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O BARCO DOS NOSSOS SONHOS

 

 

O barco dos nossos sonhos

 

 

Navegámos juntos no barco dos nossos sonhos,

Temos encontrado alguns temporais medonhos,

Mas têm sido mais as bonanças do que os temporais,

Que o nosso barco tem encontrado e guardou os seus sinais.

 

As nossas mãos e os nossos pensamentos, sempre no leme,

Temos feito o rumo certo no mar da vida que não é perene

Este barco carrega os nossos sonhos há muito tempo,

Alguns concretizámos e outros levou-os o vento.

 

O nossa amor é a força que o temos levado ao rumo certo,

Por isso, o que nos parece longe às vezes está tão perto,

E nos nossos sonhos às vezes criámos tantas ilusões,

Eles ajudam-nos a viver e sentimos nos nossos corações.

 

Este barco onde navegamos está usado e muito antigo,

Mas a sua estrutura tem resistido ao tempo, é um amigo,

Nunca virou a proa às altas ondas que nos metem medo,

Porque sempre soubemos ser firmes, é o nosso segredo.

 

Os nossos sonhos, são as ambições da nossa vida,

Que o nosso barco tem navegado desde a nossa partida,

Ainda não chegámos ao porto do nosso destino,

Onde havemos de descansar da viagem de um longo matutino

 

Enquanto lá não chegarmos, vamos sempre navegando,

Neste mar da nossa vida, a pouco e pouco vamos chegando,

Vamos deixando para trás toda a nossa vivência do passado,

Navegando para o futuro que desconhecemos e nos foi legado.

 

Somos navegadores do tempo, contra as ondas temos lutado,

Algumas derrotas sofremos, as vitórias nos têm aguentado,

Sem nunca desistir, porque o nosso amor é valente,

E o barco dos nossos sonhos vai seguindo sempre em frente.

 

O amor quando é forte enfrenta as tempestades sem temer,

Ele nunca fraqueja, não desiste, tem a vida para vencer,

Viver sem amor, é viver sem lutar e o barco vai ao fundo,

Podemos viver mas a vida já não pertence a este mundo.

 

 

26 de Fevereiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca

 

 

O nunca existe, é uma questão de pensar,

Basta nada fazer, para ele se instalar,

Na vida feita de nada, sem ter vida,

E, assim, o nunca, nunca está de partida,

Vivendo de ilusões e de palavras ocas,

Que torna os seus autores em pessoas loucas,

Que por vezes cantam em lugar de chorar,

E choram quando se devem alegrar,

Fingindo quando devem ser realistas,

Pisando um palco que não é de artistas,

Têm um mundo só seu dentro do seu coração,

Têm um corpo vivendo no nunca sem noção,

Que há um chão que pisam e um azul do céu,

Apenas olham para dentro e nada têm de seu,

Umas vezes pensam que não passam de pobres,

E outros dentro do seu nunca pensam que são nobres,

Julgando que a vida é eterna quando ela é de passagem,

E julgam que vão pisando uma passadeira à sua imagem,

Para o seu nunca passar de braço dado com eles,

Andando neste mundo apenas pensando neles.

 

 

7        de Janeiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A minha alma sou eu

 

 

Sou dono da minha alma e da minha vida,

A minha alma será eterna mas esquecida,

Pela força do tempo que me tem e que ignora,

Mas a minha alma nunca se irá embora,

Ela está dentro de mim, escondida na minha mente,

Mas eu sei que dentro de mim não fica para sempre.

 

A minha alma vive e pensa mas eu nunca a vi,

Sei que ela anda comigo e viverá para além de mim,

Vai agindo, vai vivendo e pela minha boca vai falando,

E me vai dando forças e com ela vou andando,

Para o futuro deixando sinais no passado,

Vai fazendo a minha história que é o meu legado.

 

E assim, a minha alma mantém a chama viva,

Da vida que vou vivendo com a esperança erguida,

Dá-me alento, ambição e amor para poder dar,

Que é o meu sentimento que me faz viver e amar,

Dando alegrias e tristezas e me faz cair no chão,

Também dá-me forças que fazem bater o meu coração.

 

A minha alma viverá enquanto ela for recordada,

E quando for esquecida ela será para sempre ignorada,

No tempo que é eterno, por isso quero viver agora,

Todos os momentos de vida enquanto não me for embora,

Dando amor a quem amo dando à minha vida valor,

Pelo mais nobre sentimento que tenho, o meu amor.

 

A minha alma sou eu e os sonhos que vou criando,

Uns serão realizados e outros irão voando,

Para o tempo do nada que não se esvoaça sem se ver,

E assim, vou vivendo com os sonhos que não quero perder,

Com as minhas ilusões que me fazem agarrar à vida,

E por isso a minha alma viverá e nunca será perdida.

 

A minha alma é o meu eu com tudo o que posso sonhar,

Bem acordado para nunca deixar de pensar,

Que a vida vale a pena quando enquanto a esperança viver

Trazendo-a sempre comigo desde que o mundo me viu nascer,

Nunca deixando de ser eu, sonhando sempre que quiser,

E assim, eu vou vivendo com as forças que eu tiver.

 

                                             14 de Janeiro de 2012- Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

Eu e ela

 

 

Nasci com ela e com ela eu vou viver,

Só não sei quanto tempo ela me vai conceder,

No tempo que eu vou viver, não vou pensar,

Apenas sei que um dia nos vamos divorciar,

Neste espaço de tempo entre a partida e a despedida,

É a certeza que do tempo me foi concedida,

Eu quero viver com ela e ser feliz muito tempo,

Aproveitando esta união para ter alegria e talento,

Aprendendo a viver com ela com sabedoria e inteligência,

E a força de vontade de vencer sem negligência,

Eu e ela somos inseparáveis até o tempo querer,

Sei que no nosso caminho algumas vezes vamos ao chão,

Mas não vamos ficar nele com a força da nossa união,

Levantar-nos-emos sempre para continuar vivendo,

Com vontade de lutar e viver sempre aprendendo,

Que vivermos juntos tem um preço que só se paga ganhando,

Eu e ela seremos felizes, aprendendo a viver lutando,

Com as armas do amor com as quais nos unimos,

Sabendo que um dia no tempo os dois partimos,

É a única certeza que soubemos logo que aqui chegámos,

E até hoje ainda vivemos e ainda não nos separámos,

Vamos correndo atrás do tempo para encontrar o destino,

Lutando sempre com dignidade pisando o nosso caminho,

Que escolhemos para irmos vivendo até ao fim,

E enquanto lá não chegarmos, ela vive agarrada a mim,

Pois eu sou o meu corpo e ela é a minha vida amada,

É assim que nos chamamos desde a partida até à chegada.

 

 

 

 

 

21 de Janeiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Malmequer bem me quer

 

 

Malmequeres, malmequeres, quer sejam amarelos ou brancos,

Nascem em qualquer lugar quer nos jardins ou nos campos,

Entre o azul do céu e o verde que enche a terra mãe,

São flores vulgares abundantes sem serem semeadas por alguém,

Os passarinhos alimentam e espalham as sementes pela terra,

Nas planícies, nas montanhas e nas colinas da serra.

 

São flores do amor, cujas pétalas são arrancadas também,

Dizendo malmequer, bem me quer, para saber quem quer bem,

Pelos namorados e pelos amantes, até a última pétala cair,

No chão da terra onde nasceram, onde cresceram sem pedir,

E pelos malmequeres medem o amor, sabendo que é uma ilusão,

Mas como falam de amor, devem fazer bem ao coração.

 

Se os malmequeres falassem quantos segredos eles desvendavam,

Dos amores que enchem o peito dos amantes que os desfolham,

Que fazem palpitar o coração enquanto os lábios são beijados,

Com os malmequeres na mão para serem desfolhados,

E o amor vai crescendo com os malmequeres brancos e amarelos,

Que são flores vulgares mas nunca deixam de ser belos.

 

É na terra que eles crescem com folhas verdes cheias de esperança,

Os amarelos e os brancos que a terra cria e nunca se cansa,

Para mostrar aos amantes que o amor é bom e colorido,

Que nunca dos corações ele nunca deve ficar esquecido,

E os malmequeres crescem e erguem-se para o céu,

Mas nunca o céu alcançam o Sol sempre cria o que é seu.

 

Malmequer bem me quer, pétala a pétala eu te arranco,

Para saber se o meu amor também me ama como eu o amo,

Mas, se no fim da última pétala ela cai e diz que não,

Eu fico triste nesse momento, mas sei que é uma ilusão,

E novamente outro malmequer pétala a pétala vou arrancar,

Para saber se na última pétala o meu amor me quer amar.

 

 

 

22 de Janeiro de 2012-Tavira

 

 

 

 

 

O que faço aqui?

 

Até hoje ainda não percebi,

O que é que eu faço aqui,

Sou um ser vivo com inteligência,

Mas com pouca sapiência,

Nasci sem pedir para nascer,

Fui crescendo e estou aqui a viver,

Neste mundo entre os mortos e os vivos,

E já dei ao mundo os meus filhos,

E da juventude até ser ancião,

Vou fazendo a história da minha razão.

 

Mas continuo vivendo sem perceber,

O que é que eu estou cá a fazer,

Qual o meu papel a desempenhar,

A não ser viver trabalhando e pagar,

A vida que vou dando ao tempo,

Esperando, amando e vivendo,

Com a ambição de querer viver melhor,

Rindo, chorando e desejando amor,

Sem compreender porque é que sinto,

Este sentimento tão nobre e tão lindo.

 

Sei que vivo sonhando tendo ilusões,

Misturando-os com as minhas emoções,

Sem compreender a razão do meu nascimento,

E até porque é que existe o vento,

Que é o ar que eu respiro para viver,

Sem saber o que amanhã vai acontecer,

Ganhando conhecimento e experiência,

Com a minha vontade e inteligência,

E assim, vou vivendo e envelhecendo,

E a pouco e pouco sei que vou morrendo.

 

O tempo já me trouxe até aqui,

E o meu tempo vai chegando ao fim,

Viajando no comboio do tempo,

Com a certeza do meu conhecimento,

Que um dia o meu comboio vai parar,

E eu vou ter que desembarcar,

Sem conhecer o dia em que vai acontecer,

Mas é bom ficar ignorante sem saber,

Vivendo o meu tempo sempre com alegria,

Até que chegue esse meu dia.

 

28 de Janeiro de 2012-Estêvão

 

Pensando

 

 

 

Estou sentado pensando,

E a minha alma escutando,

Num poema que quero escrever,

Mas ainda não sei o que vai ser.

 

Sentado e o pensamento continua,

Apanhando o Sol aqui na minha rua,

Em cima do meu pequeno terraço,

Onde todos os dias ocupo este espaço.

 

Daqui vejo o mar, sinto o calor e o vento,

E o que vem do meu pensamento,

Ouvindo o vento mexer no meu telhado,

Aqui no meu belo terraço sentado.

 

No tempo de Inverno recebendo o calor,

Que vem do Sol e sabe tão bem como amor,

Que também é quente e sabe tão bem,

Que é de aproveitar pois, só a vida o tem.

 

A brisa do vento corre tão leve, levemente,

Que me faz sentir bem e me deixa contente,

Ouvindo as ondas do mar que o vento traz até mim,

Onde estou sentado e me sinto tão bem assim.

 

Não vejo nuvens no céu, apenas o azul constante,

Que enche este lugar e é tão brilhante,

Que me enche a alma de tanta satisfação,

Sentindo o bater calmo do meu coração.

 

Nesta manhã de Inverno aqui sentado,

Neste meu terraço onde me sinto descansado,

Abraçando o Sol enquanto a chuva não vem,

Mas quando ela chega, gosto dela também.

 

Olho para o mar e no céu uma gaivota voando,

O meu pensamento tranquilo me vai levando,

Que também como ela gostaria de voar,

Mas não tenho asas, apenas posso sonhar.

 

 

 

11 de Fevereiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Amor

 

O amor é uma palavra com quatro letras apenas,

Mas é uma das maiores entre as palavras pequenas,

Cabe no nosso coração mas fechado não pode ficar,

O amor é para se sentir e ter o prazer de dar.

 

Viver sem amor, não vale a pena viver,

Entrar no mundo sem ele mais vale não nascer,

É um sentimento tão forte como o forte vento,

Que está sempre disponível a qualquer momento.

 

O amor é uma palavra pequena, eu sei,

Mas enche o céu e a terra, não tem lei,

É livre não tem regras, tem asas para voar,

Ele é tão bom e tão forte que até nos faz sonhar.

 

Viver com amor sempre dentro do nosso peito,

Ele vive a vida inteira, apesar de ser imperfeito,

Quem não usa o amor desconhece a vida que tem,

Até pode não saber que nasceu do ventre de sua mãe.

 

Dar amor não dói, nem custa nada oferecer,

É sempre melhor sofrer de amor do que doença ter,

O amor só vive se a vida o tiver para dar,

Mais vale sofrer de amor e por ele chorar.

 

 

 

12 de Fevereiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O tempo de Sol

 

 

 

Quero aproveitar o Sol enquanto ele brilhar,

Quando as nuvens o escondem por ele vou esperar,

Para aquecer a minha alma e o meu coração,

E até a terra que me segura os meus pés no chão,

Mas também quero a chuva que me dá de beber,

Por isso amo os dois enquanto eu puder viver.

 

A luz que o Sol me dá e a noite quando acontece,

Eu vou esperando por ele até que amanhece,

Para viver outro dia com a minha própria ambição,

Ouvindo sempre o bater do meu coração,

Pensando sempre no amanhã que vai surgir,

Sem saber o que acontece no futuro que está para vir.

 

Vou pensando e vou vivendo que o Sol é criador,

Que me dá a noite e o dia e dorme com o meu amor,

Faz-me sonhar no que eu quero para mim,

Realizando o meu sonho enquanto andar por aqui,

Vivendo triste ou alegre mas com vontade de viver,

Esperando sempre pelo Sol que amanhã vai nascer.

 

Eu não quero perder o meu tempo sentado no passado,

Quero caminhar para o futuro, pelo Sol iluminado,

Para me dar o saber que eu quero na minha mente,

Sem esquecer o amor que eu quero ter para sempre,

Para dar a quem amo e que a mim me quer bem,

Foi assim que nasci com o amor da minha mãe.

 

Quero ver o Sol, sentir a chuva, o calor e o frio,

Aprender a viver, trabalhando sempre com brio,

Para pagar a vida que o Sol e o tempo me vão dando,

Sem esquecer que para viver é preciso ir amando,

Porque viver sem Sol é como viver sem amor,

Sem amar a vida não vivo nem sinto o seu sabor.

 

 

18 de Fevereiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

Recordando

 

Estamos calados, não foi o tempo que nos calou,

Mas sim o nosso amor que se acabou,

O amor já não arde dentro do nosso coração,

Deixámos que se apagasse e as cinzas estão no chão.

 

Lembras-te há quanto tempo o deixamos cair?

Nós sabemos, desde que o deixámos de sentir,

O tempo já envelheceu o último beijo de amor,

Já não nos lembras e isto causa-me tanta dor.

 

No princípio os beijos eram flores a desabrochar,

Como se fossem pétalas vermelhas a voar,

Agora já não há beijos, as flores já murcharam,

Já não exalam perfume, as pétalas caíram.

 

O amor deixou de ter seiva, a sua água secou,

Os olhos já não brilham, tanto tempo já passou,

Como foi que nós deixámos que o amor acabasse assim,

Pois as flores já não crescem no nosso jardim.

 

Lembras-te quando nos sentávamos alegres ao luar

Nas noites cálidas de Verão, ouvindo as ondas do mar?

O amor ardia como uma fogueira incandescente,

Os nossos corpos se uniam ao luar envolvente.

 

Agora, vivemos de tantas e tantas recordações apenas,

Olhamos um para o outro com as nossas almas pequenas,

Que deixaram que o nosso amor se fosse apagando,

E nós continuamos a viver a vida apenas recordando.

 

 

Viver sem amor não é realmente viver-Molière

 

 

 

 

25 de Fevereiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O barco dos nossos sonhos

 

 

Navegámos juntos no barco dos nossos sonhos,

Temos encontrado alguns temporais medonhos,

Mas têm sido mais as bonanças do que os temporais,

Que o nosso barco tem encontrado e guardou os seus sinais.

 

As nossas mãos e os nossos pensamentos, sempre no leme,

Temos feito o rumo certo no mar da vida que não é perene

Este barco carrega os nossos sonhos há muito tempo,

Alguns concretizámos e outros levou-os o vento.

 

O nossa amor é a força que o temos levado ao rumo certo,

Por isso, o que nos parece longe às vezes está tão perto,

E nos nossos sonhos às vezes criámos tantas ilusões,

Eles ajudam-nos a viver e sentimos nos nossos corações.

 

Este barco onde navegamos está usado e muito antigo,

Mas a sua estrutura tem resistido ao tempo, é um amigo,

Nunca virou a proa às altas ondas que nos metem medo,

Porque sempre soubemos ser firmes, é o nosso segredo.

 

Os nossos sonhos, são as ambições da nossa vida,

Que o nosso barco tem navegado desde a nossa partida,

Ainda não chegámos ao porto do nosso destino,

Onde havemos de descansar da viagem de um longo matutino

 

Enquanto lá não chegarmos, vamos sempre navegando,

Neste mar da nossa vida, a pouco e pouco vamos chegando,

Vamos deixando para trás toda a nossa vivência do passado,

Navegando para o futuro que desconhecemos e nos foi legado.

 

Somos navegadores do tempo, contra as ondas temos lutado,

Algumas derrotas sofremos, as vitórias nos têm aguentado,

Sem nunca desistir, porque o nosso amor é valente,

E o barco dos nossos sonhos vai seguindo sempre em frente.

 

O amor quando é forte enfrenta as tempestades sem temer,

Ele nunca fraqueja, não desiste, tem a vida para vencer,

Viver sem amor, é viver sem lutar e o barco vai ao fundo,

Podemos viver mas a vida já não pertence a este mundo.

 

 

26 de Fevereiro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Rir

 

 

Quando a boca ri os olhos riem também,

E choram de alegria sem mentir a ninguém,

O rosto se transforma numa imagem diferente,

E até o coração trabalha mais forte, é comovente.

 

Rir faz falta à vida, sentimo-nos bem,

É como se recebêssemos um beijo da nossa mãe,

Que enche a alma e os olhos mostram sempre,

Que o rir é saúde e faz bem a toda agente.

 

A tristeza me faz chorar e alegria só me faz rir,

Não quero a tristeza para mim, deixem a tristeza partir,

Para bem longe, saudades dela nunca terei,

A tristeza deita-me abaixo e com a alegria sorrirei.

 

Rir é bom, dá felicidade, dá vontade de brincar,

Mesmo das coisas sérias para a vida continuar,

Faz bem ao coração, é preciso não esquecer,

Que rir não custa dinheiro e até nem faz doer.

 

Se não temos tempo para rir, para amar também não,

Porque amor é alegria que chega do céu ao chão,

Mostremos um sorriso a toda a gente que passa,

Nada custa e fica bem dar um ar da nossa graça.

 

Se a nossa mente quer rir, não a podemos contrariar,

Não lhe fechemos a boca deixemos a vontade soltar,

O riso é liberdade, é tempo que não se deve perder,

Porque rir da vida, é o tempo do nosso viver.

 

 

 

10 de Março de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Transformações

 

 

Aconteceu no mês de Outubro,

A guerra mundial 2 estava ao rubro,

Foi um grande acontecimento,

Eu ainda não tinha conhecimento,

A minha inocência não podia prever,

Porque aconteceu o meu nascer.

 

O grande acontecimento não fui eu,

Mas sim a guerra que aconteceu,

Por causa dela passei tão mal,

Neste país que se chama Portugal,

Que foi tão grande e agora é pequenino,

E eu sou velho por fora e por dentro menino.

 

Os anos passaram e o tempo mudou,

Comecei por ser menino e agora sou avô,

Por isso sou criança por causa dos meus netos,

A quem dou o meu amor e muitos afectos,

Quando entram em casa trazem a alegria,

E eu até nem sei se é noite se é dia.

 

No tempo dos filhos com a idade dos netos,

Eu era jovem e tinha os cabelos pretos,

Agora que tenho as duas gerações,

Tenho os cabelos brancos aos montões,

Sou velho na pele e menino por dentro,

Brinco com os netos, tão lindos momentos.

 

O amor desabrocha como uma flor que nasce,

No jardim dos meus sentimentos aparece,

Reparto pelos filhos e pelos netos meus,

E porque isto acontece dou graças a Deus,

Fico feliz por ser pai e agora avô,

Os tempos são outros e o meu corpo mudou.

 

Os netos vão crescendo e eu vou morrendo,

A Natureza manda e eu bem entendo,

A vida gira no tempo como uma roda gigante,

E por ser avô me considero importante,

Vou cumprindo o meu papel na vida que tenho,

E nela empreguei toda a minha arte e engenho.

 

 

17 de Março de 2012-Estêvão

 

 

 

Já amanheceu outra vez

 

 

Já amanheceu outra vez e eu ainda contemplo,

O céu azul, sentindo a força do vento,

O calor que o Sol me vai dando devagar,

Porque eu ainda tenho lucidez para pensar.

 

Vou conhecendo as manhãs e à noite as estrelas,

E os meus olhos ainda vão podendo vê-las,

Sentindo na minha alma o amor que tenho dentro de mim,

E nunca o deixarei sair enquanto puder ainda viver assim.

 

Vou olhando o mar e o campo verde ou talvez seco,

Vou pisando o chão com os meus passos e ainda peço,

Força e bom senso dentro da minha dignidade,

Vendo gente e ouvindo as suas vozes de cada idade.

 

Tenho a alegria de viver com a vida que Deus me deu,

E por aqui ainda ando vivendo o tempo do meu eu,

Que ainda vou conhecendo e os meus olhos vêem,

E aquilo que ainda penso e escrevo, também lêem.

 

Já vi o mundo muito colorido, no tempo da inocência,

Mas agora que já sou ancião, vou vendo a violência,

E a tristeza de muita gente que tanto quer e não tem,

E a de outros que de terem tanto já não querem.

 

Vou vendo gente que têm como tecto as estrelas,

E outros com palácios olham e não querem vê-las,

Pensam apenas em si e querem mais do que têm,

E não olham para gente sem nada fazem que não vêem.

 

Conheço o mal e o bem que por mim tem passado,

Mas apenas com o mal que vivi me sinto magoado,

Passei pelas duas fases, conheço bem a vida,

A tristeza dos outros por mim será sempre sentida.

 

 

 

18 de Março de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As ondas do mar

 

Eu queria ser como as ondas do mar,

Vão e vêm e tornam a voltar,

Na imperiosa eternidade do tempo,

Empurradas pela força do vento,

Chegam à praia com todo o prazer,

Morrendo e tornando a nascer.

 

Se eu fosse como as ondas do mar,

Seria eterno no meu morrer e ressuscitar,

Teria como irmão o vento que sinto e não vejo,

Este seria o meu grande desejo,

Mas como sou mortal e sempre diferente,

Sou igual a toda a gente.

 

Se o meu desejo se pudesse concretizar,

Seria igual às lindas ondas do mar,

Que vêm de longe sem se saber de onde,

E a sua força a toda a gente esconde,

Abraçam e beijam os corpos sedentos,

E refrescam, com a brisa dos ventos.

 

Venham as ondas até aos meus pés,

Com a força e carícia das marés,

Vão e voltem até para os pés me beijar,

Enquanto eu estiver à beira-mar,

Vendo as gaivotas entre a terra e o céu,

Brancas a pretas, a cor que Deus lhes deu.

 

Como eu gostaria se ser como as todos ondas do mar,

Para todos os navios fazer dançar,

Molhar os marinheiros com o meu poder,

E fazê-los pensar no medo de morrer,

Demonstrando a minha força e o meu amor,

Para sentirem a força do meu valor.

 

 

 

 

24 de Março de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

Loucura viva

 

 

O meu frio louco

Pesa tão pouco,

Eleva-se e vai,

Onde ninguém vai,

Só eu é que sinto,

E por isso não minto,

Que sinto frio,

Apenas me queixo,

Mas não deixo,

Que ele me arrefeça,

E até me impeça,

De bater o coração,

E de dizer não,

Ao frio que me quer,

Tanto arrefecer,

Não me deixo sucumbir,

Tenho de fugir,

Para aquecer,

O meu corpo despido,

Que tem vivido,

Há tanto tempo,

À chuva e ao vento,

À espera do Verão,

E depois ergo a mão

Com um V de vitória,

À minha memória,

Que me faz pensar,

E às vezes chorar,

Mas também me faz rir,

Para me divertir,

Esquecendo o frio louco,

Que me pesa tão pouco,

Quero suportá-lo,

E também levá-lo,

Comigo para o tempo,

Sem um lamento,

Porque sinto frio ou calor,

Estou vivo, tenho amor,

Para dar e aquecer,

Quem o quiser receber,

Fico satisfeito,

Porque do frio me queixo.

 

 

25 de Março de 2012-Estêvão

 

 

 

 

Saudade

 

 

Menina que vais caminhando,

Pela rua, certamente vais pensando,

No teu amor julgando que és uma flor,

Pois na tua idade só se pensa no amor,

Que é tão lindo como a tua idade,

E grande no teu andar e na tua vaidade.

 

A tua idade ainda está a desabrochar,

Como o teu amor que se vê no teu olhar,

Tens a luz brilhante nos olhos lindos,

São duas flores que vão surgindo,

Na idade do teu amor e só pensas nele,

E na tua formosura e na beleza da tua pele.

 

Vais vivendo com as tuas ilusões de agora,

Não deixes que o teu tempo se vá embora,

Aproveita a tua idade que vai crescendo,

E ao mesmo tempo no teu mundo vais vendo,

Apenas o teu amor no teu caminho,

E como foi bom dares o teu primeiro beijinho.

 

A tua idade é uma flor como uma linda rosa,

Que está no seu jardim toda vaidosa,

Com as suas pétalas da cor do teu sangue,

Pede a Deus que o teu amor nunca se zangue,

Com o teu próprio amor que ainda floresce,

E na tua idade ele é tão lindo e aparece.

 

Olho para ti e vejo como meu tempo passou,

Mas eu já fui como tu e ainda aqui estou,

Olhando para ti apreciando o teu andar,

E pensando como é bom o tempo de amar,

Alguém que também nos ama de verdade,

Com toda sua beleza e potestade.

 

Sinto saudades do meu tempo que tens agora,

Pois a tua idade já tive e já se foi embora,

Mas eu estou muito contente por te ver,

Para sentir ainda o meu amor a correr,

Vendo em ti o meu próprio tempo que partiu,

Quando eu tinha a tua idade e o amor sentiu.

 

 

31 de Março de 2012-Estêvão

 

 

 

 

Olhando o mar

 

A tarde chegou e eu fui ver o mar,

Sentir o seu cheiro para me acalmar,

Ver as ondas derreterem-se na praia,

Pelo amor que canta e desmaia,

E os meus olhos viram a terra tocar no céu,

No horizonte longínquo e o Sol me aqueceu.

 

Vi um barco navegando longe de mim,

Mas não me parecia estar tão longe assim,

Os meus olhos iam navegando com ele,

Que até me arrepiava a minha própria pele,

Sulcando as ondas, andando abaixo e acima,

E a espuma das ondas levantavam uma leve neblina.

 

Numa onda perto da praia vi um peixe nadando,

E os meus olhos com ele ia levando,

O amor que me despertava naquele momento,

Sentindo no meu rosto a bela brisa do vento,

Que entrava na minha alma e me dizia,

Que a praia estava longa e a maré vazia.

 

O Sol ia reinando lá no céu curvando já na tarde,

Uma nuvem levava o fogo do amor que se vê e não arde,

Sentindo dentro de mim uma vontade de o puxar,

Para dentro de mim que estava tão perto do mar,

Mas como estava só fiquei apenas pensando,

Que o meu amor na minha casa me estava esperando.

 

Então resolvi regressar, porque estava inebriado,

Queria abraçar depressa o meu amor encantado,

E assim aconteceu o prazer que me deu o vento,

Fiquei envolvido no meu amor, um lindo momento,

Como se fosse um sonho tornado realidade,

E enchi o meu amor de tanta felicidade.

 

 

31 de Março de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Beijos teus

 

Um beijo nessa tua linda boca,

Deixa a minha alma louca,

Nesses teus lábios sensuais,

Os meus beijos nunca são demais,

E nosso amor sempre agradece,

E a memória nunca esquece.

 

Momentos de amor sem um beijo,

Não é amor é apenas um desejo,

O amor dos nossos momentos,

É quente e torna-os ternurentos,

Envolvem os nossos abraços,

Com os beijos nestes espaços.

 

Lábios como os teus são gostosos

Beijam bem e são amorosos,

A sensualidade nasceu contigo,

Ela me faz ir ao infinito,

Não há outros iguais aos teus,

Que me beijam e me levam aos céus.

 

O teu corpo como a tua boca,

Sabem sempre a coisa pouca,

Tu queres sempre mais e mais,

Que provocam gemidos e ais,

Nos nossos momentos mais queridos,

Com os teus belos gemidos.

 

A vida nestes nossos instantes,

São sempre muito relevantes,

Sem este amor ela não tinha graça,

Nestes momentos que ela passa,

Ficam sempre para recordar,

Enquanto nos pudermos amar.

 

Os teus lábios sensuais,

Como eles, certamente não há iguais,

Quando me beijam me envaidecem,

E o meu coração me aquecem,

Assim o amor nunca se destrói,

Nem o nosso coração dói.

 

 

1 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

Chegar, ver e vencer

 

Eu cheguei, vi e venci,

Por isso eu ando por aqui,

Mas não foi de todo fácil,

Tive de ser muito hábil,

Ter muita vontade e querer,

Para poder chegar ver e vencer.

 

Cheguei aqui há muito tempo,

Vi tempestades de mar e vento,

Não me assustei, fui corajoso,

Neste ambiente nada amistoso,

Fui vendo como viver,

Para chegar ver e vencer.

 

Assim que aqui eu cheguei,

Eu sei que muito chorei,

Mas foi apenas por intuição,

E pela força do meu coração,

Que me fez eu respirar,

Neste meu acto de chegar.

 

Eu não conhecia este mundo,

Que é tão grande e profundo,

A pouco e pouco fui vendo,

Que não é fácil ir vivendo,

É preciso tanta e tanta coragem,

Para fazer esta grande viagem.

 

A pulso fui-me erguendo do chão,

De vez em quando um trambolhão,

Fui ganhando algumas feridas,

Com as minhas forças aguerridas,

Caí mas sempre me levantei,

E para a frente sempre andei.

 

Para chegar aqui ver e vencer,

Foi preciso muita coragem e querer,

Para se vencer nesta Terra,

Onde existe a paz e a guerra,

É preciso medo nunca ter,

Para chegar ver e vencer.

 

6 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

Pára de te queixar

 

 

Pára de te queixar e faz alguma coisa,

Deixa de voar e na terra poisa,

As tuas queixas são uma perda de tempo,

São apenas um habitual lamento,

Que condicionam a tua voz e a mente,

Faz pela vida, quem não luta perde sempre.

 

As tuas queixas apenas te vergam ao chão,

Enfraquecem a tua vontade e o teu coração,

A tristeza e os lamentos prejudicam o teu andar,

Até entristecem o teu tempo de olhar,

Para o céu que é azul e tu apenas o vês cinzento,

Pára as tuas queixas e sente a força do vento.

 

Olha as andorinhas como elas constroem o ninho,

Abnegadamente com tanto amor e carinho,

Poisam sempre nos beirais cantando,

Pela vida não desistem vão sempre lutando,

Em todas as Primaveras que são infinitas,

Olha como elas cantam e dão nas vistas.

 

Tu não tens as Primaveras todas, apenas algum tempo,

Por isso, pára de te queixares em constante lamento,

Sonha e realiza, que a vida se torna mais bela,

Retira as tuas queixas e luta apenas por ela,

Que te dá a alegria de viver, por isso vale sempre a pena,

Vivê-la se a tua alma nunca for pequena.

 

Acabando as queixas, acabam também as tristezas,

Mostra que a vida tem valor quanto tu desejas,

Ninguém tem a importância do seu tamanho,

A mente é que nos dá o tamanho que quisermos,

Tudo depende da força da nossa vontade,

Trabalhando é que podes chamar a felicidade.

 

 

 

6 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TU

 

Aproxima-te de mim, pelo tratamento,

Trata-me por tu sem constrangimento,

Assim fica mais perto do meu eu,

E assim ficamos melhor, o tu não perdeu.

 

O simples tu, palavra tão importante,

São apenas duas letras e não distante,

Torna o longe sempre tão perto,

E com as mãos damos um aperto.

 

O tu fica sempre mais perto do coração,

É o símbolo da amizade, aproximação,

De irmão para irmão pela amizade,

Ou por amor a sério de verdade.

 

Trata-me por tu, não fiques distante,

O amor ou a amizade é mais importante,

São sentimentos que se cruzam,

Que se querem e não abusam.

 

Olha nos meus olhos e eu olhos os teus,

Frente a frente como os olhos de Deus,

Que se querem bem, o tu tem esse condão,

Aproxima e não afasta o amigo ou irmão.

 

Trata-me por tu se queres ser um amigo,

Sem o tu aproximar-me de ti não consigo,

Dá-me um abraço pelo nosso tu meu irmão,

Embora não o sejas, és pelo coração.

 

 

 

 

14 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saber ser feliz

 

Na curva da felicidade,

Encontrei logo a vaidade,

Deixei de olhar para o chão,

Pisei logo um coração,

Sem querer saber se o feri,

A respeitar não aprendi.

 

Assim não é ser humano,

Pisando e ficar ufano,

Ser humano é respeitar,

E não ferir ou matar,

A felicidade não é motivo,

Para se esquecer um amigo.

 

Ser feliz com a felicidade de outro,

Não é ser feliz é ser louco,

O que não nos pertencer,

Nada se tira de ninguém para ter,

Ter orgulho num triunfo

À custa de outro é imundo.

 

Ser feliz para ficar contente,

É com mérito que não mente,

É produto da nossa razão,

E não de outro coração,

Ser feliz assim está bem,

E não com o mal de alguém.

 

É com este sentimento,

Que se é feliz no momento,

Na curva da nossa felicidade,

Que nos enche de vaidade,

E não com a mentira vexada,

Que deixa a mente magoada.

 

 

14 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Amo-te como és

 

Os teus lábios são um traço no teu rosto,

Não são sensuais mas eu gosto,

São verdadeiros e sorriem sempre para mim,

Como se fossem uma linda rosa do teu jardim.

 

Quando balbucias a palavra amor,

Os teus lábios ficam quentes mostram rubor,

Não sendo sensuais, beijam-me com carinho,

E assim, contigo nunca me sinto sozinho.

 

Não me interessam os lábios bem desenhados,

Gosto dos teus quando são beijados,

Têm amor, são verdadeiros como céu,

Que é azul e diferente nunca me pareceu.

 

Não gosto apenas dos teus lábios que são um traço,

No teu rosto lindo onde os teus beijos me abraço,

Quando te apanho às vezes distraída,

E depois rimos os dois por esta minha partida.

 

Gosto muito da tua figura como gente,

Tens uma alma boa que mostra e não mente,

Tens sempre amor para dar sem reciprocidade,

Por isso eu gosto tanto de ti e de ti tenho vaidade.

 

Tu és o meu encanto e o meu amor maior,

Não podia ter encontrado ser humano melhor,

Somos diferentes no nosso modo de pensar,

Por isso um ao outro nunca nos devemos anular.

 

Gosto da tua alma e dos teus lábios não sensuais,

Beijam tão bem e como eles não há iguais,

É do teu amor que eu gosto e nada mais desejo,

Sinto sempre muita alegria sempre que te vejo.

 

 

 

 

15 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PEDRAS DOS RIOS

 

 

Pedras esculpidas pelas águas dos rios,

Ficam à vista quando estão vazios,

Deixam de correr em direcção ao mar,

Porque a chuva não cai e o Sol os fez secar.

 

As pedras brilham ao Sol escaldante,

Já não sentem a maré cheia ou a vazante,

A água já não esculpe as suas arestas,

E ficam ao frio e ao calor, já desertas.

 

Calamidade, os rios já não correm para o mar,

E as pedras já não são verdes estão a secar,

A eternidade vai tomar conta delas,

E os peixes já não se alimentam nelas.

 

Alguém secou a fonte que alimenta os rios,

Onde nas suas águas navegavam navios,

Ficaram as pedras nuas a chorar,

Porque os rios já não correm para o mar.

 

As árvores secaram e o ventos as derrubou,

Já não bem a água dos rios, ela secou,

E as pedras continuam ali, jazidas,

A água dos rios já não volta, não há vidas.

 

Pedras que eram verdes e agora são brancas,

E o vento vai soprando nelas até às tantas,

E elas já não falam, têm a boca fechada,

E o vento sopra nas pedras e não dizem nada.

 

Os rios secaram e a água já deixou de correr,

E até o mar ficou chorando, por este acontecer,

As pedras desunidas já batem umas nas outras,

Deixaram os rios e as mentes ficaram loucas.

 

 

22 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

A BELA ADORMECIDA

Ó bela adormecida,

Acorda para a vida,

Toma lá o meu beijo,

Abre os olhos ao meu desejo,

Que te quer ver acordada,

Deixa o mundo do nada,

Acorda para a realidade,

Tens tempo para dormir,

Mais para a frente no devir,

No mistério do tempo,

Onde vai correndo o vento,

E a chuva vai caindo,

Que faz crescer o menino,

Que há-de ser ancião,

Neste bendito chão,

Onde nascem as flores,

De tantas e lindas cores,

Que perfumam o ar,

Para haver vontade de amar,

Deixa o teu sono morrer,

Acorda para o amanhecer,

Onde o Sol faz nascer o dia,

Que é de todos o seu guia,

E quando o Sol se esconde,

Num lugar não sei onde,

Para a noite nascer,

No tempo de adormecer,

Outra manhã vai surgir,

Para que se possa sorrir,

Para a paz que vai viver,

E a vida possa acontecer.

Acorda bela adormecida,

Dá um sinal de vida,

Abre os olhos e respira,

Para a lua que suspira,

Para te ver acordada,

Fala, diz uma palavra,

De conforto para o amor,

E acaba com a dor,

Do príncipe que te quer,

Ver o teu corpo de mulher,

Que dá vida ao mundo,

Deixa esse teu sono profundo,

Acorda e vê o Sol brilhar,

No céu azul a olhar,

Para ver o teu lindo rosto,

E o teu príncipe bem disposto.

22/04/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

UMA ORQUÌDEA PARA TI

 

Toma lá esta orquídea,

Para te dar luz à vida,

É uma flor sensual,

Que não te deixa ficar mal.

 

Põe-na junto ao teu peito,

Ela não tem defeito,

Alegra o teu coração,

Não a deixes cair no chão.

 

Vais recordar quem ta deu,

E nunca se arrependeu,

É o teu amor que ele quer,

Por seres uma linda mulher.

 

Um beijo na orquídea,

Eu dou minha querida,

Como se fossem os lábios teus,

Que querem beijar os meus.

 

O perfume desta flor,

Agarra o belo amor,

Que vem do teu coração,

E eu beijo a tua mão.

 

Quero que te sintas querida,

Recebe esta lindas orquídea,

Dá um beijo nela também,

É um beijo da tua mãe.

 

Esta orquídea eu te dou,

O amor por ela passou,

Foi a primeira que eu amei,

Com tanto amor que só eu sei.

 

 

28 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VERMELHO

 

Vermelho, cor do sangue, cor da vida,

Também é cor de raiva e de coisa proibida,

É a cor da rosa, o símbolo do amor,

É também a cor do fogo que aquece e causa dor,

É a cor do Sol incandescente e que ilumina,

Que também faz a noite e a vida minha.

 

Cor vermelha, cor quente, com frio dá calor,

Imaginando, criando, é ciúme é amor,

Mas a água que não tem cor, não pode viver sem ela,

Que no interior se transforma em sangue, coisa bela,

E que se engole para viver, em vermelha se transforma,

Dando calor à vida e em nada também se torna.

 

Quente e vermelha é alma também pode ser a alma da gente,

Que muda para branca, cor da paz e é vivente,

O bem e o amor não está em toda a parte,

Mas o vermelho e o branco são cores de contraste,

E fundem-se numa só cor em qualquer mente de bem,

Que faz crescer vida no interior materno, o de mãe.

 

Não pensem que o vermelho é cor de guerra,

Isso está na mente de quem não quer beijar a terra,

Que é pisada durante a vida que o tempo concede,

E vai vivendo e pensando mas nada percebe,

Pois o sangue é vermelho da cor da vida,

Que é bela e não pode ser perdida.

 

 

28 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O QUE PASSA E O QUE FICA

 

 

O que fica do que passa,

É conhecimento que abraça,

Segue comigo para a frente,

Servindo de luz à minha mente,

Deste corpo que é meu,

Onde o vento bate e o Sol aqueceu.

 

Nem tudo passa, alguma coisa fica,

Do que já vivi e por isso me obriga,

A saber mais do que sei para saber,

E levantar o ego do meu ver,

Que se eleva do chão sem levantar os pés,

E do sonhar acordado de quando em vez.

 

O que fica do que passa são restos de mim,

Do tempo que já passou, e que já vivi,

Para continuar na minha vivência,

Odiando a humana e vil violência,

Que destrói o que fica, restando a mágoa,

E eu detesto fico cheio de fogo e quero água.

 

Tudo vai passando e para o futuro sigo,

Deixando para trás sonhos que me desligo,

Outros sonhos se seguirão, vou vivendo,

Cada vez mais lento o tempo assim o faz,

Usufruindo do que conquistei com amor e paz.

 

Onde vou chegar eu nunca saberei,

Não quero pensar no tempo que já andei,

Vou guardando o que fica do meu passado,

Para mais tarde do que fiz ser recordado,

Enquanto não acontecer eu gosto de viver,

Sem pensar no tempo que falta, não quero saber.

 

 

 

29 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

FLORES SILVESTRES

 

No campo abundam as flores silvestres,

Apanham bom tempo e ventos agrestes,

Desde a chuva às neve espessa,

Ou qualquer tempo que aconteça.

 

A natureza – mãe cuida delas,

E por isso as faz tão belas,

A natureza pinta – as de várias cores,

Para ela todas são uns amores.

 

A gente que passa e pouco liga,

Às flores que têm lindas espigas,

Por serem flores vulgares não ligam,

E se for preciso também as pisam.

 

Mas, elas mesmo depois de pisadas,

Ainda conseguem ser levantadas,

Lutam sempre até à exaustão,

E se erguem para mostrar o que são.

 

Alguns cheiros e muitos olhares,

De muitos amantes aos pares,

Elas merecem a sua atenção,

Mas, levam consigo segunda intenção.

 

Delas fazem cama para amar,

Até o seu amor quente acabar,

Depois da cama arrefecida,

Uma flor silvestre é oferecida.

 

Às flores silvestres em abundância,

Pouca gente lhe dá importância,

Mas, elas merecem a nossa estima,

Porque ajudam a manter bom clima.

 

Elas enchem os campos de alegria,

Mesmo com muita ventania,

As suas raízes por vezes são cortadas,

Quando a terra é lavrada.

 

Elas tornam sempre a crescer,

Até novamente morrer,

As flores silvestres sempre existirão,

Para dar aos campos expressão.

 

29 de Abril de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Ter ambição

 

Aquele que não luta para ter o futuro que quer,

Não se deve queixar e aceitar o futuro que vier,

A vida é importante demais para não se lutar,

E tem muito pouco tempo para se amar.

 

Se não quiser que nada de mim se perca no tempo,

Eu tenho de lutar sempre nem que seja contra o vento,

Ficar parado é ser mais louco que lutar com ele,

Porque nada acontece e tudo o que sou se perde nele.

 

O futuro é a minha direcção que fica mais além,

E o futuro acontece mas não o agarra ninguém,

Fica o passado para ser às vezes recordado,

Mas nunca mais volta é tempo passado.

 

O que eu faço pode não importar a ninguém,

Mas para mim tem a importância da minha mãe,

E eu quero lutar para vencer sem perder a dignidade,

Que é o que enche a minha alma de vaidade.

 

Parar no tempo sem nunca ter vontade de lutar,

É estar morto ainda vivo, não tempo para sonhar,

Fica banido da vida, embora em pé vivendo,

É um desconhecido que lentamente vai morrendo.

 

Quero lutar sempre com a força dos meus argumentos,

E não com os argumentos da minha força, são tormentos,

Que fervem dentro de mim para ter o futuro que quiser,

Pois só da minha luta, posso ter o futuro que vier.

 

 

 

 

5 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O CÉU DOS PARDAIS

 

 

O céu dos pardais é a barriga dos gatos,

Não podem andar na rua sozinhos coitados,

Os gatos de unhas afiadas gostam de matar,

As presas que são os pardais deixam de voar,

A sua liberdade acabou e a barrigas deles encheu,

Nada se perde, tudo se transforma nada se perdeu.

 

O céu dos pardais ninguém inveja, ninguém quer,

A barriga dos gatos os pardais não querem encher,

Mas são caçados pelos seus predadores,

Que dos pardais gostam, não morrem de amores,

Eles não sabem nada, apenas querem sentir a vida

Assim como os pardais, não a querem ver perdida.

 

Na barriga dos gatos, nem na mente, há maldade,

Apenas vontade de viver, comer é uma necessidade,

Não matam por prazer os pardais que são caçados,

Querem apenas andar na rua, sem estarem calçados,

Mas outros gatos inteligentes que eu conheço,

Matam por qualquer coisa, é triste, merecem desprezo.

 

Gato não sou mas gosto deles e fazem-me companhia,

Passo as mãos pelo seu pêlo e a sua pele é tão macia,

Levantam o rabo e fecham os olhos de prazer,

Mas no céu dos leões, certamente eles não quer morrer,

Gostam dos pardais mas não brincam, gostam de comê-los,

E nunca querem sair derrotados, gostam de vencê-los.

 

O céu dos mais fracos não é igual ao dos mais fortes,

Pois para ambos são diferentes as suas sortes,

Uns comem pela força e outros são comidos,

Coitados dos pardais, pelos gatos são sempre vencidos,

Mas têm asas para voar, têm muito mais liberdade,

Andam na terra e no ar e os gatos na terra da sua vontade.

 

 

5 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

Esquecimento

 

 

Tudo o que não se vê e não se ouve fica esquecido,

Até o nosso ente mais querido e o nosso amigo,

Pois o que os olhos não vêem o coração não sente,

É assim o filme que passa na cabeça da gente.

 

Enquanto os olhos vêem torna-se um hábito,

Banalizamos o que ouvimos e vemos é tácito,

Às vezes damos opiniões sobre o que não vemos,

E sujeitamo-nos a ouvir o que não queremos.

 

Se não ouvimos, não sabemos, não temos conhecimento,

Mas por vezes falamos sem pensar e vem o arrependimento,

Mas, já nada vale, pois o que falamos já não volta,

É como uma pedra jogada, pode ferir e já não torna.

 

É defeito grave falar sem ver, não saber e nem ouvir,

É falta de personalidade sujeitos a corrigir,

Por outros que conhecem a verdade e não gostam,

Que outros falam sem ouvir, nem ver, desgostam.

 

Só devemos falar do que sabemos, vemos ou ouvimos,

Para não perder a dignidade da alma que sentimos,

Quem fala do que não sabe, não ouve e não vê,

Caem em descrédito e posto de lado, talvez.

 

Quando perdemos o que temos às vezes choramos,

Enquanto temos, é um hábito, não ligamos,

E com o tempo acabamos também por esquecer,

Porque já não temos, não vemos e o tempo faz morrer.

 

Somos assim, animais inteligentes com memória,

E de tudo o que fazemos, passa à história,

E ainda bem que assim é, para mais tarde recordarmos,

E vivemos aprendendo e nos exames da vida passamos.

 

 

 

6 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NÃO TE CALES

 

Cala-te tu que eu me calarei,

E eu mais nada te direi,

Ficamos os dois calados,

Como se tivéssemos fechados,

Não na nossa casa de parede

Mas dentro da nossa própria sede.

 

Não te cales, vai falando,

Nem que seja sempre ralhando,

Eu quero ouvir a tua voz,

Que é sempre ouvida por nós,

Eu falo e tua também falarás,

Mas num clima de paz.

 

Também nada de diálogos de surdos,

Nem de conversas de mudos,

Não vamos os dois para extremos,

Porque assim não nos entendemos,

Vamos os dois sempre falando,

Quer seja em paz ou ralhando.

 

Cala-te tu que eu me calarei,

Que eu por ti tudo farei,

Para te fazer sempre falar,

Nem que seja sempre a ralhar,

Mas eu contigo não ralho,

Estou ocupado no meu trabalho.

 

Vai tu falando e vou ouvindo,

E se me apetecer também vou rindo,

Enquanto tu tralhas comigo,

Por me fazer desentendido,

E eu gosto de te ouvir ralhar,

E ouço e não quero falar.

 

12 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ERVAS DANINHAS

 

Piso as pedras da calçada,

Por mim são sempre magoadas,

Não deixo criar ervas daninhas,

Onde crescem e não são minhas,

Mas são nascidas do chão,

E até são belas as flores que dão.

 

Dão à natureza entre as pedras pisadas,

São ervas daninhas não desejadas,

Mas elas nascem e nunca fazem mal,

São depenicadas por qualquer pardal,

Que as vai sempre comendo,

E elas são teimosas vão crescendo.

 

Ervas daninhas chamamos nós,

Mas elas não são más e têm voz,

Têm direito a falar também,

Também têm pai e mãe,

Mas por vezes são abandonadas,

E por isso são sempre pisadas.

 

As ervas também têm de comer,

E até direito a água beber,

A chuva pertence à natureza,

Que lhes dá cor e as embeleza,

Elas serão sempre ervas daninhas,

Onde pousam as joaninhas.

 

Também cresço como as ervas,

E elas nunca são soberbas,

Mas eu as piso e sei quem sou,

E eu nem se quer água lhes dou,

Pertencem à natureza como eu,

E também crescem para o céu.

 

13 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deixem-me sonhar

 

Um sonho é apenas uma intenção,

Que se pensa acordado e de pés no chão,

Mas voando com o pensamento,

Enquanto as palavras leva-as o vento.

 

Eu quero dormir pouco e viver mais,

Pois sonhar nunca é demais,

Quem sonha bem está acordado,

E sente-se mais acompanhado.

 

Sonhando acordado eu quero viver,

E realizando-os se puder,

Pois quem não sonha perde sempre,

Vive e nunca fica contente.

 

Sonhar todos os dias pensando,

O tempo por mim vai passando,

E se eu nunca puder sonhar,

Perderei sempre o meu lugar.

 

O sonho é a minha intenção,

De fazer trabalhar o meu coração,

Para continuar sempre sonhando,

Enquanto o tempo por mim vai passando.

 

Não sou louco por saber sonhar,

Louco será quem me chamar,

Pois enquanto eu vou sonhando,

Todos os dias vou acordando.

 

Quero sonhar, viver e não estagnar,

Assim, eu não sei sonhar,

Os sonhos para mim são vida,

Custa muito a ser vivida.

 

 

19 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A COR DE UM LIVRO

 

A cor preta é a cor com que se escreve um livro,

O papel está morto mas por dentro está vivo,

Basta abri-lo e pôr os olhos a ler,

Que o livro imediatamente começa a viver.

 

Com um livro se aprende e com um livro se chora,

Tanto entramos nele como depressa nos vamos embora,

Basta abri-lo e folha a folha começar a ler

E basta fechá-lo e ele começa logo a morrer.

 

Com palavras simples todos bebem do livro,

Que é uma fonte inesgotável e sempre um amigo,

Que também nos faz rir e meditar também,

Com as palavras que lemos e as oferecemos a alguém.

 

Um livro faz esquecer o tempo enquanto lemos,

E nele às vezes caminhamos e nos perdemos,

Faz-nos sonhar se da sua história gostarmos,

E ele até tem o poder de tantas coisas recordarmos.

 

Quem tem olhos e não lê, é como alguém que não vê,

É ser cego de vontade, gosta e não sei porquê?

Com um livro se aprende coisas que não sabemos,

Por isso é bom ler, com ele sempre aprendemos.

 

O livro faz pensar seja qual for a matéria que contém,

Nele estão lá a palavras de pai e de mãe,

Que são as primeiras que aprendemos ao nascer,

Por isso é muito bom saber ler e escrever.

 

 

 

20 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TENHO PRESSA DE VIVER

 

 

Tenho muita pressa de viver,

Para realizar o que sempre quis fazer,

Escrever um livro uma linda história,

Que vai sair do mundo da minha memória,

E dá-la a conhecer em toda a parte,

Para verem qual é fruto da minha arte.

 

Quero viver, o meu futuro vai encolhendo,

E o meu tempo de viver vai morrendo,

O meu passado no tempo um dia vai parar,

Por isso, quero viver, tenho pressa de sonhar,

Para contar a minha história a toda a gente,

O que foi que saiu da minha mente.

 

Aconteceu, a história já está escrita,

Agora vai correr o mundo de forma expedita,

Fico orgulhoso por realizar este sonho,

Dar a conhecer montado nele e voando,

Por isso estou alegre, a minha história saiu,

Já não é minha, pertence ao mundo, partiu.

 

Quero saber o que o mundo pensa de mim,

Depois de contar a minha história que já li,

Ela não se passou na Terra, no firmamento,

Onde só há estrelas, silêncio e não há vento,

Há paz, a palavra guerra não se conhece,

Lá bem longe, no além, onde nada acontece.

 

Agora que já consegui o que eu queria,

Quero acordar de manhã, para ver nascer o dia,

Já sem pressa, no meu silêncio, no meu bem,

Todos os dias eu recordo o meu pai e a minha mãe,

Como gostariam de ter conhecido a minha história,

Que foi um sonho, uma conquista, uma vitória.

 

Agora, calmamente, outras histórias vou escrevendo,

Já não tenho pressa de viver, a vida vai acontecendo,

Entre a família, o meu pilar, a minha glória,

E eu a guardo bem guardada na minha memória,

A minha idade já não interessa, é o meu tempo,

Onde vou vivendo contente sem lamento.

 

26 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

AMAR EM SILÊNCIO

 

 

Quando precisar de silêncio para pensar em alguém,

Lembro-me que, em silêncio, alguém pensa em mim também,

Só dois amantes que se querem podem fazê-lo em silêncio,

Quer seja à distância, perto ou em qualquer convénio,

O silêncio é o melhor meio para eu pensar no amor,

Em silêncio eu posso sofrer, sentindo uma grande dor,

Por não ser correspondido e em silêncio vou sofrendo,

E no chão, algumas lágrimas cair dos olhos fugindo.

 

Quando paro para pensar em alguém que vou amando,

Esse alguém também pode pensar em mim chorando,

E sem nos vermos podemos dar um abraço com o pensamento,

Sem evitar que suspiremos e deitamos fora um lamento,

Eu preciso deste silêncio até para pensar no amor que acabou,

Com a esperança de o agarrar sem saber que o meu coração chorou,

E vai doendo dentro do meu peito até parar de chorar,

Só vai acontecer se o amor em que penso puder em mim pensar.

 

O silêncio deixa-me pensar, para poder chamar o meu amor,

Não me abandones, no teu ruído, tira do meu peito esta dor,

Que faz sofrer a minha alma neste tempo, sei que pensas em mim,

Vem abraçar-me dá-me o teu silêncio, eu espero por ti,

Não quero estar preso dentro do meu próprio coração,

Estou cansado deste silêncio, desta minha grande solidão,

Quero ir para qualquer lado, para onde o vento me levar,

Não quero mais este silêncio, só quero em ti pensar.

 

Quero aproveitar este tempo porque o tempo já não volta,

O que volta é a vontade de voltar no tempo que de mim se solta,

Para viver todos os meus dias, momento a momento,

Agarrando o tempo que é meu contigo no pensamento,

Pensando junto a ti, beijando o teu rosto como uma rosa,

Pois ela é o símbolo do nosso amor, és a mais formosa,

E nós os amantes do tempo, não devemos perdê-lo,

Vamos continuar não em silêncio mas sentindo e vê-lo.

 

 

 

27 de Maio de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

TERRAS SEM SOMBRAS

 

Terras sem sol e sem sombras,

Longe do nada e sem penumbras,

Nas sombras ficam escondidas,

Ainda existem mas são esquecidas,

Elas têm voz e também boca e ouvidos,

E na sua alma ainda se ouvem gemidos.

 

Vivem sem Sol e sombras sozinhas,

Só há gente velha muito quietinhas,

Onde apenas há sombra da solidão,

Que entra todo o dia no seu coração,

Os seus olhos tristes apenas olham o céu,

Mas lá ainda nada aconteceu.

 

Não há Sol nem sombras nestas terras,

Vivem no silêncio e nos vales das suas serras,

Onde sopra forte o vento e muito assobia,

Pelas frestas das portas de noite e de dia,

Onde é sempre noite no eterno tempo,

E apenas vivem nas bocas do vento.

 

As terras sem sombras estão tão sós,

Onde apenas se ouve do silencio a sua voz,

Que nunca chega às urbes afastadas,

Da sua solidão e das sombras arrastadas,

Pelo vento que apenas se ouve soprar,

E ninguém sabe onde fica este lugar.

 

Estas terras estão longe de tudo e do nada,

Onde ninguém chega e nunca são escutadas,

No tempo que ainda não as esqueceu,

E ficam tão altas e tão perto do céu,

Onde até a chuva não cai por preguiça,

Pois não há nuvens e água não se desperdiça.

 

Viver nestas terras, ninguém quer, certamente,

Mas quem lá vive, saibam que também são gente,

Que  merecem a atenção dos seus mandantes,

Mas lá não vão porque são demais importantes,

Assim, as sombras e o Sol nunca lá vão existir,

Ponham árvores para que as gentes não querem fugir.

 

As sombras da noite e do próprio luar,

Fazem força para o eterno vento chamar,

Pelas sombras que não há e com o Sol aparecem,

Porque os mandantes de pôr lá o Sol se esquecem,

Que existem tantas terras sem sombras,

Que ao pôr do Sol, apenas existem penumbras.

 

Até o inferno que é violento pode lá gelar,

Se o Sol que é quente nunca pode lá entrar,

Não há dinheiro para comprar o Sol para elas,

Sabem que apenas existem quando precisam delas,

O dinheiro que lá não entra tanto arde como arrefece,

E até o eterno tempo por fim delas se esquece.

 

2 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

VENCIDOS E VENCEDORES

 

Os vencidos choram,

Os vitoriosos adoram,

Ver os vencidos no chão,

Com o coração na mão,

Sem forças para se levantar,

E os olhos sem olhar,

Com a tristeza no rosto,

E o corpo descomposto,

Humilhados por terem perdido,

Com o seu corpo ofendido,

O pensamento é que ordena,

E ele também condena,

A pena nunca devem querer,

Antes preferem morrer,

Quem cai também se ergue,

E nem sempre perde,

A vontade tem dono,

E nunca fica ao abandono,

Pois do chão nascem as árvores,

E as manhãs morrem à tarde,

Quem procura sempre alcança,

Quem fica parado não dança,

O vencedor nem sempre ganha,

E o derrotado nem sempre se dana,

Se a inteligência for maior,

E a vontade ainda melhor,

Pois no chão ficam as pedras,

E as daninhas ervas,

E assim, como o que comemos,

E também o que aprendemos,

Sós os fracos ficam no chão,

E os fortes se erguerão,

Pois, cair e levantar,

É próprio de quem sabe amar,

O seu próprio eu,

E nunca se arrependeu,

O céu começa no chão,

E no fim todos perderão,

Acontece a todos os que cá estão,

Quem não luta nunca ganha,

E os seus cacos, apanha.

 

3 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

NÃO QUERO LEVAR A VIDA A SÉRIO

 

 

Eu quero fazer da minha vida uma brincadeira,

A fazer coisas sérias, que a minha mente queira,

Quero aprender e a ensinar, não quero ser egoísta,

Partilhar com os outros para ter largas vistas,

Quero os meus olhos alegres e a sorrir,

Para o mundo onde vivo, e o meu coração sentir.

 

Quero sempre dar um grande abraço de amigo,

A quem me espreita pelo seu postigo,

E dizer que venha à rua sentir a força do vento,

E não levar a vida a sério, sem inveja por dentro,

Dos que têm mais produto da sua vontade,

E fazer o mesmo o mesmo que eu em liberdade.

 

Não quero ficar sempre sério no tempo,

Quero sorrir para toda a gente, com sentimento,

E não dizer apenas palavras que caiem no chão,

E sim ter atitudes amigas que me enchem o coração,

Viver sempre carrancudo não dá jeito a ninguém,

Não ajuda a ter alegria e sentir um beijo de mãe.

 

Ser triste eu não quero, mesmo que seja pobre,

A pobreza não é doença, se a alma for nobre,

Quero sorrir para a Lua, quando ela vai cheia,

Não me interessa ter muita riqueza se for feia,

Quero ser simples, ser digno dos meus actos,

Brincando com a vida com todos os extratos.

 

Quanto não vale ter saúde mesmo tendo pouco,

Não quero ter muito e viver como um louco,

Pela ambição demasiada que me pode matar,

Quero ser como sou, simples, sabendo amar,

Mesmo a quem me inveja e não me queira bem,

Pois este sentimento é mau e não faz bem a ninguém.

 

Quero brincar, não me tirem a alegria de viver,

Não quero invejar ninguém, deixem-me correr,

Pela minha liberdade com que nasci,

Eu gosto de viver a brincar e ter a vida que mereci,

Gosto da sabedoria que a vida me vai ensinando,

Em contentamento que ela me vai proporcionando.

 

8 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

Sofro por ti

 

 

Por ti eu choro,

Porque te adoro.

Por ti também caio,

Por ti desmaio,

Por ti me levanto,

Tudo por amor,

Mesmo que sinta dor

Não se vê mas sinto,

Por ti até minto,

Para não te magoar,

Fico triste e não vês

Sem porquês,

E no meu canto fico,

A ti me dedico,

Por amor é verdade,

Para ti eu sorrio,

Por ti eu tenho brio,

Pelo amor que é meu,

E ainda não se perdeu.

Dá-me um sinal de amor,

Tira-me esta dor,

Que sinto no coração,

Mas não fico no chão,

Sempre me hei-de levantar,

Para sempre te amar,

Assim como te amo,

Também eu pranto,

Lágrimas caídas,

Que ficam perdidas,

De ti não me esqueço,

Nem nunca me despeço,

Fico esperando por ti,

Para estares junto a mim

Não pelo lado de fora,

Assim, não te vais,

Mas sim por dentro

Do meu próprio pensamento.

 

16 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É velho quem quer

 

Vi pêlos negros da juventude, eram tantos,

Mas não eram assim tantos, como os meus brancos,

Naquela praia onde havia corpos despidos,

Mas, certamente, não eram todos amigos.

 

Passeavam tantos, parecendo todos espertos,

De corpos curvados e muitos outros erectos,

Que, pela aparência, pareciam todos iguais,

Mas, via-se neles, as marcas do tempo, os sinais.

 

O meu corpo fazia a diferença muito moreno,

Igual aos outros, mas um pouco mais pequeno,

Mas, as pessoas não se medem pela altura,

Mas sim pela inteligência, vontade e doçura.

 

Chamas vemos nos olhos dos mais novos,

Que também fazem parte dos povos,

Nos olhos dos mais velhos, luz podemos ver,

Enriquecidos pelo tempo e pelo seu saber.

 

Não é velho aquele que perde os cabelos,

E é uma luz imensa ainda poder vê-los,

Mas sim a sua última esperança,

Quando ela se perde a mente já não avança.

 

Não é velho aquele tem ainda o amor ardente,

Para dar aos outros e o seu saber convence,

Que ser velho apenas no corpo aparece,

E a juventude na mente permanece.

 

Ser velho é ter muitas juventudes acumuladas,

E na mente elas estão todas bem guardadas,

Mostrando o corpo velho apenas por fora,

E a juventude da mente ainda não se foi embora.

 

17 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SABER AMAR

 

Diz-se que no amor vale tudo,

Não o estragar, nada de abuso,

Pois o amor é muito delicado,

Tratá-lo sempre com cuidado.

 

Coisas de amor mexem com o coração,

Nunca deixá-lo cair no chão,

O amor a valer não pode ser pisado,

E o seu sentimento conspurcado.

 

O amor não quer ser ludibriado nem mentido,

Tratá-lo sempre como um grande amigo,

A verdade é a sua arma usada,

E a sua essência não pode ser pisada.

 

O amor é sério com ele não se pode brincar,

Ele nasce e vive apenas para amar,

Ele não resiste a qualquer traição,

Faz chorar e doer muito o coração.

 

Lágrimas de amor, lavam os olhos também,

Para que eles vejam bem,

Quem as derrama é quem as sente,

O amor verdadeiro nunca mente.

 

O amor não tem asas mas sabe voar,

É um sentimento louco a sonhar,

Ele é o maior bálsamo para viver,

Cuidado, não deixá-lo morrer.

                                                    

O amor não quer ser muito apertado,

De tanto querer pode ser asfixiado,

Ele gosta sempre de amar em liberdade,

Ele é lindo e gosta de sentir vaidade.

 

O amor ciumento, é um sentimento de posse,

Trata o outro como se dele fosse,

Não consente amizades alheias,

Considera –as sempre muito feias.

 

23 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

 

INIMIGOS

 

 

Não tenho medo do inimigo que me ataca,

Mas sim do inimigo que me abraça,

De quem me ataca eu conheço a sua intenção,

Mas quem me abraça pode deitar-me ao chão.

 

Aqueles que ladram para me conseguir morder,

Ouço a sua voz nunca pode vir a acontecer,

Porque eu ouço a voz que vem do seu ladrar,

E assim, eu posso defender-me e atacar.

 

Quero sentir o meu inimigo sempre por perto,

À minha vista, se possível em campo aberto,

Nunca fora do alcance da minha visão,

Em caso de ataque eu posso amarrar o cão.

 

O inimigo escondido pode atacar sem eu ver,

Não sei quem é, nem me posso defender,

Não o conheço e até pode ser quem me abraça,

E assim, eu não posso saber quando ataca.

 

Não tenho medo do inimigo que me ataca,

Mas sim do inimigo que me abraça,

Quem me ataca amigo não é, certamente,

E amor por mim, eu tenho a certeza que não sente.

 

Mas quem me ataca de frente, não é traiçoeiro,

Não se esconde, é com certeza um inimigo verdadeiro.

Quem é inimigo e me abraça eu desconfio,

Neste acto não sei se é arrependimento ou desafio.

 

Tem o seu coração junto ao meu e os braços nas costas,

Eu não vejo o seu olhar nem as mãos expostas,

Para me atacar com um abraço e uma faca na mão,

E se eu me distraio, pelas costas, ataca-me o coração.

 

É difícil saber quem me quer bem ou não,

Não entro na sua mente mas posso ir ao chão,

Os amigos verdadeiros são aqueles que sofrem por mim,

Até me fazem chorar do mal que eu fiz.

 

Eu não gosto mas devo meditar que me quer bem,

Pois se me fizer rir pelo mal, não é amigo de ninguém.

O ser humano é muito difícil de conhecer,

A fingir pode fazer uma coisa e outra dizer.

 

 

 

Nenhum outro animal é assim tão fingidor,

Pode dar-me amizade mas pode ser um actor

Pode falar muito bem e ser de uma simpatia extrema,

E, ao mesmo tempo, por dentro ri de mim e me condena.

 

É por isso que somos tão humanamente desconfiados,

Porque a nossa mente nos faz assim preparados,

Quem fala de olhos nos olhos parece sincero,

E uns aos outros nos enganamos, é um desespero.

,

Quem é amigo de quem, humanamente se pode saber,

E assim, temos todos que aprender a viver.

Dos animais eu gosto, e sei que não me enganam,

Por isso desconfio dos humanos que até me amam.

 

Eu penso quem bem me quer, mal me quer também,

Só há uma pessoa que me beija com amor, a minha mãe,

E assim eu vivo confuso mas esconder-me não devo,

Quer ficar na multidão para não me entristecer e ficar ledo.

 

24 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A necessidade

 

A necessidade faz o engenho,

E também um grande empenho,

Sem vontade nada se consegue,

Muita gente não percebe.

 

Nada se tem a mente pensa,

Se nada se fizer a fome avança,

O engenho vai funcionar,

A fome se combate trabalhar.

 

Sonhando logo se deseja,

É uma intenção sem tristeza,

Para ter o que se precisa,

O engenho logo avisa.

 

Se uma coisa que queremos,

Temos de parar e pensemos,

Nada se alcança sem vontade,

E o engenho nos invade,

 

Se queremos e não temos,

Portanto, logo pensemos,

O que está longe fica perto,

Se o pensamento for aberto.

 

O querer precisa de poder,

E da vontade para nascer

Ele é apenas vontade forte,

O engenho é o suporte.

 

A inteligência sem vontade,

Não há engenho sem necessidade,

Para ter é preciso querer,

Com a vontade de aprender.

 

30 de Junho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DINHEIRO

 

O inferno pode gelar,

Se o dinheiro lá entrar,

Ele tem uma boca enorme,

Que até o fogo consome,

Tanto arde como arrefece,

Que até do tempo se esquece.

 

O dinheiro é a força do mundo,

Tanto é honesto como imundo,

Ele ajuda a vida e a morte,

E a ter o azar e a sorte,

Tanto faz calar e falar,

Assim como ajoelhar.

 

Ele manda parar e andar,

Manda amar e a matar,

Ele é o céu e o inferno,

Ele é padrasto e materno,

Ele manda no céu e na terra,

Ele faz a paz e também a guerra.

 

Ele paga a morte e a vida,

Ele anda a passo e de seguida,

Ele não sente nem ama,

Ele dá ordens e também trama,

Ele troca a verdade pela mentira,

Ele manda cegar quem mira.

 

Ele manda deitar no chão,

E também a pedir perdão,

Pelo bem que alguém fez,

Com orgulho e altivez,

Ele condena os inocentes,

E liberta os maus das correntes.

 

O dinheiro dá o poder e a fraqueza,

E também o orgulho e a soberba,

Quem o não o tem nada vale,

Nem tão-pouco onde se instale,

Faz do iletrado importante,

E do sábio um ignorante.

 

Ele dá tudo e também o nada,

Faz a vida classificada,

Pela quantidade que se tem,

Sem olhar a pai e a mãe,

E assim somos comandados,

Pelo dinheiro como soldados.

 

1 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Sem pedir nem querer

 

Todos nascemos sem pedir,

Sem poder mandar ou corrigir,

Para se nascer sempre com amor,

Com total ausência de dor,

Atenção! Uma criança nasceu,

Por amor ou não, aconteceu.

 

Uma criança merece respeito,

Quer nas leis ou por direito,

É o preço por ter nascido,

Por amor ou não consentido,

O amor por ela é a razão,

De ter o seu próprio coração.

 

Todos morremos sem querer,

É uma certeza depois de nascer,

Não vale a pena tentar fugir,

Mas sim, viver, chorar ou sorrir,

Sem fazer mal a ninguém,

Mandam os sentimentos do bem.

 

Neste intervalo, nascer-morrer,

É aproveitar o tempo, bem viver,

Não interessa ser rico ou pobre,

Ou ignorante ou nobre,

O tempo que passa já não volta,

É viver, o passado não importa.

 

 

7 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saudades

 

Bate-me aquela vontade de ir embora,

Em qualquer momento ou agora,

Mesmo sem ter para onde ir,

Quando a vontade manda partir,

Sem tentar nunca se consegue saber,

Se foi bom ou para arrepender.

 

Partir com desejo de voltar acontece,

A saudade vem mas não desaparece,

A quem corre sempre para a frente,

Pois ela mexe com o coração da gente,

Lágrimas são o resultado da saudade,

E um dia regressar com vaidade.

 

A vida é um vai e vem de vontades,

Que leva e trás sempre saudades,

É um olhar para a frente e para trás,

De quem sonha e é capaz,

De fazer da vida um tempo de amor,

Para se mostrar o seu próprio valor.

 

Quem no seu lugar não se sente bem,

Vai embora sem saber quando vem,

Leva consigo saudades no coração,

De quem acena na despedida com a mão,

E as lágrimas soltam-se sem querer,

Querer dizer alguma coisa e não dizer.

 

Só temos saudades de quem gostamos,

Por isso de quem se gosta choramos,

Quando se parte o amor em dois,

Para o podermos unir depois,

Num regresso de lágrimas também,

Quem parte chora e quem fica chora também.

 

8 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Bocas sujas

 

Na boca de quem não presta,

Há uma falácia que se detesta,

Quem é bom não vale nada,

É melhor ficar e boca fechada.

 

Nestas bocas sempre sujas,

Com a mente cheia de rugas,

O seu bem é o maldizer,

Não tem nada para fazer.

 

Passa o tempo a dizer mal,

Porque aos outros não é igual,

Pensa que é dona da razão,

Só vive na maldição.

Bocas assim nunca se calam,

E a si próprias se embalam,

Na sua maledicência,

São mentes com muita demência.

 

Para as palavras destas bocas,

Só se deve te orelhas mocas,

Como não prestam apenas invejam,

Ao tamanho dos outros não chegam.

 

Estas bocas nauseabundas,

São todas elas imundas,

Próprias de quem não presta,

Dos outros sentem inveja.

 

Bocas moles em pedras duras,

Nelas se esfregam, estão sujas,

Na mente sentem frustração,

Por não serem como os outros são

 

 

 

14 de Julho de 2012-Eastêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem fez?

 

 

Quem fez o ar que respiro?

Quem fez as lágrimas e o riso?

Quem criou a luz que me ilumina?

Quem me deu a alegria que me anima?

Quem deu força ao vento?

Quem criou o meu pensamento?

Quem criou as flores do campo?

Quem criou as aves voando?

Quem fez o chão que eu piso?

Quem criou a vontade e o vício?

Quem fez o inferno e o céu?

Quem criou o meu eu?

Quem criou as plantas que eu vejo?

Quem criou o meu desejo?

Quem criou o mar imenso?

Quem me deu tudo o que eu penso?

Quem criou todas as estrelas?

Quem me deu os olhos para vê-las?

Quem criou a água que eu bebo?

Quem criou o meu medo?

Quem me deu a inteligência para criar?

Quem deu a cor azul ao céu e ao mar?

Quem criou as altas montanhas?

Quem criou as árvores tamanhas?

Quem criou o frio e o calor?

Quem criou a violência e o bem querer?

Quem me fez nascer para morrer?

Quem fez de mim o que eu sou?

Quem me fez sair do nada?

Quem me deu o tempo da minha idade?

Quem criou o bem e a maldade?

Quem fez os pobres e os ricos?

Quem criou o Sol e a chuva?

Quem criou tudo o que não muda?

Quem foi que me fez nascer?

Quem me deu o meu saber?

Quem criou o Universo?

Quem fez a frente e o inverso?

Quem criou o fim e o princípio?

Quem criou o infinito?

Quem criou o ateu e o teísta?

Quem criou o ator e o artista?

Quem criou os pássaros e o seu canto?

Quem fez o céu e o campo?

Quem deu voz aos animais?

Quem fez deles irracionais?

Quem fez a guerra e a paz?

Quem me fez andar para a frente e para trás?

Quem deu tanta fartura?

Quem fez tanta tortura?

Quem me deu a voz para chamar?

Quem me deu os braços para abraçar?

Quem me deu a fome que eu passei?

Quem me deu tudo o que eu sei?

Quem criou os animais rastejantes?

Quem criou os homens tão importantes?

Quem criou os homens indigentes?

Quem fez os homens tão diferentes?

Quem coloriu as flores?

Quem criou tantos horrores?

Quem criou os planetas sem vida?

Quem criou a flecha perdida?

Quem criou o fogo para aquecer?

Quem criou a chama do amor sem se ver?

Quem criou a eternidade?

Quem me deu o tempo da minha idade?

Quem fez a mentira e a verdade?

Quem fez a tristeza e a felicidade?

Quem fez os braços para matar?

Quem me pôs no meu lugar?

Quem fez a justiça e a injustiça?

Quem fez a traição que me pisa?

Quem é que me quer responder?

Quem é que me pode esclarecer?

Cada um tem a sua explicação

Mas todos nascem do chão.

 

 

 

 

 

15 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mentir não!

 

Mesmo que por mim passes,

Ao olhar para o lado ou fales,

Ou mesmo que passes a correr,

Certamente, até vais entender,

Que eu não te passo despercebido,

Ou se um dia voltarei a ser teu amigo.

 

Eu sei que fui duro mas pela razão,

Por me zangar contigo mas atenção,

Pois a mentira que me vendeste,

É a dignidade que perdeste,

A verdade é durei, eu sei,

Mas nunca por ela me arrependerei.

 

Julgaste-me mal pela minha intervenção,

E até te fiz pensar e olhar para o chão,

Escondendo o teu olhar de frente,

E que o dinheiro te fez trocar,

A verdade pela mentira ao falar.

 

Agora julgaste-me por te por te julgar,

Para mim já não queres olhar,

Porque a mentira te desmascarei,

E com a verdade te enfrentei,

Para pensares bem no que fizeste,

E mesmo assim, te ofendeste.

 

O ofendido fui eu, sou teu amigo,

Se mostrares que estás arrependido,

Pedindo perdão pela traição que não mereci,

Até te podes calar, olha para mim,

Dá-me um abraço mesmo chorando,

Pois o tempo, o resto vai curando.

 

 

 

21 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

Onde está a inspiração?

 

Hoje tenho a minha mente cansada,

Parece que penso mas não penso em nada,

Está sem vontade de nada fazer,

Nem sequer de fazer o que gosto, escrever,

Quando comecei pela primeira expressão,

Que me saiu de dentro do meu coração,

Não pensava em escrever este poema,

Nem sequer para ele tinha tema,

Pensava em escrever de seguida em prosa,

E ao mesmo tempo, cheirar o perfume de uma rosa,

Mas como uma rosa à mão não tenho,

Penso que sonho e que vou e que venho,

Do mar onde estive e que tanto me agradou,

Mas o cansaço para aqui me sentou,

Sem saber o que pensar, a minha mente não quer,

Nem sequer hoje tenho a força do meu saber,

Agora tenho de continuar com esta poesia,

Olhando pela minha janela a luz do dia,

E os meus olhos cansados não se fecham,

Para guardar o sono e as palavras se queixam,

De não sair com a harmonia que é peculiar,

Não posso, não tenho nada para pensar,

Mas com estas queixas eu vou escrevendo,

E com elas vivo e me entendo,

Não me fazem mal, despertam a minha mente,

Do sono que ela tanta falta sente,

Mas, já que comecei, tenho de acabar,

Sem saber o que escrevo estou a pensar,

No fim, quero ter o meu sono de volta,

Que esta noite de mim andou à solta,

Agora chamo-o mas ele não vem,

E eu fecho os olhos sem saber também,

E das minhas queixas vou escrevendo sem querer

E aqui fica o registo do que pensei sem pensar.

 

 

 

 

22 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ser amante

 

A minha amada de voz doce,

Tanta alegria me trouxe,

No momento triste em que me sentia,

Da minha noite escura fez-se dia,

Dos meus olhos nasceu uma chama,

E agora dorme comigo na cama.

 

Não interessa o seu nome agora,

Só sei que a amo a qualquer hora,

Foi o Sol que a trouxe até mim,

E me deixou nesta alegria, assim,

Pois já sentia muito a falta dela,

Como se fosse a flor mais bela.

 

Não é uma rosa de um lindo jardim,

É a flor que amo e a quero para mim,

É simples como eu e linda como o amor,

É a minha mais linda flor,

É a minha amante, tão amante,

E que por isso nos amámos num instante.

 

Quando a vi tinha um vestido deslumbrante,

Mas não foi pelo vestido que foi minha amante,

Mas sim pela pessoa que o vestido vestia,

Que os seus sentimentos eu a queria,

Não é importante a roupa que uma amante veste,

Mas sim pelos sentimentos que se conhece.

 

Escolhi a minha amante não pela aparência,

Os olhos ajudam não vêem em coerência,

Eles enganam a mente facilmente,

Esperei pela resposta da minha mente,

Por isso eu pensei e a minha alma consultei,

Agora estou contente porque não me enganei.

 

 

 

28 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

O meu corpo

 

Trago as mãos nos meus braços,

E nas pernas os meus pés calçados,

São as armas da minha mente,

E o que eles fazem o meu coração sente,

Os meus braços e as minhas mãos abraçam,

E as minhas pernas e os meus pés andam,

Levam o meu corpo para onde eu quero,

E quando o meu coração se cansa, espero,

A minha mente manda e o meu corpo obedece,

O que encontro nem sempre é o que parece,

Os meus olhos são os faróis do meu caminho,

Onde quero encontrar o meu destino,

Que eu desconheço logo à partida,

Quando iniciei a minha vida,

Acompanhado da minha esperança,

Eu espero e a minha alma alcança,

Sem levar a certeza comigo,

Quem encontro não sei se é meu amigo,

O meu corpo até pode ficar parado,

E assim, não chego a qualquer lado,

A minha mente comanda a minha missão,

Com a força da minha ambição,

Sem fazer cair as pernas de alguém

E a minha consciência acha também,

Para chegar à meta e gritar, Vitória,

Sem libertar o passado da minha memória,

É ele que me faz andar para a frente,

Por isso o guardo sempre na minha mente,

Sem nunca perder a dignidade,

Agarrado aos meus braças e às minhas pernas,

Caminhando nas planícies ou nas serras,

Abrindo o meu caminho para o futuro,

Porque o meu passado foi muito duro,

E assim, chegarei ao fim da jornada,

Desta minha grande caminhada,

Que me fez chorar e também sorrir,

E agora eu quero descansar à espera de partir,

Sempre com a minha mente pensando,

E os meus braços e as pernas mexendo,

Até que o tempo me mande parar,

Chego à meta e nunca mais vou voltar,

Estarei vivo enquanto for sendo recordado,

E quando já não for, estou já apagado,

Mas das minhas raízes surgirão,

Pelas árvores pequenas que enchem o coração .

 

28 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

Sentir

 

Eu quero a força do mar,

E a força do meu olhar,

E também a força do vento,

E a força do meu pensamento.

 

O mar faz-me sonhar com o amor,

Sentindo o seu profundo odor,

Que a força do vento me traz,

E dá-me tranquilidade e paz.

 

Quando as ondas correm para mim,

Sinto-me bem, fico feliz,

A força do vento que vem com elas,

Olho o horizonte e penso nelas.

 

Gosto de ouvir o sussurrar do vento,

Que se junta a um frito do tempo,

E o meu corpo sente a sua passagem,

E deixa os sinais na minha imagem.

 

Toco o mar e sinto a ventania,

Eles são a minha companhia,

Com eles sinto a alegria de viver,

Gosto do mar e do vento e vencer.

 

Ouço a voz do vento chamar por mim,

E as ondas do mar me fala assim:

Ouve a minha voz nos teus sentidos,

Não queiras ouvir os gemidos.

 

Respondo com o silêncio dos sentimentos,

Gosto muito destes momentos,

Quando preciso de pensar com o meu eu,

Com tudo o que ele aprendeu.

 

Com o mar e o vento não tenho solidão,

Eles fazem-me levantar do chão,

Ouvindo o seu chamar em melodia,

No meu silêncio e na sua companhia.

 

Quero sentir o vento e o cantar do mar,

Com eles eu aprendo a amar,

Sentindo a força da sua bravura,

No meu corpo que é doçura.

 

29/07/2012-Estêvão

 

 

 

Idade do amor

 

O amor não tem idade,

Nem sequer tempo de vaidade,

A idade tem sempre amor,

Como o desabrochar de uma flor.

 

Quando o amor toca no coração,

Até beijamos o chão,

Que é pisado por outro amor,

De joelhos e sem pudor.

 

A idade do amor, é a idade da vida,

Que começa logo à partida,

Saído do ventre onde foi gerado,

Com lágrimas de ter chegado.

 

Belo é o amor quando se ama,

Do coração nasce a sua chama,

Que arde no peito sem se ver,

Parece que dói sem doer.

 

O amor não conta o tempo,

Ele nasce do pensamento,

Por ele se chora e por ele se ri,

Mas o amor nem sempre é assim.

 

O amor eterno não tem idade,

Tem o prazo de Deus em liberdade,

Não magoa o corpo nem o tempo,

Anda no ar como o pensamento.

 

O amor tem princípio e tem fim,

Nasce como uma flor de um jardim,

Também nasce e morre sem morrer,

Sente-se no coração e nos olhos se pode ver.

 

                                            O amor é leve como uma pena,

Mas às vezes dói e deixa pena,

Quando parte e anda à solta,

Choramos por que não volta.

 

 

29 de Julho de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A janta tá pronta

 

 

Ó Antóino!

Ó filho dum demóino!

Na ouves ê chamar?

És surdo ou queres apanhar?

 

Diga mãe!

Ê ouvi bem,

O qué que quer senhora,

Pra que me quer agora?

 

Vai chamar o rai do tê pai,

Tá o jantar na mesa e na vem,

Anda metido no vinho,

Ainda parte o focinho.

 

Ó mãe deve estar escarado,

Na vem da taberna nem amarrado,

Ê vou lá e ele me bate,

Na mereço que me maltrate.

 

Ó sê filho dum corno,

O jantar já tá morno,

Daqui a pouco arrefece,

Aida levas um tabefe.

 

Pai, a mãe chama, jantar tá pronto,

De chamar tanto tô tonto,

Com o cheiro do vinho maldito,

Na digo mai nada, tenho dito.

 

Diz à tua mãe quê já vou,

O vinho ainda na acabou,

Na quero que me apequentes,

Ainda te parte os dentes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Olhe mãe, o pai na quis vir,

Ele só faz é cair,

Tem tamanha bebedera,

Já partiu a fessenhera.

 

Ó António, filho do diacho,

Na digas mai nada, tá calado,

O tê pai que jante o vinho,

E que parta o focinho.

 

Olha, lá vem o tê pai,

Tã depressa salevanta como cai,

Ele que jante com o cão,

Com o que tá no chão.

 

Ouve lá ó melher!

Dá-me lá uma quelher,

Pra quemer esta merraça,

Se nã na sei o que te faça.

 

Ó home dum diacho

Tas bêbedo que nem um cacho,

Estás a quemer a quemida do cão,

 Ò home a tua tá no fogão.

 

 

 

 

 

4 de Agosto de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim a vida acontece

 

 

O Sol a nascer,

É a vida a acontecer,

É o desabrochar de uma flor,

É o acontecer do amor,

É o sentir do coração,

Que faz sentir os pés no chão.

 

É o dia a acontecer,

É a manhã a crescer ,

É o acontecer da respiração,

É o bater do coração,

É o princípio do sonhar,

É a vida a começar.

 

O Sol a acordar,

No amanhecer do mar,

Começa o azul do céu,

Dentro do coração que é meu,

Da alma que é minha,

A sombra cresce e caminha.

 

É o verde do campo a brilhar,

São os malmequeres a desabrochar,

E o mundo começa a mexer,

Com o Sol a nascer,

E tudo assim se mexe,

Quando a vida acontece.

 

Brilham à noite as estrelas,

Como é lindo vê-las,

Esperando por outro amanhecer,

Com o Sol a nascer,

E a vida se vai repetindo,

E o tempo vai fugindo.

 

Os rios correm para o mar,

Para trás não sabe voltar,

É como o tempo que passa,

Uma nova vida regressa,

E assim o Sol vai nascendo,

E a vida vai acontecendo.

 

 

 

                                             5 de Agosto de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

Até as sombras se vendem

 

 

Até as sombras se vendem,

E os compradores não entendem,

Que o Sol é de toda gente,

E até a sombra lhe pertence,

E os vendedores querem ganhar,

Quando a sombra se formar.

 

Da minha sombra faço negócio,

E ao mesmo temo é o meu ócio,

Feita à beira do mar,

Para alguém se refrescar,

E o vento sopra também,

E para a sombra também vem.

 

Mas o vento nada paga,

Não se vê nem se apaga,

Ponho o chapéu ma cabeça,

Espero que o Sol aconteça,

Quem na minha sombra quiser ficar,

A mim tem de me pagar.

 

Paga a sombra que eu faço,

Mas dela não me desfaço,

Quando o Sol aparecer,

Desde de manhã ao entardecer,

E depois lá para o fim da tarde,

Quando ele não se vê mas arde.

 

Aparece a noite toda sombria,

À espera que venha o dia,

E o Sol começa de novo,

Tem o ventre cheio de fogo,

Eu recomeço a sombra a vender,

Para eu poder viver.

 

Com a luz que ele me dá,

A minha sombra se formará,

Com a luz da sombra vou vivendo,

Enquanto a vida for acontecendo.

 

 

11 de Agosto de 2012-Estêvão

 

 

Palavras vendidas

 

Eu dou o que não tenho,

Com palavras do meu engenho,

Eu recebo o que me dão,

Digo obrigado e dou a mão,

Que não sai do meu braço,

Para receber sem cansaço.

 

As minhas palavras ofereço,

Por elas eu nada peço,

Mas há palavras vendidas,

Que podem causar intrigas,

Pelas minhas não quero nada,

Dou-as de mão beijada.

 

As palavras que dou sem medo,

Sem apontar o meu dedo,

Elas não ferem quem as recebe,

É como a água que se bebe,

Fazem bem a quem as beber,

Se as quiserem receber.

 

Se dou palavras sem intenção,

Recebo o valor com a outra mão,

As palavras que estou vendendo,

Com elas eu vou vivendo,

Outras palavras vou estudando,

Vou aprendendo e vou andando.

 

Se das palavras faço profissão,

Não as deixo cair no chão,

Já paguei para as aprender,

Por isso tenho de receber,

Porque a vida custa dinheiro,

Que manda no mundo inteiro.

 

Palavras que podem matar,

Não as vendo nem as quero dar,

A vida é a minha razão,

Defendo-a até à exaustão,

As de amor gosto de oferecer,

É do meu gosto e dá prazer.

 

 

 

 

12 de Agosto de 2012-Estêvão

 

 

O tempo não voltou

 

O amor que eu conheci,

No tempo que já perdi,

Era linda como uma rosa,

Era tão meiga e tão formosa.

 

Trazia o amor no seu olhar,

Com vontade de me beijar,

Até parecia que o tempo faltava,

Quando o amor começava.

 

As suas palavras eram sentidas,

No meu coração eram metidas,

Pelos abraços uníamos os corações,

Eram tantas e tantas emoções.

 

Como eu recordo a sua juventude,

Esse tempo de amor que me ilude,

Já não sente o amor a arder,

E a vida áurea do nosso prazer.

 

Meu amor porque ficaste tão fria,

Onde está o tempo da nossa alegria,

A minha alma triste sente,

O amor por ti, o meu coração não mente.

 

Já não há beijos e aqueles abraços,

O amor se perdeu aos pedaços,

Parece que te sentes mal junto a mim,

Mas ainda sinto amor por ti.

 

Como eu gostaria de sentir o teu calor,

Com os beijos do teu amor,

Já não tens nada para me dar,

Penso em ti com vontade de chorar.

 

Agora somos apenas dois amigos,

Dormimos na mesma cama, sem ouvidos,

Mas eu sinto vontade de te amar,

Mas nem sequer me queres beijar.

 

 

 

Tavira, 25 de Agosto de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As bocas de um povo

 

As bocas de um povo ninguém pode calar,

São muitas e difíceis de desarmar,

Elas não se calam pela razão,

São bocas de voz alta nascidas do chão.

 

O poder das armas até pode cair,

Perante as bocas de um povo a rugir,

Cai no chão com sangue derramado,

E o poder das armas ficará enterrado.

 

As bocas de um povo no tempo amordaçadas,

É um leão cheio de forças zangadas,

Unidas pela razão e sofrimento,

Que podem rebentar a qualquer momento.

 

As bocas de um povo não se podem calar,

É a força da dor que as fazem gritar,

Quando cerceados os seus direitos são,

São forças duras que se erguem do chão.

 

As bocas de um povo, são a força da justiça,

Quando qualquer poder as tem submissas,

O poder promete o que não pode cumprir,

Cuidado, as bocas também sabem rugir.

 

 

 

 

 

 

Tavira, 26 de Agosto de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A flor que caiu no chão

 

 

Uma flor linda da cor do meu coração,

Estava triste caída no chão,

Levantei-a e coloquei-a ao meu peito,

E deitei-me com ela no meu leito,

A flor ganhou ainda mais cor,

Despertando em mim o meu amor.

 

Bendita flor que ergui do chão,

Com um gesto da minha própria mão,

Com carinho dei-lhe água, tinha sede,

Ficou ainda mais vermelha, macia e leve,

O vento levou-a para o seu jardim,

Mas ela recusou, voltou para mim.

 

Coloquei-a num vaso de terra carente,

E a minha flor vermelha ficou tão contente,

Até as suas folhas verdes estão brilhantes,

Parecem estrelas do céu tão cintilantes,

E eu sinto tão bem por tê-la salvado,

Do chão, caída, que todos os dias é pisado.

 

Agora estou feliz por velas todos os dias,

Com as suas lindas pétalas tão sadias,

Pelos abraços unimos coração com coração,

A flor agora é minha, nasceu do chão,

Da terra que a criou desde pequenina,

Ela é a minha flor, a minha menina.

 

 

 

 

 

 

Tavira, 1 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

Não me deixem morrer

Eu sou um livro,

Eu quero ser lido,

Fui criado para viver,

Não me deixem morrer,

Nasci dum pensamento,

E concebido no tempo,

Eu já não fico perdido,

Quero ter um amigo,

Que me abra para ler,

É assim que posso viver,

Não sei quem foi o autor,

Só sei que nasci com amor,

Não me deixem fechado,

Senão fico ignorado,

Um livro assim não quero ser,

Tenho uma história para ler,

Não me deixem morrer,

Quem me quiser adotar,

Não me pode ignorar,

Não quero ficar na estante,

Assim fico ignorante,

Pois se ninguém me leu,

De mim nada aprendeu,

Quero ser um livro,

Para ler e ficar vivo,

Fazendo rir ou chorar,

Sou uma história para contar,

Não me deixem fechado,

Numa estante encostado,

Envelhecendo com o tempo,

Dêem-me apenas um momento,

Abram as minhas páginas,

Sequem as minhas lágrimas,

Se me lerem eu agradeço,

Por favor eu lhes peço,

Não me deixem fechado,

Para ler eu fui criado,

Ganhem gosto pela leitura,

Ler dá amor e abertura,

A quem deseja conhecer,

Mais coisas para o saber,

Pois ele não ocupa lugar,

Comigo podem começar,

A ter o gosto de aprender,

Um livro não pode morrer,

Abram a vossa mente,

Quem não lê não aprende.

Tavira, 1 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

No tempo dos meus sorrisos

 

 

Nos momentos dos sorrisos,

Eu tinha tantos amigos,

Quando eles se abaram,

Todos eles se afastaram,

Não eram amigos coração,

Eram amigos de ocasião,

Não sei se a culpa foi minha,

Se dos amigos que tinha,

Estou em casa, vou escrevendo,

O que me vai acontecendo,

Tenho forças para continuar,

Dos amigos vou desconfiar,

Os amigos verdadeiros aparecem,

Quando os males acontecem,

Os amigos eu posso escolher,

E não os pais que me fizeram nascer,

E enquanto o tempo me deixar viver,

Sejam eles falsos ou não,

Eu não vou ficar no chão,

Quero ter forças para me levantar,

E ter uma grande vontade de amar.

 

 

 

 

Tavira, 1 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deus escreve…

 

Deus escreve direito por linhas tortas,

Quando se fecham janelas abrem-se portas,

Quando se fecham portas, abrem-se janelas,

Terminam  as coisas feias, chegam também as belas,

Perante o azar chega a sorte a seguir,

É preciso acreditar no tempo do devir,

É a esperança que nos segura em pé,

O que é preciso é não perder a fé,

Acreditar no futuro sem esquecer o passado,

Fecham-se portas, abrem-se janelas,

São mais pequenas mas o Sol entra por elas,

Deus escreve direito por linhas tortas,

Temos de saber carregar com a fé às costas,

Pode ser pesada mas vale a pena carregar,

No futuro a vida nos vai aliviar,

Depois vêm os sorrisos e o coração sente,

E alegra tanto a alma da gente,

No fim, rimos ganhámos a aposta,

Que a vida quer e nos mostra,

Que vale a pena apostar para vencer,

Para a esperança nunca morrer.

 

 

 

 

 

 

 

Tavira. 8 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pensar para dentro

 

 

Profundo é o mar e o pensamento,

De quem pensa apenas para dentro,

Procurando explicações para o que não entende,

E encontra dentro de si o que pretende,

Mergulhando no oceano da sua memória,

Onde pode encontrar o sabor da sua vitória.

 

Gosto tanto de mergulhar no meu eu,

Para em coisas que ninguém conheceu,

Vou lá bem ao fundo perguntar quem sou,

E a minha consciência responde aqui estou,

Para te ensinar a descobrir o que queres saber,

Como nasceste, como és, tentares perceber.

 

Na profundidade, não tenho luz mas vejo bem,

Porque a luz está no meu saber que a mente tem,

De olhos fechados no oceano da minha ignorância,

Para alcançar o conhecimento da minha importância,

Lá no fundo quero ver o que não vejo com luz,

Mesmo de olhos cerrados o conhecimento me seduz.

 

Nadando à superfície pouco ou nada saberei,

Vivo triste com o muito pouco que sei,

Por isso quero ir ao fundo do mar que é meu,

Pensar do que quero saber do meu próprio eu,

Mas, por muito que eu aprenda é sempre pouco,

Sabendo muito muita gente me chama louco.

 

Enquanto a vida me der luz quero ir ao fundo da questão,

Que começa cedo pensando a partir do chão,

E daqui inicio o meu mergulho na profundidade,

Dentro do meu eu, porque o saber não tem idade,

De menino comecei logo a querer saber como nasci,

E como era o mundo antes de eu estar aqui.

 

 

Tavira, 9 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Agiotas

 

 

Cuidado com os agiotas.

Eles são peritos em batotas,

São inteligentes e bem dotados,

Vivem apenas dos enganados,

Armando as suas ratoeiras,

Com palavras bonitas e traiçoeiras.

 

Usam apenas as palavras,

Para as suas trapaças,

Vestem bem e são bem parecidos,

E pela aparência não são bandidos,

Usam argumentos já muito usados,

E raramente são apanhados.

 

Só quem já foi usado por eles,

Não caem segundas vezes,

Desconfiam de tudo e de todos

Para não serem chamados de tolos,

As vítimas são tentadas,

Pelas palavras argumentadas.

 

Os agiotas falam bem, sabem armar

Não gostam de trabalhar,

Fazem das palavras as suas armas,

E fazem as pessoas parvas,

Eles sabem sempre escolher,

Quem querem convencer.

 

Ganham a vida a enganar os outros,

Os agiotas não são muito poucos,

São políticos por natureza,

Enganam com a maior destreza,

Com uma lisura impressionante,

São bons atores e bem falantes.

 

Agiota não é um qualquer,

São estudiosos para convencer,

Fazendo da mentira uma verdade,

Com muita facilidade,

Usando a inteligência para enganar,

Com as palavras que sabem usar.

 

 

Tavira, 15 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LUTAR

 

As vezes que lutei,

Eu perdi e ganhei,

Mas se deixar de lutar,

Eu nunca vou ganhar.

 

Se quiser ser vencedor,

Tenho de ser um lutador,

A vida chama por mim,

E eu respondo, estou aqui.

 

Com ela vou continuando,

E por ela vou lutando,

Enquanto ela me pertencer,

Vou lutar para vencer.

 

Só luta quem tem vontade,

E do saber ter vaidade,

Pois só lutando se consegue,

E quem não luta sempre perde.

 

 

 

 

 

16 de Setembro-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A rosa que eu pintei

 

 

No meu coração pintei uma rosa,

Ela é vermelha e formosa,

É o símbolo do amor no meu coração,

É nele que eu sinto o teu amor, não digas não,

Se não queres ver a rosa bela murchar,

E o meu coração pelo teu amor a chorar,

 

A pintura desta rosa feita pela minha imaginação,

Fica tão bem dentro do meu coração,

Porque ele quer guardar o teu amor também,

Ele sente o teu amor e não o de mais ninguém,

Não deixes o meu coração vazio, quer o teu amor,

Fá-lo feliz, não o deixes triste, não lhe causes dor.

 

Não é que esta rosa começou a crescer?

E agora o que é que eu hei-de fazer?

Já sei, vou pintar no meu coração também o teu,

E assim esta rosa cresce entre o teu e o meu,

São dois amores que se amam sem saber,

E a rosa que pintei no meu coração vai crescer.

 

Com a minha imaginação voei para dentro de mim,

E a rosa que eu pintei no meu coração é para ti,

A minha imaginação é fértil, consegue voar,

Ela vai pousar no teu coração para amar,

Esperando que a recebas de braços abertos,

A rosa que pintei não tem espinhos encobertos.

 

A rosa que pintei no meu coração é vermelha,

E com a cor do meu coração se confunde e se assemelha,

Só eu é que a posso ver junto ao teu coração pintado,

Dentro do meu para se sentir sempre acompanhado,

E os dois juntos vão viver este amor imaginário,

Só eu sei e ninguém pode dizer ao contrário.

 

 

 

 

22 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

Dizer a verdade

 

Ensinaram-me a dizer a verdade,

E utilizá-la sempre com vaidade,

Mas quando a digo a alguém,

Todos levam a mal e se ofendem.

 

Eu sei que a verdade deve ser dita,

Custe o que custar, não pode ser omitida,

Não se pode julgar quem a profere,

Mas sim, quem usualmente a fere.

 

A verdade ferida pode até morrer,

Deve ser sempre salva para continuar a viver,

Para que a justiça seja bem aplicada,

E nunca possa ser conspurcada.

 

Eu quero viver sempre com a verdade,

É o meu conhecimento não cobarde,

Hei-de sempre usá-la em todos os momentos,

Ela faz parte integrante dos meus pensamentos.

 

A verdade é um sentimento muito nobre,

Ela é pertença de qualquer pessoa rica ou pobre,

Ela não é exclusivas apenas de pessoa bela,

Mas sim, de quem aprendeu a viver com ela.

 

 

Tavira, 23 de Setembro de 2012- Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como é bom amar alguém

 

Como é bom ter amor por alguém,

Que goste de nós e nos ame também,

A vida assim vivida tem outra cor,

Quando ela é vivida com amor,

Pois sem amor não tem graça viver,

Sem amor mais vale não nascer.

 

Com ou sem amor todos nascemos,

E com ou sem ele todos vivemos,

Mas a diferença entre o ter e o não ter,

Faz a diferença do nosso modo de viver,

Pelos exemplos que damos pelos sentimentos,

É pelo modo de viver que todos mostramos.

 

Um abraço sem amor, é um abraço frio,

Que arrefece o nosso coração sem brio,

Quem não tem amor não sabe abraçar,

Nem sequer sabe o que é amar,

Dois corações são unidos por um abraço,

E ambos se apertam pelo seu laço.

 

Amar e ser amado é um contentamento,

E o coração sente lá bem por dentro,

Sente-se um gosto especial pelo amor que damos,

Assim como sentimos prazer quando o recebemos,

Por isso, amar alguém é sempre belo,

E quem não ama não sabe o que é senti-lo.

 

Dar e receber amor nunca ninguém se cansa,

Alimenta a alma e não deixa cair a esperança,

Para irmos vivendo com alegria no coração,

E até os pés ganham asas e se levantam do chão,

Dando força à vida para continuar,

Para viver com alegria e por ele também chorar.

 

 

 

29 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sementes

 

 

Cada um colhe o que semeia,

Seja coisa má ou coisa feia,

Por isso, primeiro temos de pensar,

O que podemos e ou vamos semear.

 

Enterrar as sementes é o ideal,

Depois, cuidar delas é o essencial,

Não pode faltar água e carinho,

Se quisermos beber bom vinho.

 

Cada um pode semear o que quiser,

Depois pode colher o que puder,

É nas raízes que começa a vida,

Mas nem sempre é entendida.

 

A colheita dá sempre o resultado,

Daquilo que foi semeado,

Quem boas sementes semear,

Bons frutos certamente vai guardar,

 

Quem semeia ventos colhe tempestades,

Foram semeados das próprias vontades,

É sempre melhor semear com o coração,

Pois todas as sementes crescem do chão.

 

Crescendo e semeando como pessoa,

A boa vontade e o amor ou coisa boa,

Destas sementes só podem nascer,

O amor dentro da alma para viver.

 

Nada custa semear o amor,

Que é o sentimento de maior valor,

Sem ele não vale a pena viver,

Pois viver sem ele não vale a pena nascer.

 

 

 

 

30 de Setembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diferenças

 

A verdade ama

A mentira difama

A verdade defende

A mentira ofende

A verdade faz chorar

A mentira faz sonhar

A verdade dá dignidade

A mentira falsidade

A verdade é o caminho

A mentira leva o menino

A verdade dói

A mentira destrói

A verdade diz não,

A mentira cai no chão

A verdade faz sentir

A mentira faz sorrir

A verdade é feia,

A mentira é uma teia

A verdade é pesada,

A mentira inventada

A verdade é decente,

A mentira indecente,

A verdade faz viver,

A mentira faz morrer

A verdade é dura

A mentira impura

A verdade é luz

A mentira seduz

A verdade não teme

A mentira treme

A verdade olha de frente

A mentira sempre mente.

 

 

 

Tavira,6 de Outubro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O velho e o novo

 

O velho dá conselhos

Vê o tempo nos espelhos,

Os sinais que ele deixou,

Do tempo que já passou.

 

O novo não pensa assim,

Em tudo vê um jardim,

Abraça o mundo inteiro,

Com o seu coração altaneiro.

 

O velho pensa na idade,

Doutro tempo tem saudade,

Mas o tempo já não volta,

Dele já não se solta.

 

O novo é sorriso constante,

Julgando que é importante,

Olha o velho com desdém,

Pela idade que já tem.

 

O velho diz: já fui como tu és,

Como eu sou tu não te vês,

À minha idade chegarás?

Pensa e pensarás.

 

O novo nada teme,

Pega em qualquer leme,

Segue em frente sem temer,

Nunca pensa que há-de morrer.

 

O velho tem a experiência,

Do tempo da sua vivência,

Sabe ensinar o que aprendeu,

E do saber nunca se arrependeu.

 

O novo pensa que sabe tudo,

Depois de ter um canudo,

Mas saber é infinito,

E o que se aprende é bonito.

 

O velho já foi novo,

Ele pertence a um povo

O novo velho será,

O tempo assim o dirá.

 

Tavira, 7 de Outubro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

O centro do mundo

 

 

O centro do mundo eu sei onde fica,

É onde está o dinheiro e a sociedade rica,

Outro lugar tão importante não pode ser,

É onde manda o dinheiro e o diabo pode viver.

 

O centro do mundo acontece em qualquer lugar,

Basta que o dinheiro ordene o diabo mandar,

O dinheiro até pode ser o centro do Universo,

Mesmo que seja aplicado de modo perverso.

 

O centro do mundo até posso ser eu,

Se o dinheiro de repente o meu saco encheu,

Não preciso ter sabedoria ou ser pessoa ignorante,

Com o dinheiro no meu saco sou importante.

 

Com o dinheiro tudo pode girar à minha volta,

Todas as pontas estão atadas e nenhuma se solta,

O dinheiro dá-me força e muita arrogância,

Até o valor que não tenho é uma falsa importância

 

Se o dinheiro é sempre o centro do mundo,

Ele marca o lugar que é de todos o mais imundo,

Neste lugar o patrão é sempre o dinheiro,

Que faz o papel do diabo com pele de cordeiro.

 

Odeio que o centro do mundo seja considerado assim,

Não haverá outro poder mais poderoso que lhe ponha fim?

Deixem o amor sentimento ser o centro do mundo,

E que fique na mente dos homens de onde é oriundo.

 

O centro do mundo tem o dinheiro mas não a eternidade,

Tudo gira no centro, protege a mentira e mata a verdade,

Mas, o dinheiro até compra a cama mas não o sono,

Não há dinheiro que compre embora tenha dono.

 

 

 

 

 

13 de Outubro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

Voando num cavalo de fogo

 

O que fica para além do azul do céu,

Conhecer sempre foi vontade que me deu,

Por isso penso e também raciocino,

Desde o tempo da idade de menino,

Com toda a força da minha imaginação,

Que pode fazer-me levantar os pés do chão,

E vou para onde ela me quiser levar,

Pois com a minha imaginação eu posso voar.

 

Já fui e já vim do além do azul do céu,

Com a minha imaginação e aconteceu,

Voar com ela através de um sonho de ficção,

Que me fez bater mais depressa o meu coração,

E escrevi este sonho num livro e passei a voar,

Numa história linda que me fez rir e chorar,

E então com a minha imaginação voei para o além,

Onde penso que esteja a minha mãe.

 

Voei muito longe, para além das estrelas,

E como foi tão lindo poder ver e estar com elas,

Num cavalo de sonho e também sonhador,

Que me fez ir ao encontro do meu amor,

Que descobri perdido no cantinho de um planeta,

Cheia de medo e então escrevi com a minha caneta,

Que a amava e depois o sonho pareceu-me realidade,

E a ela me juntei pensando que não era verdade.

 

Esta história, certamente já correu de mão em mão,

Através do livro que escrevi saído do meu coração,

Com todo o sentimento que até me fez encantar,

E agora estou contente por ver este meu livro também voar,

Pousando na mente de quem gostou de o ler,

Com ele também sonhando durante o tempo que o leu,

E certamente também alguma coisa aprendeu,

Pelo menos a dar e receber o amor que cada um tem,

Do próprio amor para dar ou receber de alguém.

 

 

 

 

7 de Outubro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem ama sofre

 

Muito sofrem quem ama,

Quer na rua quer na cama,

Quando o amor não é compensado,

Pelo amor que temos ao lado,

Umas veze se tem toda a satisfação,

E outras vezes ficamos com a desilusão.

 

Quando amor nos causa uma coisa e outra,

Qualquer pessoa pode ficar louca,

Quando a aparência e o prazer nos encanta,

E a realidade nos desencanta,

Pois o amor deve ser bem concebido,

Para que o ato do amor não seja desiludido.

 

Muito sofre quem ama,

Pelas palavras o amor nos trama,

Quando nos deixamos levar por elas,

E  nos enganamos quando são belas,

Pois muitas vezes há uma desilusão,

Quando o seu valor não correspondem à ação.

 

O amor é simples, mas também é complicado,

Quando é triste e se canta o fado,

Para afastar as mágoas do coração,

E o amor não fique no chão,

Damos um abraço de despedida,

Para que se feche a nossa ferida.

 

 

 

 

 

Tavira, 14 de Outubro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Onde fica a sorte?

 

 

Entre o vento sul e o vento norte,

Fiquei sentado à espera da sorte,

A sorte não chegou enquanto fiquei sentado,

E por ela nunca fui procurado,

Levantei-me puxei pela vida para a frente,

À procura da sorte para que ela entre,

Na minha vida para que deixe de ser triste,

Pois a sorte nunca chega a quem desiste.

 

A sorte não bate à porta de ninguém,

É preciso procurá-la, sí assim é que ela vem,

Lutando, desbravando caminhos para vencer,

E só assim, a sorte me pode acontecer,

Sentado não fico vou saber onde ela mora,

É preciso correr atrás dela pela vida fora,

Foi assim que eu fiz e, assim, consegui encontrá-la,

Sinto-a no meu corpo e na minha mente, vou levá-la.

 

 

Encontrei a sorte, mas deu-me muito trabalho,

E só assim, fiquei a saber quanto valho,

Se tivesse ficado sentado, a sorte nunca iria aparecer,

Para mim, nunca viria e sem a ver iria morrer,

A sorte é linda de corpo mas tem cara feia,

E quem no luta por ela nunca terá a casa cheia,

A casa ficará vazia se não formos ao seu lugar,

Pois ela não tem lugar certo para morar.

 

Andei de noite e de dia contra o vento norte,

E o vento sul me disse que entre os dois estava a sorte,

Caminhei sempre entre os dois para a encontrar,

E o vento sul e o vento norte, levaram-me ao seu lugar,

Que fica onde a minha vontade me quiser mandar,

E só assim, com vontade com ela eu posso viver,

Aprendi muito com a vida porque gosto dela,

E a minha vontade e a sorte me levou até ela

 

 

 

Tavira, 20 de Outubro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

Gosto que me chamem velho

 

 

Ser velho é a coisa mais linda que há,

Não te esqueças menino que também vais para lá,

Ser velho é sinal de vida longa, é o preço de estar vivo,

E a sabedoria acumulada do tempo que foi vivido.

 

Vida longa, cabelos brancos, rugas na cara,

São sinais do tempo que no corpo semeara,

Faltam as forças mas a mente tem sabedoria,

E o tempo passou e a juventude da valentia.

 

Olhos de velho já não brilham, mas sabem sorrir,

Do passado que já foi, das coisas que hão-de vir,

A esperança de velho nunca envelhece, é forte,

Enquanto vive procura sempre a sua sorte.

 

Recordações de velho já são tantas, meu Deus!

Para si o mundo não é novo aos olhos seus,

Já chorou, já sorriu, já sofreu e ainda pensa,

Tem raízes, tem folhas novas, da sua descendência.

 

O coração já cansado, bate pausadamente,

Por ser velho já não é como antigamente,

Quando corria sem parar, época de juventude,

Que já não volta, é o fim da plena virtude.

 

Ser velho é ter orgulho de acompanhar o tempo,

E ainda sentir a chuva e a força do vento,

É descansar, é estender as pernas, é tentar dormir,

Mas já não pensa em aventuras no tempo do devir.

 

Tristes daqueles que sentem as forças quebrar,

Pela idade que o tempo não deu, para a vida abraçar,

Os filhos e os netos, brincar com eles e vê-los sorrir,

Ser velho pode ser isto tudo e de chamar avô, ouvir.

 

 

 

 

Tavira, 21 de Outubro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

O amor dos cravos

 

Um poema ninguém dedica aos cravos,

Tão viçosos, brancos e vermelhos não bravos,

E até nos jardins pouco se vêem, que pena,

Por isso, merecem que eu lhes dedique este poema.

 

De um cravo nasce uma rosa e da rosa espinhos,

Todos preferem as rosas do amor e dos beijinhos,

Os cravos também nascem em direção ao céu,

Merecem que sejam olhados por quem os colheu.

 

O perfume dos cravos também cheira a amor,

Amem os cravos, não lhes tirem o seu valor,

Ele também embelezam a Natureza mãe,

Ponham-nos ao peito e ofereçam-nos a alguém.

 

Os cravos também amam e despertam o olhar,

De quem gosta deles e até fazem cantar,

Dão alegria e amor e até fazem sorrir também,

A quem ama, beija e gosta de amar alguém.

 

Flores como os cravos de pétalas rendilhadas,

Brancas, vermelhas, também são amadas,

Um cravo atrás da orelha também chama o amor,

Faz brilhar os olhos, e até produz calor.

 

Plantem na terra muitos e muitos cravos,

Quer nos jardins ou em lindos vasos,

Deixem-nos crescer ao Sol para brilhar,

E depois cantem e ouçam o amor chamar.

 

Aos cravos aqui deixo este simples poema,

Pois o seu nome servi-me para este tema,

Com orgulho o escrevi e para sempre guardarei,

Do meu saber que pouco ou nada sei.

 

 

 

Tavira, 17 de Novembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O TAMANHO DA IMPORTÂNCIA

 

 

Eu sei que és pequenina por fora,

Agarrei-me a ti com amor e nunca me fui embora,

A grandeza está no teu pensamento,

Enquanto viveres olho para ti a todo o momento,

Vai amando, vai vivendo, tudo passa, vai recordando,

O teu amor, enquanto o tempo vai passando.

 

A altura não é do tamanho da tua inteligência,

Tu és pequena, mas tens uma grande sapiência,

Se a sabedoria fosse igual ao tamanho,

Os mais pequenos faziam parte de um rebanho,

Comandados pelos mais altos, os pastores,

Pois eles seriam sempre os maiores.

 

 

Assim, não foi distribuída a sabedoria,

É no cérebro que cada um tem a sua categoria,

Muita ou pouca, cada um governa-se com a que tem,

Chegam onde chegam ninguém é igual a ninguém,

E Na vida vão demonstrando o seu valor,

Mas ninguém deverá viver sem amor.

 

Se a inteligência for pequena, outra não se pode ter,

Vai vivendo com a que tens, com o tamanho que tiver,

Altos ou baixos todos têm cabeça para pensar,

E a força do seus músculos para poder trabalhar,

Grandes inteligências não vão longe sem vontade,

Andando em baixo ou em cima, com muita ou pouca vaidade.

 

As pessoas não se medem aos palmos, sabemos dizer,

Pois a sua altura não tem nada com o seu saber,

Uns são altos com alta inteligência,

E outros são baixos que podem fazer concorrência,

Todos são iguais apenas no corpo que cada um tem,

Mas de pensamento ninguém é igual a ninguém.

 

 

Tavira, 18 de Novembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Cão e gente

 

Se tu já comeste no chão,

Também já comi e não sou cão,

Quando ela atacava por dentro,

Enquanto uivavas eu dava um lamento.

 

Se não a matássemos primeiro,

Ela matava-nos com um ai certeiro,

A ti que és cão e a mim que sou gente,

Pois ela atacava os dois pelo ventre.

 

Conseguíamos matá-la comendo,

E assim, tu ladravas e eu não tinha lamento,

Ela morria de barriga satisfeita,

E dois dormíamos na mansidão perfeita.

 

Pão duro, tu e eu já roemos,

Ainda aqui estamos os dois, vivemos,

Duro é não ter pão que nos mata,

Pois a fome depressa nos farta.

 

Com o nosso ventre vazio,

Estávamos os dois vivos por um fio,

Tu arranjavas e um osso que eu não podia roer,

E assim tu podias viver e eu morrer.

 

Tu, que és cão e eu que sou gente,

Não queremos que a fome em nós, entre,

Ambos queremos matá-la comendo,

E assim ela morre e nós vamos vivendo.

 

Enquanto ladravas eu gritava também,

Para chamar e pedir a alguém,

Que nos desse alguma coisa para comer,

Pois tanto tu como eu temos direito a viver.

 

 

 

 

 

Tavira, 24 de Novembro de 2012-Estêvão

 

 

O amor não tem fronteiras

 

 

O amor não tem idade nem nacionalidade,

O amor também não tem idade,

Não tem fronteiras nem cor da pele,

E todos podemos viver com ele.

 

O amor nasce para com ele se viver,

Sem ele mais vale nunca nascer,

A vida sem ele não tem sabor,

Por isso viver a vida se chama amor.

 

O amor é bom para dar e receber,

E nunca o devemos deixar morrer,

Ele é o alimento da alma que temos,

Pois, sem ele até a alma perdemos.

 

Até as pedras que pisamos merecem amor,

São sempre pisadas e não gritam de dor,

É bom viver com o amor no coração,

E nunca se deve pisar quando cai no chão.

 

Chamamos o amor para sonhar,

Não deixemos que ele possa acabar,

Se ele morre, nós morremos também,

Por isso, que viva o amor no coração de alguém.

 

O amor é como se fosse Deus,

Ele é bom e ama muito os filhos seus,

Palavras de amor sem sentir nada dizem,

Com o amor em silêncio é que todos vivem.

 

Exemplos de amor devem ser dados,

E não só palavras aos dele deserdados,

Guardemos todos o amor no coração,

E nunca o devemos deixar cair no chão.

 

Bloquear este sentimento, não,

É bom dá-lo, deixem-no sair do coração,

Bloquear o amor é sentir frio,

E como não se ama não se sente brio.

 

 

 

 

25 de Novembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

O QUE NÃO SE COMPRA

 

 

O Sol a chuva e o vento ninguém compra,

São de graça, até a própria sombra,

Das árvores, das pedras, de toda a gente,

Que usa tudo, olha à volta e nada sente.

O Sol dá a sombra e o vento que passa no chão,

Refresca tudo e até se sente no coração,

E a Natureza é a mãe do nosso mundo,

Que nos suporta, nos faz viver e nos mete no fundo,

Nos guarda para sempre depois de nos ter feito nascer,

E todos vivemos iludidos metidos no nosso viver.

 

 

Se o Sol, a chuva e o vento tivessem donos, que seria,

Pois nada era de graça, tudo se vendia,

Os ricos tinham tudo, guardavam a parte de leão,

E os outros arrastar-se iam pelo chão,

Procurando restos de Sol, chuva ou vento,

Apenas seria donos do seu próprio pensamento,

Que não podiam usá-lo em voz alta e forte,

Senão podiam sofrer na pele e pagar com a morte,

Teriam apenas o silêncio e a boca sempre fechada,

Prendendo as palavras da sua alma revoltada.

 

 

 

 

Tavira, 01 de Dezembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PERGUNTEI AO SILÊNCIO

 

 

Perguntei ao silêncio por que não se deixa ver,

E o silêncio me respondeu:- pensa se me queres ter,

Pois eu não tenho corpo, apenas tenho o teu pensar,

Quando estás sozinho e não usas o teu falar,

Ouves apenas o bater do teu coração,

E nem chegas a saber que tens os pés no chão.

 

Perguntei ainda ao silêncio se ele também nasceu,

E o silêncio no seu muito saber ainda me respondeu:

Já te disse que eu não tenho corpo foste tu que me criaste,

E no teu pensamento esotérico me chamaste,

Para te fazer companhia nas horas da tua solidão,

E nesse espaço de tempo pensas e ouves o teu coração.

 

O silêncio ainda me disse e até me aconselhou:

Usa e vive o tempo, afasta-me, assim disse e falou,

Para não o chamar muitas vezes, também quer descansar,

É chamado por tanta gente que nem as sabe contar,

Quando é muito usado, sem querer pode ser nefasto,

Em segredo ainda diz: ama, a vida e só assim eu me afasto.

 

O silêncio foi-se embora e poucas vezes preciso dele,

Resolvi deixá-lo em paz, já não quero pensar nele,

Quero amar, quero gritar, quero chamar por alguém,

Quero chamar a família para me dar o amor que tem,

Não quero estar sozinho, quero ouvir bater à porta,

Ouvir o telefone a tocar, viver é o que me importa.

 

Escrevi este poema no silêncio do meu pensamento,

E agora que chegou ao fim, quero ouvir a força do vento,

Chamar por mim, sibilando através da minha janela,

E ao mesmo tempo penso que viver é a coisa mais bela,

Dar asas à minha imaginação, continuar a sonhar,

Para que no meu viver não perca a minha força de amar.

 

 

 

 

Tavira, 1 de Dezembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Promessa

 

 

Prometo ficar vivo até morrer,

É uma promessa que não engana, podem crer,

É um pensamento que faz rir e convence,

Porque é uma realidade óbvia e crente.

 

É uma expressão que faz chorar de rir,

É uma anedota que não é, é para divertir,

Pois ninguém pode prometer ao que não é obrigado,

Mas quer queiram, quer não, é engraçada.

 

É uma promessa que toda a gente pode fazer,

Ninguém pode fugir à morte, após o nascer,

E assim, podemos rir da morte, chorando,

Quer no princípio quer quando for acabando.

 

Rir de uma promessa tão certa e eficaz,

É bom, é viver com a morte e ser audaz,

Encarando a vida com uma certeza tão certa,

Mas quando pensamos o coração nos aperta.

 

Levar a vida a rir o tempo todo é impossível,

Enquanto se vive também se chora do horrível,

Que é cumprir uma promessa do tempo,

Mas, raramente a tempos no pensamento.

 

Brincar com uma ordem do tempo,

Ao prometer ficar vivo até morrer, faz bem à gente,

Devemos viver rindo mais do que chorando,

É aproveitar a vida, viver e sempre pensando.

 

Lavar a vida a sério, pode ser morte prematura,

Que é difícil aceitar, é uma promessa dura,

Por isso se deve viver brincando com a morte,

Rir vivendo para encontrarmos a sorte.

 

 

 

 

 

Tavira, 2 de Dezembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fingidor

 

 

O homem é um grande fingidor,

Por vezes, ama fingindo que é amor,

Engana trocando a verdade pela mentira,

Usa a inteligência fingindo e delira,

Destroçando um coração com um abraço,

E depois dorme fingindo que não é palhaço.

 

Um homem nasce, cresce, vive sendo ator,

Por vezes vive beijando, não sendo amor,

 Apenas quer satisfazer um desejo sexual,

Matando o próprio amor, deixando-o ficar mal,

Mas o homem fingidor nada sente por enganar,

Engana sim, o outro amor que julga amar.

 

O homem pode ser alto, esbelto e forte,

Mostrando a aparência e enganando a sorte,

A aparência conta muito, mas é enganadora,

Porque quem não ama, mente e joga fora,

Sem remorsos de consciência é um herói,

Enganando o outro amor e o coração dói.

 

Fala-se no homem englobando também a mulher,

Pois ela também fingidora quando quer,

Pois ela também nasce atriz fingindo,

Quando lhe apetece e também chora rindo,

Ambos são gente com inteligência para usar,

E os dois vivem fingindo ou não ao amar.

 

O amor a sério não pode ser criado a fingir,

É um sentimento nobre que faz chorar e rir,

Portanto, é melhor amar o outro de coração,

E nunca deixar cair o amor no chão,

Nunca se sabe quem é fingidor ou fingidora,

Está no pensamento o amor e não se vai embora.

 

 

Tavira, 8 de Dezembro de 2012- Estêvão

 

 

 

A paz e a guerra

 

Quem quer a paz não faz a guerra,

E quem guerra faz a si próprio se enterra,

Na paz não se vendem armas para matar,

E em guerra a morte dá dinheiro a ganhar,

E enquanto se ganha este dinheiro maldito,

Não se pensa que se acaba com a vida de um amigo.

 

Em paz vivemos, passamos fome ou não,

E até podemos viver em paz na multidão,

Onde até ninguém se conhece ou se fala,

Apenas se grita, se diverte e ninguém se cala,

Podemos viver felizes procurando a sorte,

E até nem pensando na guerra ou na morte.

 

Na guerra os pais enterram os filhos,

Vivemos todos enterrados em sarilhos,

Na paz, são os filhos que enterram os pais,

Em ambas as situações se chora demais,

Não à guerra ela é atroz e até maldita,

Quero a paz no meu coração que não grita.

 

Eu quero a paz e por isso odeio as contendas,

Odeio a guerra onde se vêem corpos nas sendas,

Sem saber quem são, mas pertencem à terra,

Que os faz nascer e a guerra os enterra,

Quer a paz do amor para dar beijos e abraços,

Não quero ver os corpos de amor em pedaços.

 

Quero viver mesmo que pobre me sinta,

Quero estar vivo e pensar que a vida é linda,

Prefiro ser pobre vivendo sempre em paz,

Do que rico no cemitério e a vida ficou para traz,

Fazer a paz e fazer amor é sentir prazer,

Não quero a guerra e odeio quem a quer fazer.

 

 

 

 

Tavira, 9 de Dezembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Não há uma coisa sem outra

 

 

Não há jardins sem flores,

Nem vida sem amores,

Não há rosas se, espinhos,

Nem amor sem beijinhos,

Não há olhos sem chorar,

Nem ladrão sem roubar,

Não há vida sem coração,

Nem há boca sem sorrir,

Não há chegada sem partir,

Nem a noite sem o dia,

Não há provocação que não desafia,

Nem há crer sem acreditar,

Não há boca sem bocejar,

Nem chuva sem molhar,

Não há não sem o sim,

Nem princípio sem fim,

Não há guerra sem paz,

Nem trabalho que nada faz,

Não há tormenta sem bonança,

Nem tempo sem mudança,

Não há ciúme sem amor,

Nem há céu sem cor,

Não há vencedor sem adversário,

Nem direito sem contrário,

Não há sombra sem luz,

Nem vida que não seduz,

Não há filhos sem homem e mulher,

Ninguém oferece sem nada ter,

Não se indica sem apontar,

Sem dedo para indicar,

Não há árvores sem terra,

Nem ovelha que não berra,

Não há ovo sem gema,

Nem um escrito sem tema,

Não há filhos sem dor,

Mas há filhos sem amor.

 

 

 

 

 

 

Tavira, 15 de Dezembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

GENEROSA

 

 

És linda e generosa,

Tão linda como uma rosa,

Vermelha é a sua cor,

                                                   É a cor do nosso amor,

E os beijos da cor do mar,

Mas são doces ao beijar.

 

Generosa é a tua boca,

Ao beijar é sempre pouca,

E o teu olhar é tão cativante,

Que me fazem tão importante,

  Quando entram nos olhos meus,

Parecem os olhos de Deus.

 

És generosa, és mulher,

Que me dás amor a beber,

Que é sempre insaciável,

Com uma vontade inabalável,

A sua sede nunca termina,

Pois és generosa, és menina.

 

Um flor te fica bem, uma flor generosa,

Outra não pode ser a não ser uma rosa,

Com a mesma e tão forte fragrância,

Que sei que és tu à distância,

Cheiras ao amor que é teu,

Que vem ao encontro do meu.

 

O vento que sacode os teus cabelos,

Eu gosto tanto de vê-los,

São pretos, iguais aos meus,

São madeixas da noite, os teus,

Generosa dos meus encantos,

Do amor de encantos tamanhos.

                                                    

 

 

 

 

 

Tavira. 16 de Dezembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saudade

 

Saudade é o amor que fica,

É uma lágrima que cai e no coração solidifica,

De quem parte e de que muito amamos,

E com tantas saudades ficamos.

 

Saudade é amor que vai e que se guarda,

Com a vontade do regresso que não tarde,

Mas pode saudade para sempre,

Que o nosso coração chora e sente.

 

Quem já não sentiu saudades e lágrimas derramou?

Do amor que partiu e que acabou,

Ou do amor vai com desejos de voltar,

E enquanto não temos, vamos chorar.

 

Saudade é um sentimento de tristeza,

Por ver partir um amor que tanto se deseja,

Se fica num cais ou estação acenando,

Enquanto as lágrimas no chão vão rolando.

 

O tempo cura tudo mas não cura a saudade,

Quando se ama muito de verdade,

Vai ficando com a gente enquanto recordamos,

E só desaparece quando esquecemos.

 

A saúde só sente quem com ela fica,

Os olhos ficam tristes e dela não se abdica,

Está agarrada ao coração,

Enquanto as lágrimas vão caindo no chão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lua-de-mel

 

Lua-de-mel acabou, já não há,

Mas a Lua ainda cá está,

O mel já não é doce, amargou,

E eu ainda aqui estou.

 

Quando a idade já não perdoa,

A vida ainda pode ser coisa boa,

Mas, o mel da Lua já acabou,

Deixou de ser doce, estragou.

 

A Lua ainda continua e continuará,

Mel, já não tem, com a idade acabara,

Prova-se o que resta de algum amor,

E no fim fica amargo, já acabou.

 

A Lua-de-mel é doce como a juventude,

Quando se chega a velho, não há nada que ajude,

O mel já não corre mas a Lua ainda brilha,

Aproveita-se o tempo na nossa trilha.

 

Olha-se para a rua e se recorda,

A juventude adormeceu, já não acorda,

A colmeia já não tem mel, o tempo passou,

Mas, a vida continua com o resto do amor.

 

Sentir vontade de saborear o mel da Lua,

Pode-se sentir, já não levanta peso mesmo nua,

Tudo acontece enquanto o tempo deixar,

Aproveita-se para olhar a Lua e depois recordar.

 

Adeus Lua-de-mel que eu já não posso,

Nem sequer tirar a carne de um osso,

Fico a olhar sempre de cima para baixo,

Tenho saudades e fico cabisbaixo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Grandezas para quê?

 

 

Para quê palácios para olhos verem,

Se neles nunca viverei enquanto existirem,

Não foram feitos para mim, eu sei,

Mas não sonho com palácios, nunca os terei.

 

Tenho a minha casa, o meu amor, nada mais quero,

Nada me falta, por palácios não desespero,

Tenho uma família que amo e sou amado,

Apenas quero viver, de vida estou saciado.

 

 

Tenho o meu eu, que nunca o venderei,

Tenho a minha dignidade e com ela sempre viverei,

Não quero mordomias, já tenho o suficiente,

Que é amor que enche a minha alma, estou contente.

 

Tenho os meus olhos que vêm, e o meu coração,

Que bate dentro do meu peito que sabe dizer sim e não,

Levo o meu corpo em cima dos meus passos,

Sei o que quero, não dou amor aos pedaços.

 

Amor dou por inteiro, sem querer palácios em troca,

Tenho a minha honra e a palavra que me sai da boca,

Não quero pedir a razão só por querer,

 Apenas a quero só para mim quando a merecer.

 

Para quê palácios e mordomias sem ter o meu amor,

Assim não quero nada, viver assim só me causa dor,

Quero viver a vida sem palácios com simplicidade,

Prefiro viver amando e mostrando dignidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O melhor que se leva

 

 

O melhor que se leva da vida é o amor dos outros,

E por muitos que sejam para mim são poucos,

A vida para ser vida precisa do amor de alguém,

É triste nascer e crescer sem o amor de ninguém,

O amor não se compra nem se pode vender,

Ele nasce com a vida para dar e receber.

 

Provas de amor não se dão por palavras apenas,

Dão-se com exemplos, as palavras são pequenas,

O amor enche-nos o coração e a boca se cala,

Os olhos brilham, a alma intervém e fala,

Com gestos que se mostra o amor que se tem,

Quando se dá ou se recebe o amor de alguém.

 

Quando a vida tem amor as palavras não contam,

O amor que recebemos e os abraços mandam,

Guardamos para toda a vida o amor que se recebe,

De alguém que amamos e nunca dele se esquece,

Dura a vida inteira e às vezes por ele se chora,

Quando o perdemos e de nós se vai embora.

 

Guardar o amor dos outros e nunca perder,

É um grande motivo que nos dá força para viver,

Enquanto o tempo nos deixa guardar,

Amando e recendo o amor de quem nos quer dar,

São recordações que se guardam para sempre,

E no nosso coração guardamos e se sente.

 

Merece sempre o amor quem o sabe retribuir,

Quem gosta, guarda e nunca o deixa fugir,

Andando com ele no coração e nos nossos passos,

E mostrando nos beijos e nossos abraços,

Assim, a vida anda sempre de esperança viva,

Enquando o tempo não nos der ordem de partida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando o homem acaba

 

 

Na morte o homem acaba e alma começa,

No silêncio espera sempre que algo aconteça,

Aconteceu o fim do corpo e a alma sai,

Não se sabe para onde, não se ouve um ai,

Apenas se sente saudade e uma lágrima cair,

O corpo se transforma e a alma sai a sorrir.

 

A morte não é o fim é um princípio,

Nem é um paraíso ou um precipício,

É uma mudança da ilusão para a certeza,

O corpo nasce e morre e a alma deseja,

Continuar a vida sem ser vista e em silêncio,

Mas, vê a vida que ficou e no oculto vai vivendo.

 

O corpo é apenas a alma que vai andando,

Vivendo o presente e o passado recordando,

O corpo nunca fica triste quando falece,

Porque a alma o deixa e dele nunca se esquece,

Vai para outro lado e volta sempre ao mesmo lugar,

Ela nunca se vê mas nunca deixa de amar.

 

A alma anda sempre com o corpo para a frente,

Para viver no tempo, alegria e tristeza sente,

O corpo esforça-se para pagar a sua ambição,

Mas, por muito que faça nunca chega a sair do chão,

E a alma voa quando o corpo deixa o seu tempo,

Que lhe foi destinado e com ele vai morrendo.

 

O corpo é pó, é cinza, é nada quando a alma o deixa,

Sentindo a tristeza e dela nunca se ouve uma queixa,

A eternidade é a sua casa, é o tempo sem fim,

E o corpo que fica, é ilusão é recordado assim:

Pelos momentos bons e maus que a alma lhe deu,

E ela continua viva, sabendo que o corpo morreu.

 

 

18 Novembro de 2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A morte

 

 

A morte é quando se parte,

Para sempre sem engenho nem arte,

E já não se pode voltar,

Mas, ainda se pode amar,

Com as saudades de amor,

E durante muito tempo fica uma dor,

De quem fica para chorar,

Enquanto a mente se lembrar.

 

A morte deixa sempre um vazio,

No lugar de quem amou e partiu,

É uma ferida que nunca se cura,

E durante a vida sempre dura,

E as lágrimas continuam a cair,

De quem ama e nunca pode fugir,

É uma saudade eterna que sente,

E fica sempre no coração da gente.

 

A morte é o fim de todo o sofrimento,

É uma lança que se espeta num momento,

No coração quem continua amando,

Durante a vida fica sempre recordando,

Quem partiu sabendo que já não volta,

Mas, a dor imensa nunca se solta,

A morte ganhas asas e parte sem doer,

Mas quem fica e ama continua a sofrer.

 

 

 

 

19/11/2012 -Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Justiça

 

 

Conformados, vencidos e humilhados,

São os que vivem apenas esmagados,

Pela força do poder que os joga ao chão,

Pisa-os, ofende-os e tira-lhes o coração,

Mas, cuidado, que a sua esperança não morreu,

E os vencidos vão levantar-se até ao céu,

Não para se vingarem, mas para mostrar dignidade,

Que nunca morreu e luta sempre pela igualdade,

Dos direitos humanos que apenas estão escritos,

No papel e lutam para que eles fiquem vivos,

Sangue nas mãos não querem, querem apenas justiça,

Que não tem cor e lutam para que nunca seja mestiça.

 

 

 

 

19/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pensar primeiro

 

Abrir a mente antes da boca,

Tem importância e não é pouca,

Abriga-nos a primeiro pensar,

Antes de abrir a boca para falar,

As palavras saem pensadas,

E pela boca são faladas.

 

Abrir a boca antes de pensar,

Para ela primeiro poder falar,

Pode ofender quem ouvir,

E chorar antes de sorrir,

As palavras já não volvem,

E no coração elas doem.

 

É importante pensar primeiro,

Assim faz um bom obreiro,

As palavras são ajuizadas,

E pela mente controladas,

Assim faz um bom pensante,

E se torna um bom falante.

 

Pensar primeiro antes da boca,

Palavra certa desemboca,

Nos ouvidos de quem ouve,

E a sua mente aprove,

Dialogando pensando,

Antes de ir falando.

 

 

 

 

 

 

 

20/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vida solitária

 

Quando o dia é longo e a noite é solitária,

A vida é dura, é triste e nada solidária,

Está só porque não tem mais ninguém,

Por ser velho e já não tem mãe,

Olha apenas para dentro do seu eu,

Porque toda a família já perdeu.

 

Tem luz em casa, mas vive na escuridão,

Apenas ouve bater o seu coração,

Vive tristonho e fala sozinho,

Já perdeu o seu amor e carinho,

Que oferecia a quem amava e já não tem,

Chama pelo amor e já não vem.

 

A solidão da noite é a sua companhia,

E espreita pela janela para ver a luz do dia,

Vê os passos de mundo lá fora,

E os seus já não são os mesmos de outrora,

Vive isolado, comendo e pensando,

O exército da tristeza está sob o seu comando.

 

Todos sabem que um velho vive só.

Apenas passam, nada dizem, têm dó,

Abre a porta e senta-se na rua olhando,

E consigo próprio vai continua falando,

Ouvem-no e pesam que está louco,

Mas enganam-se, o seu amor é pouco.

 

Para o velho solitário o tempo é demais,

A noite é comprida e os dias sempre iguais,

Medita que já deu tanto amor,

E agora vai vivendo com a sua dor,

Esqueceram já que ele existe,

Mas vai vivendo e da vida não desiste.

 

Assim vivem tantos velhos solitários,

Que já não sonham e vêem a vida ao contrário,

Vão passando os dias e as noites resignados,

E vivem tristes porque são desprezados,

Pelo seu país a quem tanto já deu,

E a gora vivem olhando para a terra e para o céu.

21/11/2012-Estêvão

 

De pedra em pedra

 

Uma simples pedra apenas,

Pode ser das coisas mais pequenas,

Mas, de muitas pedras semelhantes,

Se fazem tantas coisas importantes.

 

Pode fazer-se uma casa para viver,

E até uma cova para morrer,

De pedra em pedra também se constrói,

Um grande amor que nada dói.

 

De pedra em pedra se vai erguendo,

Um grande monumento crescendo,

Ou até um muro de divisão,

Que separa qualquer nação.

 

Das grandes pedras fazem-se pequenas,

Que pode nascer às centenas,

Que se podem atirar e já não voltam,

Quando da mão se soltam.

 

De um pedrinha linda e inofensiva,

Que muito brilha e também cativa,

Que se pode chamar um diamante,

E do nada se faz importante.

 

De uma pedra também se pode fazer,

Qualquer coisa que dá prazer,

E colando todas se pode formar,

Uma casa onde se pode amar.

 

Pisamos as pedras e não ligamos,

E sobre elas nós andamos,

Com passos largos ou pequenos,

Que podem ser demais ou de menos.

 

Agradam as pedras pela aparência,

É sempre a nossa tendência,

Umas brilham e outras não,

Mas todas nascem do chão.

 

 

 

22/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Razão

 

 

Ter razão não apenas para quem quer,

É para quem a tem se a merecer,

A razão não se compra nem se vende,

É com que a ser justo se aprende,

E se deve lutar por ela até à exaustão,

Pois ela tem força e por isso se chama razão.

 

Razão é honestidade é a verdade,

Que não pode ser mudada, é lealdade,

É um direito, é um merecimento,

É a força intrínseca do pensamento,

Que não se pode oferecer por pena,

É a força de ser humano, não é pequena.

 

O poder da razão não magoa, nem faz chorar,

É a verdade que entra no coração para dar,

É um sentimento de bem querer e faz doer,

A mente de quem a perdeu com vontade de morrer,

Por querê-la só para si, é prepotência,

Pois a mente de cada um não é da ciência.

 

Ter razão, é ter na mente um espírito ganhador,

É apenas um querer quando se tem amor,

Que nunca desiste e luta por ela até à morte,

É um nunca confiar apenas na sorte,

Mas, sim na verdade, custe o que custar,

Mesmo que por ela se tenha que chorar.

 

 

 

 

 

23/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Palavras simples

 

 

Com palavras simples se pode dizer,

Coisas importantes para se perceber,

Que todos compreendam a razão do falar,

E ninguém se cansa de escutar.

 

Com palavras muito complicadas,

Ouve-se apenas a voz e só palavras,

Que nada dizem aos simples que ouvem,

Aos seus ouvidos elas nada traduzem.

 

É preciso saber quem nos quer ouvir,

Sé é sábio, se é comum, quem nos pode ir,

Saber falar por falar toda a gente o faz,

Mas nem toda a gente é capaz.

 

Falar para uma imensa multidão,

É preciso chegar lá dentro do coração,

Mas, não é com palavras complicadas,

Que se transitem as coisas faladas.

 

Para nos fazermos compreender,

É preciso saber e com simplicidade dizer,

Aquilo que queremos transmitir,

Para todos que nos queiram ouvir.

 

Saber falar não é para toda a gente,

É preciso falar aquilo que a gente sente,

Pois quem diz uma coisa e pensa noutra,

Só pode vir de gente que de gente é pouca.

 

Palavras simples nunca se perdem,

Elas saem da boca e se compreendem,

Toda a gente ouve e sabe o que fazer,

Com toda a liberdade de escolher.

 

 

 

 

24/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

 

 

 

Orgasmo

 

 

Um orgasmo quem não gosta de ter,

Seja ele homem ou mulher,

É o culminar de um grande prazer,

No silêncio do amor e nada dizer.

 

Num tocar de corpos nus apenas,

Orgasmo é das palavras pequenas,

A maior que o prazer do amor pode ter,

Seja ele vindo de um homem ou mulher.

 

De beijos, de olhares e de muitos abraços,

Se produzem tantos e tantos orgasmos,

Tocam muitos sinos sem tocar,

E ouvem-se foguetes na mente a estalar.

 

Sexo sem orgasmo não vale nada,

É violência de vontade, é malcriada,

Nem os animais assim procedem,

São momentos sujos e de nada servem.

 

Orgasmo é grande o prazer da criação,

Que pode criar mais um coração,

É milagre, é vida que não se pode subestimar,

Num lindo e belo momento de amar.

 

Quem quer ter o maior prazer do mundo,

É fazer amor e ter um orgasmo profundo,

Que é sempre um momentos a dois, é deleite,

Que entre dois é sempre bem-vindo e aceite.

 

Não são precisas palavras para um orgasmo,

É preciso ter amor e o culminar de um espasmo,

Que faz cansar e acelerar o coração,

E tanto pode acontecer na cama como no chão.

 

 

 

24/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

Agarrado ao passado

 

 

Ficar agarrado ao passado,

É carregar um peso muito pesado,

É viver para trás sem olhar para a frente,

                                      É parar no tempo e a mente consente,            

Que não deixa olhar para o futuro,

Ficando cercado pelo seu próprio muro.

 

Viver de recordações, é bom de vez em quando,

Viver apenas no passado, vai parando,

E no seu viver vai perdendo sentimentos,

Que provoca suspiros e lamentos,

Por cruzar os braços e esperar pela morte,

Com saudades do passado e ter pouca sorte.

 

Temos cabeça, é termos esperança,

E com vontade e ambição fazer aliança,

Para que no tempo não se perca o caminho,

E o trabalhar do coração sempre sentindo,

O passado passou e já não vai volver,

O caminho é seguir em frente e viver.

 

Ficar agarrado àquilo que já fomos,

É o não caminhar e não pensar no que somos,

Com vontade e alegria para ir pensando,

Que ficar no passado nos vai perturbando,

Chamando a demência para imobilizar,

O nosso pensamento que deixa de pensar.

 

Pensar no passado para seguir em frente,

É bom é ter vontade e alma sente,

Que o corpo não pode parar com saúde,

Olhando o mundo que para melhor mude,

Com a nossa colaboração vivendo a vida,

E não dar apenas anos à vida, para ser vivida.

 

Brincar, sorrir, conseguir ser criança,

Mesmo com corpo velho a vida alcança,

Agarrado ao passado não se vive assim,

Mas, é esperar sentado pelo próprio fim,

Por isso o pensamento tem a liberdade,

De deixar o passado que não traz felicidade.

 

 

 

25/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

Vida só há uma

 

 

 

Só se vive uma vez,

Ninguém pode dizer talvez,

É a certeza desde que nascemos,

E com esta certeza vivemos.

 

E porque a vida é uma apenas,

É aproveitar a viver de almas serenas,

Porque o tempo é pouco para viver,

É pensamento que não se pode perder.

 

Só vivemos uma vez, é a grande verdade,

Porquê deitarmos fora a felicidade?

Que nos quer abraçar e não deixamos,

Pensando que um dia ressuscitamos.

 

Se a vida voltasse depois e morrer,

Ninguém se importava com o viver,

Sabia o que não fez na vida primeiro,

Fazia na outra, não era o derradeiro.

 

Mas, como assim, nada acontece,

Só se vive uma vez e se desaparece,

E para quê tanta maldade e morte,

E não aproveitar a vida e a sorte?

 

Porque não viver em paz e alegria?

Vivendo e pensando dias após dia?

Pois a Natureza nunca se esquece de nós,

Nos fazer nascer e morrer, tira-nos a voz.

 

Nunca é tarde para aprender,

Que é sempre cedo para morrer,

Pois toda a vida só tem um tempo,

Não precisa esperar pelo momento.

 

 

 

 

26/11/2012-Estêvão

 

 

 

 

 

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quarta-feira, dezembro 14, 2016 - 11:00

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José Custódio Estêvão

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Comentando

Oi, amigo.
Quero falar com você com bastante honestidade.
Longe de mim, a intenção de qualificar ou menosprezar
qualquer pessoa que posta seus escritos neste site.
Não é esta a intenção. Todos temos direito de colocar
neste espaço o que quisermos, e ninguém é censor de
ninguém. A minha intenção é elogiar seus trabalhos e
pedir que continue escrevendo sempre. Quanto mais
escrevemos, mais aprendemos. Porém, aprendemos muito
mais quando lemos bons autores... e, quando lemos
o que nossos amigos escrevem, pois corrigindo nossos
erros e os deslizes dos outros, também aprendemos.

Para ser um bom escritor, para ser um bom poeta não
basta a vivência literária e a inspiração, é muito
importante a preocupação com nosso idioma, a preocupação
em escrever certo.

Fico triste, pois muitos aqui não tem esta preocupação.

Parabéns por tudo que escreveu até agora.
Publique logo e continue.

J. Thamiel.

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