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Manifestações
É preciso que o verso volte a ser escrito,
pois só o poema nos define.
É preciso que as penas de Priscila e de Wander
não percam a dignidade e o colorido,
pois apenas as cores de ambos afastam o cinza
que as bombas imorais de efeito moral nenhum
espalham em painéis de redivivas Guernicas.
É preciso que os clamores não deixem de povoar as ruas
já que é apenas essa sinfonia que afasta o silêncio dos cemitérios
e os tambores de tristes soldados que marcham
sobre a Liberdade ultrajada.
É preciso que a cidadania conquistada
não volte a ser surrupiada pela inerte burguesia,
a quem nenhuma sinecura sacia.
É preciso que infelizes felicianos
sejam curados de seus estúpidos danos
e que a ingenuidade de jovens idealistas
não seja manipulada por Golpistas rancorosos
que das torturas que praticavam,
mostram-se nostálgicos e saudosos.
É preciso que o lixo da história recolha para sempre
seus sádicos intentos indecorosos.
É preciso que a Legalidade seja preservada
e que a dignidade do Povo seja sempre respeitada.
Apenas a Democracia, imperfeita ainda,
haverá de nos livrar de novos e velhos Ditadores,
de seus DOPS, CÓDIs e tantos outros horrores.
É preciso ouvir Bertolt Brecht e dispensar os heróis,
pois não será Joaquim, Pedro ou João
que fará o que cabe a cada cidadão.
E é preciso, sobretudo, que não cesse essa energia.
Que dela se alimente a utopia
e nela se agasalhe a fantasia,
pois a realidade mostrou
que perdemos o medo da covardia.
Produção de TAÍS ALBUQUERQUE, desde o Rio de Janeiro, no Outono brasileiro.
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