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O Sopro do Cadáver Sentado
O sopro do cadáver sentado
Nos imóveis arcos de abóbadas caídas
jazem arcobotantes cansados sobre a cúpula
Estes…esgaçam-se num último sopro de desespero
Parecem raízes de árvores que seguram por inércia
Apenas se parece com a lembrança do que foi
Por entre o musgo da cúpula jorra a seiva das raízes
brotando do que eram dantes fontes de luz
formando rios de águas que querem morrer
águas mortas que marcam as paredes
Ventos rasgados que aparecem e que cortam
assobiam nas fissuras das paredes trabalhadas de carne
Remoinhos de folhas perdidas parecem brincar no silêncio
Como são inocentes
Ao longe o estrondo de uma porta que bate
Aqui o ranger de pedras perdidas
-Longe dos homens, longe dos homens – parece ouvir-se
Aqui me prostrei
Aqui senti pela última vez, com mórbida alegria, no todo
Aqui mesmo no fim fui uníssono
Aqui fui
no conforto do amargo fim
Do livro: O Sopro do Cadáver Sentado
Corpos Editora
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Poesia :
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Comentários
Re: O Sopro do Cadáver Sentado
Ventos rasgados que aparecem e que cortam
assobiam nas fissuras das paredes trabalhadas de carne
Remoinhos de folhas perdidas parecem brincar no silêncio
Como são inocentes...
Espectáculo, nota 20...
:-)
Re: O Sopro do Cadáver Sentado
Obrigado.
Peço desculpa a todos, se não sou mais participativo. É difícil estar no registo certo, para estar à altura das palavras justas, belas e sentidas, que leio aqui, com gosto; e é tão merecido!
Desculpem.