CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Insônia (Rafael Diaz Icaza)

Sou náufrago, mãe, e te chamo na noite,
desolado, no firme marchar para a morte,
e de golpe me assalta a ternura infinita
dos primeiros anos. E necessito saber que te achas
perto, que a tua lâmpada vela, pontual, perto de mim.

Necessito de teu copo para a má sombra dos pesadelos,
teu apoio de nogueira para o descanso dos sonhos
absurdos teu desencantado sorriso e tuas mãos sobre meus cabelos.
Desolado, desde a má noite, quebro meus punhos em portas infinitas
e chamo, e ninguém me abre.
Mãe: me dê a chave de tuas despensas,
sou um homem perdido baixo a chuva cinza:
Ascende o fósforo mais tênue para que eu caminhe

Atravessam a sombra, desde os pórticos da alvorada,
a noiva e seu lenço de açafrão e pérola,
a querida com seus beijos impuros,
todas as esperanças e todos os fracassos,
todos os malabares e os equilíbrios na corda bamba

Volta o homem, desde sua maturidade do seu poderio,
até a comarca em que chorava só baixo a noite imensa,
e voltam a soltar-se os mastins e a derramar-se o vinho dos odres,
e a assinalar com os índices à criança desvalida:
“Vejam aqui ao que come pães do lamento e a angústia.”

Mãe: um escuro terror, uma certa sensação de culpa
há neste homem cego que empunha as aldravas
das casas sem donos, em seus erros na noite.

Rafael Diaz Icaza, poema traduzido por Héctor Zanetti.

Submited by

sexta-feira, fevereiro 24, 2012 - 09:55

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

imagem de AjAraujo
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 5 anos 47 semanas
Membro desde: 10/29/2009
Conteúdos:
Pontos: 15584

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of AjAraujo

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Aforismo Medidas * 0 1.038 01/10/2011 - 22:55 Português
Poesia/Aforismo Novo Ar * 0 2.041 01/10/2011 - 22:57 Português
Poesia/Aforismo Coisas * 4 1.157 01/10/2011 - 23:08 Português
Poesia/Aforismo Para Onde é Que Vão os Versos (Cecília Meireles) 0 900 01/11/2011 - 03:15 Português
Poesia/Meditação Depois (Giuseppe Ghiaroni) 0 1.664 01/11/2011 - 03:17 Português
Poesia/Amor Anjos do Mar (Álvares de Azevedo) 0 1.140 01/11/2011 - 03:20 Português
Poesia/Aforismo Desatar os nós 1 2.050 01/11/2011 - 11:31 Português
Poesia/Amor Caminhada 1 1.498 01/11/2011 - 11:35 Português
Poesia/Amizade Amistad (Friendship) 1 34.689 01/11/2011 - 11:38 inglês
Poesia/Desilusão Beijos plásticos * 1 2.179 01/11/2011 - 16:35 Português
Poesia/Amor Bem Aceito * 1 1.424 01/11/2011 - 16:39 Português
Poesia/Aforismo Mistura Perfeita* 1 1.073 01/11/2011 - 16:42 Português
Poesia/Dedicado Retrato do Desconhecido (Augusto Schimdt) 1 777 01/11/2011 - 18:59 Português
Poesia/Desilusão Chorar não mais consigo 1 1.929 01/11/2011 - 21:51 Português
Poesia/Haikai Sonho e Pesadelo 1 1.476 01/11/2011 - 21:54 Português
Poesia/Meditação A solidão nas cidades 1 1.763 01/11/2011 - 21:57 Português
Poesia/Meditação Ah! Desgraçados. (Bertolt Brecht) 0 5.665 01/12/2011 - 11:25 Português
Poesia/Pensamentos A verdadeira coragem (Pensamentos I-XVI, Rochefoucauld) 0 2.098 01/12/2011 - 11:31 Português
Poesia/Pensamentos O prazer do amor (Pensamentos XVII-XXXII, Rochefoucauld) 0 2.952 01/12/2011 - 11:33 Português
Poesia/Soneto A ponte (Mário Benedetti) 0 1.936 01/12/2011 - 11:37 Português
Poesia/Meditação A tarde cai 1 2.436 01/12/2011 - 18:15 Português
Poesia/Meditação Tracando rumos: rumo a paz interior 1 642 01/12/2011 - 18:19 Português
Poesia/Haikai Direção da Vida 1 1.949 01/12/2011 - 18:24 Português
Poesia/Dedicado Doce inocência... 1 1.646 01/12/2011 - 18:28 Português
Poesia/Pensamentos Aprenda (Robertson) 0 952 01/13/2011 - 01:03 Português