O encontro

Tanto tempo trancado e só em sua caixa metálica. A vida passando por fio no corte da navalha. Foram no momento das lutas, imagens que passavam todos os dias da sua mesmice. Viu diante dos seus olhos sem brilho a emoção da face esperada. Desejou ser... Correu em sua direção na tentativa da revelação. Era ela quem tanto ansiava o seu coração sem luz. Ofereceu flores, dedicou suas horas corrida das cansadas horas de procura... Havia marcas profundas da guerra em sua alma. Por um momento não creu no que a cada dia invadia seu ar, respiração descompassada, gestos em círculos. Atônito ficou sem saber como voltar à caixa e por um momento percebeu que não estava mais ali. No tempo instante do desejo, em sua faxina jogou-a fora. A tela diante dos seus olhos a todo o momento indicava o amor esperado. Teve medo do sentimento que não sabia lidar... Encontrou-se preso a parede, tentou abraçar a imagem dela, mas a tela fria separava seus corpos. Quanto mais seguia a imagem, algo a distorcia. Lidou tantos anos com sequidão, não esperava mais conseguir. Feriu-se, feriu então... Correram dias de tormentas, a caixa havia desaparecido. Não havia como voltar. Somente seguir em frente. Sentou-se em sua cadeira mais uma vez e não viu mais seu espelho. Decidiu ir à procura dela... Feliz foi o momento que pode no passar das horas... Encontrou-a perdida no espaço de si mesmo. Sentiu o instante esperado, prometeu nunca mais encontrar a caixa de suas dores... Partiu ao encontro do seu espelho, uma vida que nascera antes de si. Era ela a que sempre foi o seu maior desejo. Alcançou o amor, teu coração antes da partida. Foi salvo por um desejo mais forte que seu medo de nunca encontrá-lo.

Nize Louzan