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João e sua dor *
dedicado a João Cabral de Melo Neto (poeta)
O poeta carrega as dores do mundo
e desintegra as falsas cores.
É uma dor que explode na cabeça
e implode pelo corpo inteiro.
O poeta carrega sempre a maior dor do mundo
e faz questão de não deitar em glórias.
Além de poeta conhece a magia da medicina,
contentora de sua eficiente dor de cabeça.
Conhece uma infinidade de remédios.
Conhece todos os sintomas da enxaqueca.
Conhece cada polegada tomada pela dor.
O poeta carrega sempre a menor flor do mundo
e atualiza a linguagem esquecida.
O poeta tem como amigo inseparável a aspirina.
E tem como primeira viagem escala num momento sem dor de cabeça.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo (o nome não me foi dado conhecer à época).
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O poeta carrega sempre a
O poeta
carrega sempre a menor flor do mundo
e atualiza a linguagem esquecida.