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ODE AO ANJO SILENCIOSO

Como Sombra do Homem,

O Anjo silencioso

Conviveu

Durante séculos,

Durante milênios.

O Anjo, despojado, imperceptível...

O Homem, ambicioso, orgulhoso.

O Anjo, mantendo em segredo

A chave do Amor de Deus,

E aguardando a chave

Do Amor do Homem.

O Homem, procurando

A chave do Poder na Terra...

Sondando o Mistério

Do Universo,

Para tê-lo

Em suas mãos

- repletas de ambições -

Durante milênios,

O Anjo fez-se Prisioneiro

Do Destino Humano.

À espera de uma única

Manifestação de Amor

E de Gratidão

Ao Deus

Da Vida.

Durante milênios,

O Homem - ambicioso -

Aprisionou o seu semelhante,

Buscou os caminhos

Do ouro, da prata,

Do minério bruto...

- Poucos foram os alquimistas

do Verdadeiro Tesouro -

O Anjo suportou,

Aguardou

E protegeu

Em silêncio

- o Homem -

Que Deus colocara

Sob seus cuidados.

(Enquanto o Ser invisível

Minerava caminhos de Luz,

O Ser visível - Homem -

Minerava a pequenez

E a Ambição.)

Até o instante

Em que suas asas guardiãs

Desprenderam-se

Mansamente,

Amargamente,

Do Homem...

Para deixá-lo só,

À procura do seu tesouro escravizante.

Liberto, o Anjo voou para distâncias

Infinitas... em busca do

Verbo de Amor

Que ecoa para ele e para o Homem

Por todo o Universo.

Mas, o Anjo é Ternura.

- E o Homem é surdo de coração.

E assim, pequeno,

Feito verme insensato,

Cava o chão em busca da sua própria

Dor.

E tão empenhado está nessa procura insana,

Que mal notou o Homem-Ambição

A ausência do seu invisível Protetor.

- Uma lágrima rolou dos olhos do Anjo...

- Um grito de angústia

nasceu em todo Homem chamado

AMOR.

Mas, a lágrima amorosa

Jorrou como mil estrelas

No caminho das Santas Criaturas.

E se fez bálsamo,

Na mente e no espírito

Do Homem-Ternura.

Esse é o Homem,

Que, às vezes, olha para o Firmamento.

E procura, no espaço infinito,

Os rastros do Anjo de Deus.

E de seus olhos,

Brotam lágrimas estreladas,

De dor e de Saudade,

Da sua Alma invisível,

Que se desprendeu,

Para não morrer.

Às vezes,

Parece que ambos se unem

- Anjo e Homem-Ternura -

por alguns instantes serenos,

quando Deus manifesta

a Sua Palavra

à Sua Criação

que se chama

AMOR.

Saleti Hartmann
Professora e Poeta
Cândido Godói-RS

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domingo, maio 31, 2020 - 09:04

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