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O Sentido da Existência

Uma história real!

Qual o sentido da existência? Você pode descobrir a cada momento...

...Andei buscando compreender
o real sentido do existir,
do viver,

...pois intrigava-me o viver por viver, vivre pour la vivre,

haveria um sentido,
uma direção, quiçá uma pré-destinação
da vida de cada ser humano,
em tornar-se sujeito?

Assim reflexivo, sob a sombra de uma acácia, pelas ruas, a esmo, me pus a caminhar
feito peregrino a procurar
o sagrado lugar da existência humana,

...todavia, em meio ao tortuoso caminho,
no desafio que me impusera
uma inquietude tomou conta de meu espírito: indagava-me do porquê da busca, de tantas perguntas...

...o nascer, o viver, o perecer, o transmutar não seriam tempos de um mesmo verbo?

Ah, quantos dilemas colocamos em nossos caminhos!

...entretanto obstáculos,
desafios existem para nos por à prova e vencê-los não seria uma conseqüência do ato de enfrentá-los?

E voltar à espiral, a divisar novos desafios ou desatinos?

...Não serão suficientes as respostas que já nos são sopradas?

Como as folhas secas que caem em nossa passagem, quantas vezes paramos para recolhê-las?

...contudo o horizonte de possibilidades está a permear meu caminhar
ao visualizar os vitais portais, de passagem, com trêmulo olhar
miro a minha volta, a procurar o humano sentido do viver.

...vivendo uma vida de perguntas,
não há tempo para vislumbrar o presente dia
que nos é dado ao amanhecer,

...porém este nascer e renascer, viver e reviver, atormenta-me a alma
nos conflitos, na dialética, crenças, dogmas, como fardo carrego
quando penso em superá-los, algo me alerta da necessidade dos opostos.

...E assim: Em bibliotecas, antiquários,
em manuscritos procurei, na história da humanidade uma explicação para quem sabe um dilema da idade?

...mas ao realizar esta incessante (e infindável) busca, a cada página, um rosto, uma figura, como em um redemoinho
acenava para uma estação, na viagem retrógrada, de volta ao eu interior,

...Templos, sinagogas, abadias,
igrejas, mesquitas visitei
na fé profunda mergulhei
e ainda assim nada encontrei...

...quando Dei-me conta do inusitado,
do inesperado, do encontro
ao perceber o sopro de vida, a brisa e o aroma sentir no mágico toque de uma simples cena...

...como se fora um pintor com o cenário que se apresenta
mentalmente procurei a aquarela e os pincéis para registrar
o singular momento que a minha visão se apresentava,
veja então, perceba um pouco da emoção:

Senhora: ”Moço, dê-me sua mão”.

Eu: Pois não, é um prazer ajudá-la.

Senhora: "Leve-me pelo lado esquerdo, que me apóio com minha bengala pela direita, enxergo pouco, seu rosto, vejo um pouco embaçado, sabe tenho 92 anos, meus pais foram escravos, e eu trabalhei nas casas de família da Lapa".

Eu: Ah, que bela história de vida a senhora tem.

Senhora: "Aqui vivi, caminhava e alimentava os pombos, venho sempre aqui porque o tempo é sempre presente e a gente sempre volta nos lugares que nos marcam".

Eu: Que belo pensamento.

Senhora: "Mas somente me ajude a atravessar a rua, não tenho pressa para chegar ao ponto do ônibus na praça Tiradentes e a gente deve andar com as próprias pernas, o senhor deve ser muito ocupado. Observe como as pessoas andam apressadas, será que estão percebendo a beleza deste lugar, os prédios antigos, os pássaros, o céu de outono, o desenho das pedras que pisam, acho que estamos no outono, eu sinto o cheiro da estação".

Eu: A senhora é uma pessoa encantadora e tem razão. Gostaria de comer ou tomar algo antes de pegar a sua condução?

Senhora: "Ora, não se preocupe, não preciso do dinheiro, viajo no ônibus e peço um copo d´água quando vem a sede, não coma na rua, moço".

Eu: Com certeza, obrigado por seu conselho. Mas (curioso) pode me dizer o que a traz ao Centro da cidade?

Senhora: "O que venho aqui fazer? Acender velas pelos amigos, parentes, e tantos conhecidos que já se foram e percorrer um pouco essas ruas por onde nos encontrávamos, para comemorar a dádiva da existência que desfrutamos juntos"...

Eu: Uma lição de vida, sinto ao ouvir a senhora. Bem chegamos ao seu ônibus, posso ajudá-la a subir as escadas?

Senhora:"Obrigado, meu filho, que a luz divina ilumine seus passos".

Eu: Obrigado, tê-la acompanhado foi uma bênção. Permita-me beijar suas mãos e sua fronte. Faça uma boa viagem, que Deus a acompanhe.

...Estimulado pelo desafio da descoberta
e da sabedoria que emanava dos secos lábios daquela singular pessoa que em poucos minutos inundou-me a alma...

...assim a refletir sobre a dimensão daquele fugaz momento, reduzi o passo e tendo ao longe a sombra daquele anjo que me apareceu uma impressão marcou-me:

...que a vida existe, mesmo nos antigos ciprestes que se vergam ao vento essência é, e como na espiral da evolução humana
dança a valsa dos dias,
sem que nem sempre nos demos conta
da graça das bailarinas,
ou nos acordes da música que a acompanha,
e que de modo gratuito se doa, a nós se revela...

AjAraújo, o poeta humanista, Outono de 2001.
 

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sexta-feira, abril 29, 2011 - 11:14

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