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Mil torrentes (A fúria das marés)

"Mil torrentes, que aguardam meu singrar;
sazonal fúria, que tece a teia do mar;
águas, que desconhecem meu lenho
e ignoram a pátria de onde venho,
não temerei o humor de suas marés
enquanto estiver guardada em meu convés
a lei de Thelema, que minha nau protege
e a razão de nossa vida rege!

Quando eu, um dia, ao mar me lançar
e de suas belas águas fazer o meu lar,
quero viver uma inédita vida
e nunca voltar dessa sonhada ida!
O desconhecido fascina minh’ alma
e se a água está turva ou se a água está calma,
estarei a sorrir ou estarei a chorar
e o sal de meu pranto juntar-se-á ao do mar.

Certa vez cheguei até a imaginar
um milhões de vozes a cantarolar
(ao fundo de um vazio pensamento,
saindo de meu corpo num momento)
a canção de um moderno trovador
com refrões de um eterno sonhador
que cantava por um mundo diferente
e chamava-nos, para si, toda a gente.

Imaginei um mundo sem fronteiras,
vidas felizes vividas inteiras
sem o dinheiro e sem a luxúria;
nunca causávamos da natureza a fúria;
sem interferências de religião,
sem a maldade em nosso coração;
mas, ao acordar desse meu devaneio,
vi que meu sonho era um mero anseio.

A vontade da natureza nos é oculta
e sua busca em nada nos resulta;
como a areia clara em água rasa
que se esconde tal o preto da brasa
do carvão, quando está a se queimar:
quanto mais funda a água se tornar,
menor o nosso poder de compreender,
apesar da areia, lá embaixo, ainda jazer.

Tal o canto da sereia a enfeitiçar
os ouvidos dos marujos, a cantar,
e, sem compreendê-lo, ainda o seguem:
assim as vontades do acaso nos regem.
Quantas notas deste canto entorpecem!
Os poderes da natureza estabelecem
quais navios continuam a navegar
e quais aqueles ela deve afundar..."

[size=xx-small][font=Courier]Minha pequena canção épica (vejam também as partes II, III e IV). Vejam também os meus outros textos, comentem, ficarei feliz em receber comentários.[/font][/size]

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domingo, maio 2, 2010 - 21:35

Poesia :

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MaynardoAlves

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Comentários

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Mil torrentes (A fúria das marés)

Reflexões de um marinheiro prestes a se lançar ao mar numa viagem que representa o voluntário exílio e isolamento do mundo na busca pelo autoconhecimento.

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Re: Mil torrentes (A fúria das marés)

Rimas bem conseguidas num poema forte!!!

:-)

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Re: Mil torrentes (A fúria das marés)

Muito obrigado, Henrique!

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