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O MEU PRINCÍPIO
O meu princípio
Eu vim de muito longe, de tão longe,
Que não me lembro de onde,
Tive o meu princípio desta minha viagem,
No tempo e ainda não me deu sinal de paragem.
Encontrei o meu caminho com o meu conhecimento,
Fazendo algumas fugas atrás do tempo,
Com olhos hesitantes, maliciosos mas sem infância,
Mas revelavam esperteza, malícia e experiência.
Tinha gestos vivos como os de um passarinho,
Que brincava de dia e à noite dormia no meu ninho,
E de manhã muito cedo começava logo o meu dia,
Houvesse chuva, frio ou Sol, o meu caminho sabia.
A dor do nada, nunca a minha voz fez calar,
Gritei sempre para ser ouvido dentro meu lugar,
Ninguém me ouvia para que me dessem a mão,
Para que me passasse a dor que sentia no coração.
Nunca desisti de gritar para dentro de mim,
Revoltado por ser uma flor nascida fora de um jardim,
E alguém não sei de onde, talvez do firmamento,
Me enviou duas mãos que mudaram a vida e o pensamento.
De flor nascida no meio agreste tenho um campo verdejante,
Da cor da esperança e o meu caminho foi mais aliciante,
O nada me deixou, morreu nunca mais o vi,
E assim a sorte e a vida começaram a sorrir para mim.
Nunca mais deixei de sorrir e agora sinto-me feliz,
Nada me falta, tenho amor que sempre quis,
E mais amores surgiram para me darem mais alegria,
E a minha vida mudou como eu desejava e queria.
A luta que travei foi árdua mas compensada,
Valeu a pena lutar para expulsar de vez o nada,
Agora, como ancião que já sou
A minha voz sempre se ouviu nunca mais se calou.
Tavira, 18 de Janeiro de 2012-Estêvão
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