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Molide à cabeça
Aninhas vai só, lavar na ribeira.
Molide à cabeça o peso sustenta,
O sujo da roupa em pernas moídas
De anos contidos na vida inteira.
Arrasta com ela escova e sabão
Molha, esfrega, cora e branqueia
Ensaboa na pedra, joelhos no chão
Lava na água que traz a ribeira.
E pelos caminhos de terra calcada
Segue com ela a idade avançada
Apressa o passo, a noite cai…
Aninhas, seus anos na água deixou
Juventude passada, a água levou
Ana Maria, velhinha, lá vai…
Carla Bordalo
“Molide” era um rolo feito de tecido que as mulheres usavam na cabeça para tranportarem algo pesado.
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mariacarla
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Comentários
Re: Molide à cabeça
Gostei deste soneto :-)
"Aninhas, seus anos na água deixou
Juventude passada, a água levou
Ana Maria, velhinha, lá vai…"
Beijinho
PedroSilva
Re: Molide à cabeça
A dureza da vida descrita
com muita sensibilidade e talento.
Penso que é a primeira vez que a leio.
A vontade de conhecer melhor a sua poesia, é
enorme!
Vóny Ferreira
Re: Molide à cabeça
Olá Maria
Um soneto belíssimo, como é bom
ler temas assim,diferentes, com
tanta realidade em cada verso
Meus Parabéns
Beijinhos no coração
Re: Molide à cabeça
Carla,
Bonita homenagem às lavadeiras.
Escreves sempre com muito sentimento.
Beijo
Nanda
Re: Molide à cabeça
Lindo soneto de quem tem verdadeira alma de poetisa.
Sobre a palavra "molide" a palavra que você procura,
chama-se : molídia.
molídia - (regionalismo) rodilha ou sogra que serve de proteção no transporte de carregos à cabeça; molhelha;
beijinhos.
Vitor.
Re: Molide à cabeça
Grande Vitor...
Das terras do Côa!
Mais um termo "molídia"
De terra na "gente"... que nunca abandona a vida passada e vivida em cada momento.
Obrigada, mesmo por partilhar comigo!
Beijo
Carla
Re: Molide à cabeça
Pois... É verdade, as máquinas não existiam... mas os engenheiros, também não!
Beijo para ti
Carla
Re: Molide à cabeça
Querida Manuela,A vida naquela aldeia foi dura... e distante
Nesta vida... vivida, quem me dera que um dia ela fosse tão bela, como tu, Alex
Dany, minha linda... sempre tão querida... mas não podemos levar ao passado as máquinas de lavar roupa!
Ou transportar peixes na cabeça com a molide, pois... Ai se... beijinho grande!
Albano, sinto-me contigo "viva" recordando vidas que passam tão esquecidas. Obrigada, amigo!
E que duras vidas que foram e são... Tanto trabalho, Nuno (que sente... poeta!)
Beijinhos
Carla
Re: Molide à cabeça
Um pedaço do quotidiano, embora em desuso já!
A capacidade melodiosa, de retrares com mestria, kuantas juventudes se perderam assim.
Não havia máquinas de lavar, não havia máquinas de secar, só o sabão MIGO.
Muito bom
Re: Molide à cabeça
"Aninhas, seus anos na água deixou
Juventude passada, a água levou
Ana Maria, velhinha, lá vai…"
Muitas Aninhas deixaram os seus anos pelas águas de muitos ribeiros. Duras vidas.
Muito belo
Abraço