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O Meu Encanto
É ela a Flor que tanto me fascina!
A sina dum encanto (em devaneio)
Que eu fosse venturoso num sorteio
Do que ser sorteado a essa menina
Menina tão mulher, tudo que eu quero!
Palpita quando a sinto me ir perto
E faz tremente o passo já incerto
Atenta-me ao pio dos quero-queros...
Que libram caçoando o meu semblante
Pipilam como se me chasqueassem
Achando brega “- Aprume-se, e cace!”
Qual fosse tão simples voar rasante...
Àquela Flor, tomar todo seu pólen
E despalhar por todo o abrigadoiro
Que arquitetei num dos meus sonhos d’oiro
Suplicando o enlace: “- Ah! Por mim, orem!”
Invoco-nos as núpcias deste sonho
E mal me sinto que estou absorto
Acordo entregue à realdade, morto
Envergonhado por ser tão bisonho!
É quando ela me fita, e o mundo explode
Num estrondo, quando me diz “- Bom dia.”
As pernas tomam vida, e fugidias
me morrem num embatucar de bode...
Já morto, o que fazer? Eu não sabia!
E os quero-queros a escanir-me, loucos
Refletia a resposta: “- O moço é mouco!”
Mais alto do que eu a murmuraria:
“- Tu vais ser minha, este é o meu fado!”
Na esperança que não caísse escombros
Caíram, quando ela me deu de ombros
Desentendendo (ou tendo-me um tarado?)
Com rosto cauto – assim eu lhe senti -
Como se palavrão tivesse dito
Talvez não saiba que lhe faço um mito
- “O que você falou que não ouvi?
Eu bleso, perplexo pra articular
Emudeci num torpor indistinto
E a cabeça falando o que não sinto
Mostrara-lhe um desdém num denegar
Ela partiu, amuada, para o alheio
E eu com minha atitude bizantina
Deixei que o meu encanto que era sina
Ser só tina de pranto, um devaneio...
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