas caem, choram e se levantam,

Pedem colo e num instante apontam,

Para a coisa que, as fez chorar e dizem,

Foi aquilo, é mau e já não seduzem.

Maldades inocentes as crianças têm,

Sorriem do que fazem e do que vêem.

Querem mimos dos pais que as mandaram,

Vir para um mundo que elas não pediram.

As crianças querem comida e amor,

E em lugar disso, muitas sofrem de dor,

Num mundo que não pediram para vir

E sentem – se abandonadas, sem porvir.

Sorrio com as crianças nas suas brincadeiras,

Ralham, choram, riem e levam rasteiras,

No seu mundo fantasmagórico e inocente,

E pensam que é verdade quando se mente.

Maltratadas muitas são e não têm paz,

Têm olhos tristes do mal que alguém lhes faz.

Sofrem, morrem de fome e acham normal,

E ainda sorriem para aqueles que lhes fazem mal.

2006-Estêvão