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O Sopro do Cadáver Sentado

O sopro do cadáver sentado

Nos imóveis arcos de abóbadas caídas
jazem arcobotantes cansados sobre a cúpula
Estes…esgaçam-se num último sopro de desespero
Parecem raízes de árvores que seguram por inércia
Apenas se parece com a lembrança do que foi

Por entre o musgo da cúpula jorra a seiva das raízes
brotando do que eram dantes fontes de luz
formando rios de águas que querem morrer
águas mortas que marcam as paredes

Ventos rasgados que aparecem e que cortam
assobiam nas fissuras das paredes trabalhadas de carne
Remoinhos de folhas perdidas parecem brincar no silêncio
Como são inocentes

Ao longe o estrondo de uma porta que bate
Aqui o ranger de pedras perdidas
-Longe dos homens, longe dos homens – parece ouvir-se

Aqui me prostrei
Aqui senti pela última vez, com mórbida alegria, no todo
Aqui mesmo no fim fui uníssono
Aqui fui
no conforto do amargo fim

Do livro: O Sopro do Cadáver Sentado

Corpos Editora

Submited by

sexta-feira, abril 23, 2010 - 23:02

Poesia :

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Jorgelupus

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Comentários

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Re: O Sopro do Cadáver Sentado

Ventos rasgados que aparecem e que cortam
assobiam nas fissuras das paredes trabalhadas de carne
Remoinhos de folhas perdidas parecem brincar no silêncio
Como são inocentes...

Espectáculo, nota 20...

:-)

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Re: O Sopro do Cadáver Sentado

Obrigado.

Peço desculpa a todos, se não sou mais participativo. É difícil estar no registo certo, para estar à altura das palavras justas, belas e sentidas, que leio aqui, com gosto; e é tão merecido!

Desculpem.

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