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Ode para a rendição de uma infância perdida
Quando te vi, mãos erguidas sobre a nuca
como a implorar por tua já reprimida vida
Quando te vi, mirando fixamente a lente
como gatilho prestes a disparar de frente
Quando te vi, sem poder esboçar um grito
no simplório gesto de rendição, contrito
Quando te vi, no silêncio desarmado
no medo em tua face estampado
Quando te vi, senti desabar o que de humano
ainda havia neste mundo de valor tão profano
Quando te vi, desatei o nó no peito, e o choro
que tu não verteste está a irromper no rosto
Quando te vi, já não te restava infância
perdida ante a guerra secular e a infâmia
Quando te vi, tuas mãos deixaram um recado
a rendição cruel de tudo o que podia ser humano.
AjAraujo, poeta inspirado na foto desta menina síria, com o peito dolorido,
e os olhos em lágrimas, em 29 de março de 2015.
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